{"id":29715,"date":"2024-02-26T18:49:08","date_gmt":"2024-02-26T21:49:08","guid":{"rendered":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/?p=29715"},"modified":"2024-02-26T18:49:08","modified_gmt":"2024-02-26T21:49:08","slug":"heitor-dhalia-na-semana-de-orientacao-aic","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/heitor-dhalia-na-semana-de-orientacao-aic\/","title":{"rendered":"Heitor Dhalia na Semana de Orienta\u00e7\u00e3o AIC"},"content":{"rendered":"

Encerramos a Semana de Orienta\u00e7\u00e3o 2024 com a palestra de Heitor Dhalia<\/a>, diretor<\/a> de DNA Do Crime<\/em>, Arcanjo Regenado<\/em>, Serra Pelada<\/em> e v\u00e1rios outros t\u00edtulos. Ele compartilhou com o p\u00fablico a sua jornada no cinema, com experi\u00eancias nacionais e internacionais. Tamb\u00e9m falou sobre a diferen\u00e7a na produ\u00e7\u00e3o entre o cinema de autor e o de audi\u00eancia, al\u00e9m de oferecer dicas valiosas a novos profissionais.<\/p>\n

Antes do in\u00edcio da palestra, o p\u00fablico p\u00f4de assistir ao filme O Cheiro do Ralo, <\/em>que o coroou como diretor e comemora 20 anos neste ano.<\/p>\n

Como come\u00e7ou o interesse pelo cinema?<\/strong><\/h2>\n

Heitor compartilhou que sua primeira experi\u00eancia no cinema foi como figurante aos 17 anos em Pernambuco. Durante a grava\u00e7\u00e3o, ele ficou observando o diretor Ruy Guerra<\/a> e, desde aquele momento, entendeu que queria seguir aquela profiss\u00e3o. Meses depois, gravou seu primeiro curta, que nunca chegou a ser editado<\/a>.<\/p>\n

Tempos depois, quis vir para S\u00e3o Paulo para estudar cinema. Deixou Recife e mudou-se para S\u00e3o Paulo, onde concretizou sua carreira.<\/p>\n

O Cheiro do Ralo: filme de Baixo Or\u00e7amento vira um cl\u00e1ssico do cinema <\/strong><\/h2>\n

Dhalia compartilhou como foi o seu processo de desenvolvimento de O Cheiro do Ralo<\/em>. Inspirado no livro hom\u00f4nimo de mesmo nome, escrito por Louren\u00e7o Mutarelli (2002). Dhalia leu o livro, <\/span>indicado\u00a0 por seu parceiro <\/span>Mar\u00e7al Aquino e <\/a>ficou impressionado com a hist\u00f3ria, uma narrativa ir\u00f4nica e obscura e, a partir disso, decidiu transform\u00e1-lo em filme.<\/span><\/p>\n

Ele contou sobre o seu processo de adapta\u00e7\u00e3o de livros em roteiros cinematogr\u00e1ficos. “Eu comprei canetas coloridas e fui dividindo, a\u00e7\u00e3o, di\u00e1logo e narrativa com cores diferentes”. Heitor compartilha que at\u00e9 hoje usa o mesmo m\u00e9todo.<\/p>\n

Demorou para encontrar apoiadores. Depois do interesse de Selton Mello<\/a> ele encontrou outros cinco produtores que embarcaram na produ\u00e7\u00e3o. O filme foi premiado na Mostra de Cinema de S\u00e3o Paulo e no Festival do Rio, al\u00e9m de ter sido selecionado para o Sundance Festival. Para ele, o segredo para os diretores \u00e9 confiarem na hist\u00f3ria que desejam contar e saber vender esse sonho para outros apoiadores.<\/p>\n

Diferen\u00e7a entre Cinema de Autor e Cinema de Audi\u00eancia<\/strong><\/h2>\n

Heitor revelou que realiza in\u00fameros trabalhos simultaneamente, mesclando sempre entre obras que se encaixam no cinema de audi\u00eancia e no cinema de autor.<\/p>\n

Para ele, essa experi\u00eancia do cinema de audi\u00eancia se concretizou tanto em Arcanjo Renegado (G<\/em>loboplay) quanto em DNA do Crime <\/em>(Netflix). Ambas as produ\u00e7\u00f5es foram sucesso internacional e, esta \u00faltima, ficou por dias entre o TOP 1 em 85 pa\u00edses.<\/p>\n

\u201cNa minha opini\u00e3o existe uma dicotomia, principalmente entre os estudantes de cinema, sobre o que \u00e9 cinema de autor, que supostamente seria um cinema mais sofisticado, em rela\u00e7\u00e3o ao cinema comercial. Eu acho uma falsa pol\u00eamica. A gente faz filme para pessoas e isso deveria bastar.”.<\/p>\n

\"palestra<\/p>\n

Qual foi o segredo do sucesso de DNA do Crime?<\/strong><\/h2>\n

A concep\u00e7\u00e3o da s\u00e9rie surgiu durante a pandemia, impulsionada pelo desejo de abordar o assalto a um banco e a domina\u00e7\u00e3o de bandidos em uma cidade. Heitor compartilhou com o p\u00fablico o processo de desenvolvimento da s\u00e9rie.<\/p>\n

“Primeiramente, iniciamos a fase de pesquisa para compreender o cen\u00e1rio do roubo. Chegamos ao assalto da Proguard, envolvendo a fronteira com o Paraguai, e a investiga\u00e7\u00e3o recebeu reconhecimento internacional. Posteriormente, contratamos consultores da PF e indiv\u00edduos com viv\u00eancia no crime, que serviram como colaboradores”, disse Dhalia.<\/p>\n

Para ele, a pesquisa com pessoas que vivem a realidade que vai ser contata \u00e9 essencial para o sucesso da s\u00e9rie. Por isso ela foi\u00a0 bem aceita pelo grande p\u00fablico, al\u00e9m de policiais e pessoas envolvidas no crime. Era uma s\u00e9rie nacional, com identidade brasileira, mas de interesse internacional.<\/p>\n

Heitor compartilhou mais uma dica para os novos criadores: “Quer aumentar a audi\u00eancia? Invista em g\u00eaneros. Crimes reais, novelas, com\u00e9dias, terror s\u00e3o muito atrativos.”<\/p>\n

Como construir bons roteiros?<\/strong><\/h2>\n

Para Dhalia, a \u00fanica forma de se ter um roteiro<\/a> bem apurado \u00e9 com muitas corre\u00e7\u00f5es. “O roteiro \u00e9 um processo muito rigoroso de constru\u00e7\u00e3o da narrativa. \u00c9 preciso ter cuidado na sinopse, argumento, lista de personagens, depois precisamos voltar ao argumento para entender a rela\u00e7\u00e3o entre esses personagens. Ap\u00f3s v\u00e1rias vers\u00f5es de cada um, come\u00e7a a escaleta e, depois de muitas corre\u00e7\u00f5es, temos o roteiro”.<\/p>\n

Ele refor\u00e7ou a import\u00e2ncia da pesquisa. “Precisamos mergulhar no universo que queremos contar, se apaixonar por ele, ler muito sobre, conhecer, prestar aten\u00e7\u00e3o, ter o trabalho de pesquisador e vivenciar as realidades”.<\/p>\n

Apesar disso, \u00e9 importante que o cinema tenha liberdade criativa, conte hist\u00f3rias questionadoras, coloque \u00e0 mostra as complexidades humanas. No entanto, \u00e9 preciso respeitar com verossimilhan\u00e7a o mundo que est\u00e1 sendo retratado, aquela realidade, as pessoas que ali vivem. Se n\u00e3o, a audi\u00eancia n\u00e3o vai comprar a hist\u00f3ria.<\/p>\n