{"id":27662,"date":"2022-05-26T17:42:01","date_gmt":"2022-05-26T20:42:01","guid":{"rendered":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/?p=27662"},"modified":"2022-05-27T10:54:52","modified_gmt":"2022-05-27T13:54:52","slug":"entrevista-com-o-character-designer-kapel-furman-mago-do-cinema-fantastico","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/entrevista-com-o-character-designer-kapel-furman-mago-do-cinema-fantastico\/","title":{"rendered":"Entrevista com o character designer Kapel Furman, o mago do cinema fant\u00e1stico"},"content":{"rendered":"
O Cineasta, animador e character designe Kapel Furman<\/strong> \u00e9 reconhecido e premiado por seu experimentalismo cinematogr\u00e1fico no g\u00eanero fant\u00e1stico. Ele trabalha com cinema desde 97. Com cr\u00e9ditos em mais de 75 longas, Kapel j\u00e1 foi indicado ao pr\u00eamio de Melhores Efeitos Especiais da Academia Brasileira de Cinema pelos filmes “O Cheiro do Ralo”, “Encarna\u00e7\u00e3o do Dem\u00f4nio” e “Br\u00f3der”. O curta “06 tiros, 60ml” foi agraciado com o pr\u00eamio Buenos Aires Rojo Sangre de melhores efeitos especiais; e o premiado “S.W.Metaxu”, foi exibido em v\u00e1rios festivais, como o cl\u00e1ssico Festival de Sitges.<\/p>\n A AIC bateu um papo com Furman, que fala sobre sua experi\u00eancia com o g\u00eanero Fant\u00e1stico. E, para quem quer se aprofundar no tema, o cineasta gravou um v\u00eddeo sobre personagens fant\u00e1sticos para o #proac2021, dispon\u00edvel no Canal do YouTube da AIC –\u00a0 confira abaixo da entrevista.<\/p>\n AIC – Conte o que \u00e9 o Universo Fant\u00e1stico. O que o caracteriza? <\/p>\n AIC – Como criar\/construir personagens para esse universo? O nosso c\u00e9rebro est\u00e1 sempre procurando l\u00f3gica e padr\u00f5es, e quando o espectador encontra uma quebra na l\u00f3gica desse universo h\u00e1 a chance de a imers\u00e3o ser interrompida.<\/p>\n Mas isso n\u00e3o \u00e9 uma regra e nem \u00e9 obrigat\u00f3rio, a vantagem do g\u00eanero fant\u00e1stico \u00e9 a que se voc\u00ea quiser criar um mundo nonsense, voc\u00ea est\u00e1 livre para isso.<\/p>\n No final das contas a personagem precisa de personalidade e identifica\u00e7\u00e3o, mesmo vil\u00f5es precisam conquistar o carisma de quem est\u00e1 seguindo a hist\u00f3ria, sendo ela real ou fant\u00e1stica.<\/p>\n <\/p>\n AI C – Conte um pouco sobre personagens que voc\u00ea j\u00e1 criou e sobre seu processo de cria\u00e7\u00e3o. Tamb\u00e9m, pensando em um mercado internacional, uma personagem que visualmente atra\u00eda a curiosidade do espectador. Com um visual que seja reconhec\u00edvel e faz com que voc\u00ea queira conhecer sua hist\u00f3ria.<\/p>\n Nesse sentido, o T\u2019Uxlu, a personagem de \u201cSkull: A M\u00e1scara de Anhang\u00e1\u201d(Skull: The Mask) acaba sendo uma personagem que exemplifica bem isso, tanto na hora de apresentar o projeto com o pitching em um mercado cinematogr\u00e1fico, quanto na hora de vender o filme internacionalmente, o desenho da personagem foi um fator chave no processo.<\/p>\n Ame ou odeie, o espectador quer conhecer sua hist\u00f3ria.<\/p>\n <\/p>\n AIC – Quais s\u00e3o os seus personagens fant\u00e1sticos preferidos do cinema? Por que? Isso porque os aspectos visuais que as HQs trazem me interessam muito, a inova\u00e7\u00e3o criativa.<\/p>\n Em termos de design, o Exterminador do Futuro e Predador (ambos dos est\u00fadios do Stan Winston) junto com Robocop, para mim s\u00e3o os que melhor capturaram as bases de constru\u00e7\u00e3o que s\u00e3o importantes para mim, construir uma hist\u00f3ria atrav\u00e9s de \u00edcones e s\u00edmbolos visuais, se comunicar sem precisar dizer uma palavra.<\/p>\n E o Godzilla, porque \u00e9 o Godzilla.<\/p>\n <\/p>\n AIC – Qual o conselho que daria para quem quer entrar no mundo da dire\u00e7\u00e3o de arte em especial na caracteriza\u00e7\u00e3o de personagem? Em segundo lugar, entender muito sobre a m\u00eddia para a qual seu trabalho est\u00e1 destinado. Se for cinema, compreender todas as fun\u00e7\u00f5es que envolvem a produ\u00e7\u00e3o de um filme, porque no final o resultado de seu trabalho vai estar inerentemente atrelado a esse conjunto.<\/p>\n E, por \u00faltimo, se manter atualizado sobre t\u00e9cnicas e materiais, n\u00e3o adianta criar a melhor personagem do mundo se ela n\u00e3o pode ser feita na pr\u00e1tica.<\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n<\/p>\n
Entrevista<\/h2>\n
\n<\/strong>KF –<\/strong> G\u00eanero fant\u00e1stico \u00e9 quando se tem a necessidade de se extrapolar a realidade para se contar uma hist\u00f3ria. Quando a realidade como conhecemos n\u00e3o \u00e9 suficiente. Isso n\u00e3o quer dizer que o assunto tratado \u00e9 um escapismo da realidade, pode at\u00e9 ser, mas muitas vezes o fant\u00e1stico \u00e9 um artif\u00edcio usado para se tratar temas reais muito s\u00e9rios.<\/p>\n
\n<\/strong>KF –<\/strong> Justamente porque se est\u00e1 construindo um novo universo esse universo precisa ter regras para ser conciso, e o mesmo se aplica as personagens que habitam esse mundo.<\/p>\n
\n<\/strong>KF –<\/strong> Eu procuro sempre visualizar uma personagem dentro de um contexto transmidia. \u00c9 um pensamento meio ut\u00f3pico porque, proporcionalmente na produ\u00e7\u00e3o mundial, s\u00e3o poucas as personagens que ganham o status de estarem presentes em diversas m\u00eddias na sua hist\u00f3ria, mas pode acontecer e ajuda se a personagem for pensada nessa linha. Funcionar bem como uma HQ, como um videogame e como cinema, \u00e9 um sinal de que a personagem tem uma estrutura identific\u00e1vel independentemente da m\u00eddia usada.<\/p>\n
\n<\/strong>KF –<\/strong> Em geral, acabam sendo adapta\u00e7\u00f5es de outras m\u00eddias para o cinema, principalmente das HQs, como The Maxx, Sin City e Hellboy. Mas pode ser algo que espelhe essa referencia, como Darkman por exemplo, que \u00e9 a melhor adapta\u00e7\u00e3o de um HQ para o cinema sem ter sido uma HQ antes.<\/p>\n
\n<\/strong>\u00a0KF –<\/strong> Seria, em primeiro lugar, construir uma base de refer\u00eancias do que j\u00e1 foi feito nas diversas m\u00eddias. Saber no que os outros j\u00e1 trabalharam, no passado e no presente, \u00e9 algo bem importante para se entender erros e acertos, e para se ter a no\u00e7\u00e3o que, no cinema, depois de 120 anos, provavelmente tudo j\u00e1 foi feito.<\/p>\nPara saber mais assista o v\u00eddeo:<\/h3>\n