Mas ser\u00e1 que existem motivos para os sucessivos cortes de or\u00e7amento e modifica\u00e7\u00f5es em leis e editais<\/strong> que beneficiam a cultura no pa\u00eds? Qual \u00e9 o custo financeiro e social do cinema brasileiro e como ele retorna benef\u00edcios \u00e0 sociedade?<\/p>\n Neste artigo, vamos tentar responder a algumas dessas quest\u00f5es. Para tal, examinaremos a performance dos filmes brasileiros<\/a> em eventos internacionais recentes, em especial no Sundance e no Festival de Berlim. Continue a leitura!<\/p>\n Qualquer apreciador da S\u00e9tima Arte sabe o que representa o Festival de<\/em> Sundance<\/em><\/a>, um dos mais importantes do mundo. A edi\u00e7\u00e3o de 2019 do evento, realizada no estado de Utah, nos Estados Unidos, selecionou 4 produ\u00e7\u00f5es brasileiras para figurarem entre seus 12 filmes concorrentes<\/strong>.<\/p>\n A quantidade expressiva dos filmes nacionais n\u00e3o \u00e9 novidade na hist\u00f3ria do festival. O evento, fundado em 1978 pelo ator Robert Redford, j\u00e1 premiou 9 filmes brasileiros e contou com incont\u00e1veis selecionados do pa\u00eds.<\/p>\n Entre os premiados, podemos citar “Central do Brasil” (1996), “Amores Poss\u00edveis” (2001) e “Que Horas Ela Volta”? (2015), apenas para ficar com alguns dos mais recentes.<\/p>\n No Festival de Berlim<\/a>, em 2019, Eliza Capai foi premiada pelo longa “Espero a Tua (re)Volta”. J\u00e1 “Bixa Travesti<\/a>“, de Cl\u00e1udia Priscilla e Kiko Goifman (professor da AIC), foi agraciado como melhor document\u00e1rio com tem\u00e1tica LGBTQI+. Na mesma tem\u00e1tica, o filme “Tinta Bruta”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, foi premiado como melhor longa.<\/p>\n Esses s\u00e3o alguns n\u00fameros que ilustram o sucesso das nossas produ\u00e7\u00f5es no exterior. Mas e quanto ao retorno do dinheiro p\u00fablico aplicado em projetos e entidades financiadoras do audiovisual? \u00c9 sobre esse assunto que vamos tratar a seguir.<\/p>\n A Lei Rouanet, alvo preferido das investidas do governo federal, n\u00e3o se aplica \u00e0 produ\u00e7\u00e3o cinematogr\u00e1fica brasileira. Esse setor tem um fundo pr\u00f3prio, apelidado de Lei do Audiovisual pelos artistas, mas cujo nome t\u00e9cnico \u00e9 Fundo Setorial do Audiovisual<\/a>.<\/p>\n Operado pela Ancine (Ag\u00eancia Nacional do Cinema), o fundo concede isen\u00e7\u00e3o fiscal a empresas em troca de apoio financeiro a filmes nacionais<\/strong>, entre outras a\u00e7\u00f5es. Essas empresas, ao patrocinarem os artistas, ganham tamb\u00e9m com publicidade, uma vez que seu logotipo \u00e9 exibido nas produ\u00e7\u00f5es que ajudaram a financiar.<\/p>\n Segundo artigo da Revista Exame<\/a>, as oportunidades de ganhos ao apostar nas produ\u00e7\u00f5es cinematogr\u00e1ficas nacionais n\u00e3o param por a\u00ed. Tamb\u00e9m \u00e9 poss\u00edvel conseguir participa\u00e7\u00f5es em lucros advindos de sua exibi\u00e7\u00e3o e venda.<\/p>\n Tantas op\u00e7\u00f5es de faturamento n\u00e3o s\u00e3o \u00e0 toa: o audiovisual brasileiro gera empregos e movimenta a economia. Segundo o site de not\u00edcias G1<\/a>, em 2017, a Lei do Audiovisual alcan\u00e7ava um retorno de R$5,00 para cada R$1,00 investido, al\u00e9m de empregar 250 mil pessoas<\/strong>.<\/p>\n Para que voc\u00ea tenha uma ideia da grandeza desses n\u00fameros, isso significa dizer que h\u00e1 mais empregos e gera\u00e7\u00e3o de renda por meio do cinema do que pelas ind\u00fastrias t\u00eaxteis ou farmac\u00eauticas brasileiras.<\/p>\n A Ancine \u00e9 um \u00f3rg\u00e3o subordinado ao governo federal. Sua fun\u00e7\u00e3o \u00e9 de ag\u00eancia reguladora das produ\u00e7\u00f5es audiovisuais<\/strong> do pa\u00eds. Ela tem como atribui\u00e7\u00f5es, portanto, fomentar, regular e fiscalizar as obras cinematogr\u00e1ficas e audiovisuais no geral.<\/p>\n O \u00f3rg\u00e3o foi institu\u00eddo em 2001, durante a presid\u00eancia de Fernando Henrique Cardoso. Hoje, a Ancine adquiriu autonomia administrativa e financeira.<\/p>\n A Ag\u00eancia participa ativamente da sele\u00e7\u00e3o e da indica\u00e7\u00e3o dos filmes que concorrem a premia\u00e7\u00f5es dentro e fora do Brasil. Ademais, uma iniciativa adotada em 2019 deu vida ao Registro de Participa\u00e7\u00e3o e Premia\u00e7\u00e3o em Festivais (RPPF)<\/a>. Como o nome indica, ele mant\u00e9m informa\u00e7\u00f5es sobre as produ\u00e7\u00f5es e seus detalhes t\u00e9cnicos, por exemplo, minutagem e formatos.<\/p>\n A principal fun\u00e7\u00e3o do RPPF \u00e9 desburocratizar a participa\u00e7\u00e3o nos editais, mantendo um banco de dados em que exista um cadastro \u00fanico para todos eles. Posteriormente, \u00e9 feita a adequa\u00e7\u00e3o das propostas art\u00edsticas aos editais considerados mais semelhantes.<\/p>\n Com o corte dos apoios financeiros realizado recentemente \u2014 que afeta tanto a Ancine quanto a Lei do Audiovisual \u2014, os artistas perderam o acesso a esse processo acelerado e tamb\u00e9m a diversos outros benef\u00edcios, como \u00e9 o caso do Pr\u00eamio Adicional de Renda<\/a> e do Programa de Incentivo \u00e0 Qualidade<\/a>.<\/p>\n Al\u00e9m disso, a ag\u00eancia tamb\u00e9m oferece incentivos financeiros para que produ\u00e7\u00f5es nacionais participem de diversos festivais fora do pa\u00eds. Sem esses incentivos, pode acontecer de um filme ser selecionado e n\u00e3o conseguir custear suas despesas de participa\u00e7\u00e3o em eventos no exterior.<\/p>\n Uma coisa \u00e9 certa: o cinema nacional realmente promove retorno social e financeiro ao pa\u00eds<\/strong>. Como demonstrado ao longo deste artigo, ele gera renda para milhares de pessoas, movimenta a economia do setor art\u00edstico e produz riqueza cultural e financeira para o Brasil. Logo, motivos n\u00e3o faltam para que os investimentos na \u00e1rea retornem a todo vapor. Enquanto isso n\u00e3o acontece, os artistas seguem buscando a iniciativa privada para custear as suas despesas.<\/p>\n Por fim, destaca-se que, embora seja tamb\u00e9m um neg\u00f3cio lucrativo para o setor privado do pa\u00eds, o cinema \u00e9 um investimento de ouro para o Estado e, enquanto bem cultural, um direito da popula\u00e7\u00e3o brasileira.<\/p>\n Se voc\u00ea quiser continuar tendo acesso a outros artigos que explicam a situa\u00e7\u00e3o do cinema brasileiro nos festivais internacionais, as rela\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas no setor art\u00edstico e outros assuntos relacionados, n\u00e3o deixe de assinar a nossa newsletter. Assim, poder\u00e1 ser avisado por e-mail toda vez que um post novo aparecer!<\/p>\nO cinema brasileiro nos festivais internacionais<\/h2>\n
O retorno dos investimentos no audiovisual<\/h2>\n
O que faz a Ag\u00eancia Nacional do Cinema (Ancine)<\/h2>\n
Como os cortes de verbas comprometem as participa\u00e7\u00f5es<\/h2>\n
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