{"id":29684,"date":"2024-02-21T19:01:01","date_gmt":"2024-02-21T22:01:01","guid":{"rendered":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/?p=29684"},"modified":"2024-02-21T19:01:01","modified_gmt":"2024-02-21T22:01:01","slug":"diretora-ana-carolina-marinho-na-semana-de-orientacao-2024","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/diretora-ana-carolina-marinho-na-semana-de-orientacao-2024\/","title":{"rendered":"Diretora Ana Carolina Marinho na Semana de Orienta\u00e7\u00e3o 2024"},"content":{"rendered":"
O segundo dia da Semana de Orienta\u00e7\u00e3o recebeu a roteirista, diretora, atriz, escritora e ex-aluna do curso de Interpreta\u00e7\u00e3o<\/a> da AIC, Ana Carolina Marinho<\/strong>, para um bate-papo sobre o seu processo criativo e como ser uma profissional multitarefas na ind\u00fastria audiovisual.<\/p>\n Ana iniciou sua palestra compartilhando sobre a sua vinda de Natal (RN) para S\u00e3o Paulo com o desejo de se tornar atriz. Ao chegar, conheceu o teatro documental e aprofundou-se em aprender a contar hist\u00f3rias reais. Nesse per\u00edodo, foi convidada pelo ex-aluno do filmworks<\/a> e diretor Cristiano Burlan<\/strong><\/a> para atuar em Hamlet<\/a> e, a partir de ent\u00e3o, come\u00e7ou a sua carreira no audiovisual.<\/p>\n A diretora<\/a> foi bastante sincera sobre os desafios enfrentados durante a concep\u00e7\u00e3o dos seus filmes, principalmente no que tange os aspectos financeiros. Para ela, os realizadores n\u00e3o devem romantizar os filmes de baixo or\u00e7amento, por\u00e9m n\u00e3o podem deixar de contar as suas hist\u00f3rias esperando a quantia ou o momento ideal.<\/p>\n \u201cN\u00e3o d\u00e1 para esperar a situa\u00e7\u00e3o ideal para come\u00e7ar a produzir. N\u00e3o estou romantizando a quest\u00e3o de fazer filmes com pouco dinheiro, mas, n\u00e3o podemos n\u00e3o produzi-los.\u00a0 Na minha trajet\u00f3ria quase nunca deu para fazer filmes nas situa\u00e7\u00f5es ideais\u201d.<\/p>\n Para ela, um filme que saiu dessa curva foi M\u00e3e<\/em>, de Cristiano Burlan<\/strong>, no qual ela assinou o roteiro<\/a>. M\u00e3e<\/em> \u00e9 o filme mais convencional, pois seguiu essa regra do cinema feito por editais. Todos os outros foram feitos na Guerrilha. E mesmo assim ele \u00e9 considerado um filme de baixo or\u00e7amento, que s\u00e3o 2 milh\u00f5es de reais, o que \u00e9 engra\u00e7ado porque eu estava acostumada com filmes de 10 mil\u201d.<\/p>\n Ana Carolina estreou como diretora de longa-metragem no filme \u201cEu tamb\u00e9m n\u00e3o Gozei\u201d, que estreou na 27\u00aa Mostra de Tiradentes<\/a>. Ela dividiu sobre como a hist\u00f3ria surgiu, quando soube que uma amiga estava gr\u00e1vida e com 4 homens podendo ser o pai. Quando ela soube da hist\u00f3ria, surgiu o interesse em fazer um filme e, logo na semana seguinte, come\u00e7aram as filmagens.<\/p>\n \u201cN\u00e3o t\u00ednhamos tempo para edital, j\u00e1 est\u00e1vamos no terceiro m\u00eas de gesta\u00e7\u00e3o. N\u00e3o sabia o que seria do filme, ele foi se desenrolando no processo de gravidez dela. Poderia virar um curta-metragem ou um longa. N\u00e3o sab\u00edamos quando e como ele iria terminar\u201d.<\/p>\n Sem um roteiro pr\u00e9-estabelecido, Ana compartilhou que as filmagens eram pensadas em cima do cronograma mensal de Leticia Bassit<\/strong>, personagem principal, e, a partir da\u00ed, iam desenhando o que poderia ser interessante para o filme.<\/p>\n Sobre a falta da presen\u00e7a f\u00edsica das figuras masculinas no filme e no desafio de abordar um assunto denso e bastante presente na sociedade, como abandono parental, ela diz que a n\u00e3o fisicalidade dessas figuras foi feita de maneira estrat\u00e9gica, mostrando a aus\u00eancia deles durante aquela gesta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n \u201cA aus\u00eancia dos pais \u00e9 a presen\u00e7a deles no filme, ent\u00e3o n\u00e3o tem rosto e n\u00e3o tem nome, a aus\u00eancia \u00e9 sentida do in\u00edcio ao fim. Isso \u00e9 uma escolha est\u00e9tica e pol\u00edtica porque quer\u00edamos transformar essa aus\u00eancia em linguagem, mas tamb\u00e9m \u00e9 o que era poss\u00edvel\u201d, respondeu Ana Carolina.<\/p>\n Algumas das perguntas feitas pelo p\u00fablico foram como driblar situa\u00e7\u00f5es enfrentadas pelas mulheres em um mercado ainda monopolizado por homens.<\/p>\n Para Ana Carolina, o machismo existe, por\u00e9m n\u00e3o foi o principal fator que a esbarrou em seus trabalhos. Para ela, o fato de ser nordestina a tirou de mais locais e oportunidades.<\/p>\n \u201cMais do que ser mulher, \u00e9 ser nordestina. Minhas alian\u00e7as foram fundamentais para me proteger de muitas situa\u00e7\u00f5es. O fato de ser nordestina, apesar de n\u00e3o estar no estigma nordestino, que cruza quest\u00f5es raciais, fez com que a minha fala me retirasse de muitos lugares. Isso \u00e9 algo que eu tenho consci\u00eancia e vivi muito nessa cidade\u201d.<\/p>\n Segunda Ana Carolina, ela viveu a misoginia escancarada durante o Festival de Tiradentes ao ouvir coment\u00e1rios, como \u201cse bem que ela (a protagonista) poderia ter pedido para os homens usarem camisinha\u201d ou \u201cesse filho a\u00ed \u00e9 meu, vou cobrar paternidade\u201d. Ana compartilhou que ela e toda a equipe ficaram paralisadas e horrorizadas com os coment\u00e1rios, sem saber como reagir.<\/p>\n <\/p>\n Para aumentar a representatividade de mulheres no audiovisual, ela sugeriu que as mulheres participem de editais e festivais voltados para realizadoras, pois muitos desses eventos promovem debates e di\u00e1logos, oferecendo oportunidades para conhecer outras profissionais. Al\u00e9m disso, destaca a import\u00e2ncia de estabelecer parcerias e construir alian\u00e7as, permitindo sinalizar se algum amigo(a) ultrapassou determinados limites.<\/p>\n Um dos festivais recomendados por ela \u00e9 o Cine Marias, em Vit\u00f3ria (ES), que n\u00e3o apenas promove debates, mas tamb\u00e9m se preocupa com a capacita\u00e7\u00e3o das mulheres. A discuss\u00e3o inclui a aus\u00eancia de figuras femininas liderando equipes criativas e a predomin\u00e2ncia de mulheres na dire\u00e7\u00e3o de document\u00e1rios<\/a> em compara\u00e7\u00e3o com a fic\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n Realidade de muitos profissionais do audiovisual, Ana Carolina \u2013 que come\u00e7ou na atua\u00e7\u00e3o \u2013 percebeu que teria que desenvolver seus pr\u00f3prios projetos para conseguir permanecer na \u00e1rea. \u201cQuando eu migrei eu n\u00e3o cumpria uma s\u00e9rie de expectativas para me encaixar no projeto de outras pessoas, ent\u00e3o entendi que precisaria construir meus personagens para me encaixar e comecei a produzir meus pr\u00f3prios projetos\u201d.<\/p>\n Para ela, uma situa\u00e7\u00e3o inusitada \u00e9 trabalhar em uma s\u00f3 \u00e1rea, como \u00e9 o caso de ser roteirista em um longa-metragem de anima\u00e7\u00e3o de uma grande produtora, que ela preferiu n\u00e3o entrar em detalhes.<\/p>\n <\/p>\n O processo de roteirizar \u00e9 visualizar o filme na sua cabe\u00e7a. Para Ana Carolina, o roteirista deve ser cauteloso para n\u00e3o invadir a fun\u00e7\u00e3o e a criatividade de outros profissionais, como diretores e diretores de fotografia. \u201cNenhum roteiro que eu fa\u00e7o tem planos, eu simplesmente descrevo a cena. Esse \u00e9 meu processo, eu penso em tudo, mas n\u00e3o coloco o que cada fun\u00e7\u00e3o deve fazer. Se voc\u00ea \u00e9 roteirista, eu acho de bom tom e generoso dar espa\u00e7o para os diretores e diretores de fotografia pensarem e decuparem com os seus olhares\u201d.<\/p>\n Al\u00e9m disso, ela defende a fun\u00e7\u00e3o da montagem para al\u00e9m de s\u00f3 editar o material, mas como um novo filme contado. \u201cA montagem n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 uma edi\u00e7\u00e3o<\/a> de como foi roteirizado, a montagem pode mudar o filme inteiro e precisamos dar espa\u00e7o para outras pessoas criarem e constru\u00edrem\u201d.<\/p>\n <\/p>\nComo produzir filmes com baixo or\u00e7amento?<\/strong><\/h2>\n
Filme destaque na Mostra de Tiradentes<\/strong><\/h2>\n
Machismo no Audiovisual <\/strong><\/h2>\n
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Mais mulheres no audiovisual<\/strong><\/h2>\n
Assumir diferentes fun\u00e7\u00f5es em um set de filmagem <\/strong><\/h2>\n
Como \u00e9 o processo de constru\u00e7\u00e3o de um roteiro<\/strong><\/h2>\n
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Semana de Orienta\u00e7\u00e3o <\/strong><\/h3>\n
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\n17h30 exibi\u00e7\u00e3o de \u201cCine Marrocos\u201d
\n19h bate-papo\u00a0com\u00a0o Roteirista e Diretor<\/li>\n
\n17h exibi\u00e7\u00e3o de \u201cO Cheiro do Ralo\u201d
\n19h bate-papo com o Diretor<\/li>\n<\/ul>\n