{"id":5030,"date":"2012-12-04T15:23:18","date_gmt":"2012-12-04T17:23:18","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.com.br\/?p=5030"},"modified":"2017-09-12T13:21:41","modified_gmt":"2017-09-12T16:21:41","slug":"julie-agosto-e-setembro-e-a-forca-do-cinema-goiano","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/julie-agosto-e-setembro-e-a-forca-do-cinema-goiano\/","title":{"rendered":"‘Julie, Agosto e Setembro’ e a for\u00e7a do cinema Goiano"},"content":{"rendered":"

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\nPrimeiro filme dirigido e roteirizado<\/strong> por Jarleo Barbosa<\/strong>, ex-aluno do curso de\u00a0Oficina Cr\u00edtica\u00a0<\/strong>da Academia Internacional de Cinema (AIC), Julie Agosto e Setembro<\/em>\u00a0j\u00e1 percorreu alguns dos principais festivais de cinema do pa\u00eds<\/strong>, entre eles:\u00a0 Gramado, Festival Internacional de SP, Festival Internacional de BH, Cine Cear\u00e1, Guarnic\u00ea, Curta Cinema do Rio e v\u00e1rios outros, al\u00e9m de duas exibi\u00e7\u00f5es na Europa<\/strong>. Nesse percurso, desde quando foi lan\u00e7ado no ano passado, j\u00e1 acumulou 15 pr\u00eamios<\/strong> em diferentes categorias, tais como: Melhor Roteiro<\/strong>, Melhor Filme<\/strong>, Melhor Edi\u00e7\u00e3o<\/strong>, Melhor Atriz<\/strong>, Melhor Dire\u00e7\u00e3o<\/strong>, entre outros.<\/p>\n

\"\"“Fico feliz de v\u00e1rias \u00e1reas do filme terem sido contempladas. Mas essa coisa de pr\u00eamio s\u00f3 significa algo num n\u00edvel muito superficial<\/strong>. Especialmente na hora que voc\u00ea ganha, no dia. Depois, no outro dia, voc\u00ea tem que pagar conta do mesmo jeito<\/strong>, voc\u00ea tem as mesmas defici\u00eancias enquanto cineasta etc. Fico feliz pelos pr\u00eamios que recebi<\/strong>, mas acho que o valor do filme est\u00e1 em outros aspectos intr\u00ednsecos<\/strong>, como\u00a0as rela\u00e7\u00f5es que ele estabelece com o mundo. Essa coisa de premia\u00e7\u00e3o \u00e9 sempre mediada por crit\u00e9rios e crit\u00e9rios muitas vezes arbitr\u00e1rios<\/strong>. Por exemplo, Cidad\u00e3o Kane <\/em>(de Orson Welles),<\/em> em 1941, e Laranja Mec\u00e2nica<\/em> (de Stanley Kubrick), em 1971, n\u00e3o ganharam os Oscar de melhor filme. O que absolutamente n\u00e3o altera o status desses filmes de obras primas, n\u00e9? “, explica Jarleo.<\/p>\n


\n<\/span><\/strong><\/span>\"\"O filme conta a hist\u00f3ria de Julie, uma garota su\u00ed\u00e7a\u00a0que acabou de se mudar pra Goi\u00e2nia<\/strong>. Pouco a pouco ela vai entendendo a cidade at\u00e9, por fim, se transformar em uma parte dela<\/strong>. Para dar mais realismo ao roteiro, Jarleo optou por todos di\u00e1logos\u00a0serem feitos em l\u00edngua francesa<\/strong>. Segundo o diretor, ele falar principalmente sobre n\u00e3o se sentir parte, sobre se sentir alheio. Sobre uma falta de v\u00ednculo com um lugar e com as pessoas<\/strong>, apesar do esfor\u00e7o de estreitamento desses la\u00e7os.<\/p>\n

\"\"“Precisava ser outra l\u00edngua porque eu queria acentuar essa coisa de se sentir estrangeiro<\/strong>. Eu precisava que as pessoas, ao assistirem o filme, sentissem um pouco dessa sensa\u00e7\u00e3o da personagem de estar meio perdida<\/strong>. Porque nossa l\u00edngua materna \u00e9 uma zona de conforto. \u00c9 uma coisa que te faz sentir em casa. Ent\u00e3o eu queria isso: que personagem e p\u00fablico estivessem fora de casa<\/strong>.”, diz o diretor.<\/p>\n

\n

Nesta semana, na sexta, 07\/12, \u00e0s 20h, o Julie, Agosto e Setembro<\/em> ser\u00e1 exibido no 7\u00ba FAIA – Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual<\/span><\/strong>, que acontece entre os dias 5 e 8 de dezembro<\/strong>. \u00c9 o 42\u00ba festival do filme! E claro que n\u00f3s da AIC estaremos torcendo<\/strong> para mais uma boa campanha!<\/p>\n

Confira abaixo a entrevista exclusiva<\/strong> com o diretor Jarleo Barbosa e o trailer<\/strong> de Julie, Agosto e Setembro<\/em>.<\/p>\n

AIC<\/strong><\/span> – Como surgiu a ideia do filme?<\/strong>
\n\"\"<\/strong><\/strong><\/span>Jarleo Barbosa<\/span> –<\/strong> Surgiu de um teste de c\u00e2mera<\/strong>. Meu amigo, o Emerson Maia<\/strong>, que tamb\u00e9m \u00e9 diretor de fotografia do filme<\/strong>, tinha acabado de comprar uma c\u00e2mera nova. E a\u00ed ele sugeriu que eu escrevesse um roteiro pra gente testar a c\u00e2mera<\/strong>. Isso era uma ter\u00e7a. Na segunda seguinte a gente tava rodando o filme. Ent\u00e3o n\u00e3o teve uma produ\u00e7\u00e3o muito elaborada. A gente chamou uns amigos e rodamos<\/strong>. Eu n\u00e3o tinha ideia que o filme ia virar o que virou. Foi um filme independente mesmo<\/strong>, no sentido mais puro do termo. T\u00e3o puro que a gente nem usava esse termo ‘independente’. A gente queria fazer um filme, juntamos as for\u00e7as e fizemos<\/strong>.\u00a0Toda a equipe \u00e9 de Goi\u00e1s<\/strong>, de gente que mora ou morava l\u00e1.<\/p>\n

AIC<\/strong><\/span>\u00a0– Apesar de morar h\u00e1 dois anos em S. Paulo voc\u00ea \u00e9 goiano da cidade de An\u00e1polis. Foi l\u00e1 em Goi\u00e1s que nasceu essa identifica\u00e7\u00e3o com o audiovisual? Como aconteceu?<\/strong>
\n\"\"Jarleo Barbosa<\/span>\u00a0–<\/strong>\u00a0Apesar de na minha inf\u00e2ncia meus pais terem sidos donos de uma video-locadora<\/strong>, nunca pensei em fazer cinema<\/strong>. Foi totalmente por acaso que eu entrei na \u00e1rea. Eu queria ser psic\u00f3logo<\/strong>. Estudei pra isso no vestibular e cheguei a come\u00e7ar o curso<\/strong>. Mas quando abriu o curso de R\u00e1dio e TV na UEG<\/strong> (Universidade Estadual de Goi\u00e1s), eu me interessei<\/strong>, prestei o vestibular e passei. S\u00f3 que ao fazer a matr\u00edcula descobri que o curso tinha passado por uma mudan\u00e7a na grade e n\u00e3o seria mais Radio e TV e sim Audiovisual<\/strong>. Com isso o cinema entrou mais forte<\/strong> na ementa. Ent\u00e3o isso me aproximou do cinema.\u00a0Eu comecei a trabalhar com cinema ainda na faculdade,<\/strong> em 2008, na \u00e1rea de som. Fiz muitos filmes nesse departamento. S\u00f3 com o Julie<\/em> que passei pra dire\u00e7\u00e3o e roteiro<\/strong>.<\/p>\n

\"\"AIC<\/strong><\/span>\u00a0– Logo depois, em 2010, voc\u00ea j\u00e1 fundou a sua produtora, a Panaceia Filmes<\/span>, n\u00e9? Como \u00e9 viver de cinema fora do eixo Rio-S\u00e3o Paulo, onde est\u00e3o os maiores investimentos na \u00e1rea?<\/strong>
\nJarleo Barbosa<\/span>\u00a0–<\/strong>\u00a0Sim.\u00a0A Panaceia surgiu antes de eu entrar na AIC, em 2011. A produtora surgiu em 2010<\/strong>. Ela \u00e9 formada por 4 s\u00f3cios que s\u00e3o egressos do primeiro curso de audiovisual da UEG<\/strong>, todos da primeira turma formada em audiovisual no estado.\u00a0Atualmente n\u00f3s estamos nesse desafio de viver de cinema em Goi\u00e1s<\/strong>. Como qualquer outra \u00e1rea de trabalho, pra se viver de cinema \u00e9 preciso diversificar os neg\u00f3cios<\/strong>. Ent\u00e3o n\u00f3s vivemos de cinema, mas em v\u00e1rios n\u00edveis. Al\u00e9m dos filmes que fazemos, seis at\u00e9 agora, temos uma revista de cinema<\/strong>:\u00a0a Janela<\/em><\/strong><\/span>; realizamos tamb\u00e9m uma mostra nas ruas de Goi\u00e2nia<\/strong> chamada Cinema na Cal\u00e7ada<\/span><\/em><\/strong>;\u00a0e estamos desenvolvendo um guia de distribui\u00e7\u00e3o de filmes<\/strong>, al\u00e9m de outros projetos. Tudo atrav\u00e9s de edital p\u00fablico com parceria com a iniciativa privada<\/strong>.<\/p>\n

AIC<\/span> – Como \u00e9 o mercado de cinema em Goi\u00e1s?
\n<\/strong>\"\"Jarleo Barbosa<\/span> –<\/strong> O cinema em Goi\u00e1s \u00e9 incipiente<\/strong>, mas est\u00e1 em franco crescimento<\/strong>. Ainda que question\u00e1veis, temos editais de fomento tanto em n\u00edvel estadual quanto municipal.\u00a0Existem festivais de cinema<\/strong>, como o FICA<\/em><\/strong> (Festival Internacional de Cinema Ambiental) o FESTCINE Goi\u00e2nia<\/em><\/strong> e o Goi\u00e2nia Mostra Curtas<\/em><\/strong>.\u00a0Al\u00e9m disso, temos curso de gradua\u00e7\u00e3o<\/strong> e p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o<\/strong> na \u00e1rea. Ou seja, estamos criando uma cultura de cinema l\u00e1<\/strong>. Existe uma nova safra de cr\u00edticos<\/strong>, o que \u00e9 super importante pra refletir nossa pr\u00f3pria produ\u00e7\u00e3o<\/strong>. Nossos filmes est\u00e3o cada vez mais percorrendo os festivais e o mercado tem se profissionalizado<\/strong>. Mas ainda \u00e9 aquela pen\u00faria de se fazer cinema fora do eixo Rio\/SP<\/strong>. Coisa que s\u00f3 que quem t\u00e1 fora do eixo entende.<\/p>\n

AIC<\/span> – Quais teus futuros projetos para o Julie e para tua carreira cinematogr\u00e1fica?<\/strong>
\n\"\"Jarleo Barbosa<\/strong><\/span> – Existe um projeto para o filme virar uma esp\u00e9cie de s\u00e9rie pra TV<\/strong>. Talvez aconte\u00e7a, mas minha vontade \u00e9 de contar outras hist\u00f3rias, fazer outras coisas<\/strong>. Fora isso, estou finalizando meu novo filme que se chama ‘Atr\u00e1s da hist\u00f3ria (ou No cora\u00e7\u00e3o do filme)’<\/strong> – veja abaixo o making of, com a equipe da Panaceia Filmes em a\u00e7\u00e3o. O lan\u00e7amento est\u00e1 previsto pro in\u00edcio de 2013<\/strong>. Vai ser o primeiro filme da produtora finalizado em 35mm<\/strong>. Eu tamb\u00e9m continuo como diretor da revista JANELA<\/em> e trabalhando nos outros projetos e filmes da Panaceia Filmes, em diversas fun\u00e7\u00f5es.\"\"<\/p>\n<\/div>\n

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AIC<\/span> – Como o curso que voc\u00ea fez na AIC contribuiu para sua profiss\u00e3o de diretor de cinema?<\/strong>
\nJarleo Barbosa<\/span> –<\/strong> Pra mim foi importante fazer o curso de Oficina Cr\u00edtica<\/span>\u00a0da AIC<\/strong>, com o professor Franthiesco Ballerini<\/strong><\/span>\u00a0porque tive acesso a uma reflex\u00e3o que antes n\u00e3o fazia<\/strong> parte do meu repert\u00f3rio. Ent\u00e3o foi um abrir de portas mesmo. Foi importante porque eu me interesso por arte e cr\u00edtica de uma maneira geral<\/strong>. E o cinema \u00e9 uma arte sincr\u00e9tica<\/strong>, que mistura v\u00e1rias outras manifesta\u00e7\u00f5es art\u00edsticas. Ent\u00e3o ter um curso de cr\u00edtica de arte foi importante pra entender melhor o cinema<\/strong> nesse seu car\u00e1ter h\u00edbrido.<\/p>\n

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Trailer de Julie, Agosto e Setembro<\/em><\/strong><\/span><\/h3>\n