{"id":21743,"date":"2019-07-10T16:08:50","date_gmt":"2019-07-10T19:08:50","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=21743"},"modified":"2019-12-18T11:53:31","modified_gmt":"2019-12-18T13:53:31","slug":"aic-15-anos-de-historia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/aic-15-anos-de-historia\/","title":{"rendered":"AIC: 15 anos de hist\u00f3ria"},"content":{"rendered":"

A AIC celebra uma jornada criativa de 15 anos, com uma hist\u00f3ria que acompanha e se mistura ao crescimento do mercado audiovisual\u00a0<\/strong><\/em><\/p>\n

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2007: O ano come\u00e7a com uma Semana de Orienta\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica, que reuniu alguns dos melhores diretores e profissionais de cinema da America Latina, com filas de dar volta na quadra para a palestra a diretora argentina Lucrecia Martel, que acabou dando uma palestra extra no mesmo dia, e com palestras de grandes cineastas brasileiros: Philippe Barcinski, Karim A\u00efnouz, Lili Caffe, Paulo Morelli, Jefferson D, Lina Chamie, Rog\u00e9rio Guidette, Felipe Lacerda, Katia Coelho, Andrea Tonacci, Jorge Bodanzky.<\/figcaption><\/figure>\n

O ano era 2004 e acabava de ser inaugurada em Curitiba\/PR uma escola de cinema inovadora no pa\u00eds: a Academia Internacional de Cinema (AIC). Trazendo para o Brasil uma equipe de professores do mercado audiovisual, com carreiras internacionais e repert\u00f3rios variados, a escola se propunha a desenvolver um programa profissionalizante, voltado \u00e0 pr\u00e1tica, no qual os alunos pudessem realmente vivenciar a din\u00e2mica de um set de filmagem.<\/p>\n

A primeira turma da AIC agregou alunos dos mais diversos estados, todos com o mesmo objetivo: ingressar no mercado audiovisual. \u201cEu n\u00e3o tinha a menor inten\u00e7\u00e3o de abrir uma escola do tamanho da que temos agora. T\u00ednhamos a ideia de criar um conservat\u00f3rio de cinema no Brooklyn, em Nova York, antes de recebermos o convite para desenvolver nosso projeto em Curitiba\u201d, diz o norte-americano Steven Richter, cofundador e diretor de desenvolvimento da AIC.<\/p>\n

Na \u00e9poca, Curitiba oferecia alguns incentivos interessantes para a \u00e1rea das artes. \u201cQuando chegamos \u00e0 cidade, vimos que, apesar de algumas pessoas entusiasmadas com o projeto \u2014 como por exemplo, o ex-governador Jaime Lerner, que \u00e9 um not\u00f3rio cin\u00e9filo e que nos recebeu com muita simpatia \u2014 n\u00e3o t\u00ednhamos muito apoio da comunidade pol\u00edtica e art\u00edstica local, talvez por sermos percebidos como outsiders<\/em>\u201d, explica Fl\u00e1via Rocha, cofundadora da escola e diretora de comunica\u00e7\u00e3o. \u201cDe qualquer forma, montamos a AIC (ent\u00e3o AICC \u2013 com o \u201cC\u201d de Curitiba) sem nenhum recurso p\u00fablico, apostando todas as fichas no potencial da escola e em sua capacidade de se autossustentar\u201d.<\/p>\n

De acordo com Steven, em seu in\u00edcio a escola em Curitiba manteve muitos dos elementos da vis\u00e3o original, que inclu\u00eda um primeiro ano de estudos chamado Craft, seguido por outro ano em um laborat\u00f3rio de produ\u00e7\u00e3o dos pr\u00f3prios alunos (Lab 2), no qual eles poderiam ter experi\u00eancias de trabalho. Ao mesmo tempo, a Lab 1 seria uma empresa produtora, em que os professores trabalhariam e os alunos atuariam como estagi\u00e1rios.<\/p>\n

\u201cMas o que descobrimos, ao chegar em Curitiba, \u00e9 que as pessoas realmente precisavam de uma escola de cinema pr\u00e1tica, porque na \u00e9poca n\u00e3o existiam no Brasil cursos voltados para a forma\u00e7\u00e3o profissional fora do espa\u00e7o das universidades, cursos que fossem mais extensos do que workshops\u201d, explica.<\/p>\n

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2004: Primeira Turma do Filmworks, ainda em Curitiba, com o diretor e professor Fernando Severo. A Academia Internacional de Cinema abre suas portas – sob o nome Academia Internacional de Cinema de Curitiba – no dia 5 de agosto de 2004, com uma aula inaugural do diretor e fot\u00f3grafo Carlos Ebert, e o fot\u00f3grafo polon\u00eas Grzegorz Kedzierski, professor da renomada escola de cinema de L\u00f3dz.<\/figcaption><\/figure>\n

A car\u00eancia de ensino pr\u00e1tico ou t\u00e9cnico na \u00e1rea audiovisual, nos moldes propostos pela Academia Internacional de Cinema e tendo como foco a forma\u00e7\u00e3o de profissionais, foi o fator decisivo para lan\u00e7ar o empreendimento no pa\u00eds. \u201cVimos uma grande oportunidade de desenvolver um trabalho que tivesse impacto. T\u00ednhamos uma vis\u00e3o \u2014 e agora t\u00ednhamos que convencer \u2018o mundo\u2019 de que era poss\u00edvel montar uma escola de cinema no Brasil. O mercado estava come\u00e7ando a dar os primeiros sinais de retomada. Ent\u00e3o, n\u00e3o podia ser um momento melhor\u201d, conta Fl\u00e1via.<\/p>\n

Um ano e meio depois da abertura da escola em Curitiba, com os cursos j\u00e1 bem formatados e uma rede de relacionamentos maior, a AIC migrou para a capital paulista. \u201cFoi l\u00e1 que a AIC floresceu. Mesmo uma cidade imensa como S\u00e3o Paulo carecia de uma escola pr\u00e1tica na \u00e1rea de cinema\u201d, diz Fl\u00e1via. Essa expans\u00e3o para outros estados (inclusive com a abertura da filial no Rio de Janeiro, em 2015) est\u00e1 no DNA da escola. \u201cLembro que, no meu discurso na festa de abertura da AIC em Curitiba, eu disse que esperava que um dia fossemos vistos n\u00e3o como loucos em tentar fomentar o cinema no Brasil, mas como vision\u00e1rios. Eu imaginava que pud\u00e9ssemos ir al\u00e9m, mas para onde exatamente, era dif\u00edcil de saber com precis\u00e3o naquele momento\u201d.<\/p>\n

Desafios e conquistas<\/strong><\/h3>\n

Um dos maiores obst\u00e1culos, de acordo com Steven, foi lidar com a burocracia. \u201cAlgum dia ainda vou escrever um livro sobre fazer neg\u00f3cios no Brasil. \u00c9 muito diferente dos Estados Unidos: muito mais burocracia, com leis que n\u00e3o apoiam os empreendedores. Fora isso, acredito que um dos maiores desafios foi ter criado a escola n\u00e3o como empres\u00e1rio ou administrador, mas como cineasta e educador. Tive muito a aprender. E o que aprendi, rapidamente, foi que precisava contratar pessoas que soubessem mais do que eu, cada um em suas \u00e1reas espec\u00edficas\u201d.<\/p>\n

\"Vencedores
2018: Vencedores da nona edi\u00e7\u00e3o do Filmworks Film Festival de S\u00e3o Paulo – festival exclusivo da escola.<\/figcaption><\/figure>\n

Para Fl\u00e1via, enfrentar uma grande dose de riscos \u00e9 um processo natural de quem busca empreender. No entanto, tudo se torna ainda mais complicado quando se trata de cultura e educa\u00e7\u00e3o, \u00e1reas normalmente atreladas a flutua\u00e7\u00f5es pol\u00edticas: \u201cMesmo que a AIC opere de forma independente, ela faz parte de um mercado audiovisual fundamentado num projeto amplo que tem alicerces nas pol\u00edticas p\u00fablicas\u201d.<\/p>\n

Ela acredita que um dos momentos mais desafiadores da hist\u00f3ria da AIC talvez seja o atual. \u201cTemos uma ind\u00fastria s\u00f3lida e muito produtiva que enfrenta incertezas no campo pol\u00edtico. Como todo mercado, confian\u00e7a do consumidor, do produtor, do distribuidor, do investidor no setor \u00e9 fundamental para gerar neg\u00f3cios e fazer a roda girar. Mas a crise n\u00e3o est\u00e1 circunscrita ao setor audiovisual, ou das artes. Ela \u00e9 muito mais ampla, e afeta tamb\u00e9m o setor da educa\u00e7\u00e3o. As pessoas n\u00e3o t\u00eam f\u00f4lego para investir no seu pr\u00f3prio futuro.\u201d<\/p>\n

Dito isso, se tem um setor que tem grandes chances de escapar \u00e0 crise, \u00e9 o audiovisual: \u201choje a cultura do entretenimento \u00e9 praticamente indissoci\u00e1vel do dia-a-dia das pessoas, e o mercado s\u00f3 faz expandir\u201d. Para ela, os governos precisam agir de forma respons\u00e1vel, implementando suas agendas de forma gradual e sustent\u00e1vel. \u201cN\u00e3o d\u00e1 para pensar num pa\u00eds, qualquer que seja, que n\u00e3o invista recursos p\u00fablicos em cultura e educa\u00e7\u00e3o. Os governos t\u00eam a responsabilidade de fomentar a base, para que da\u00ed surja uma ind\u00fastria forte, com m\u00e3o de obra qualificada, que gere neg\u00f3cios e retorno para o pa\u00eds. A ind\u00fastria cultural \u00e9 vi\u00e1vel e muito lucrativa \u2014 basta ver dados econ\u00f4micos nacionais e internacionais\u201d.<\/p>\n

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2012: Jos\u00e9 Wilker na AIC, na primeira edi\u00e7\u00e3o da Semana de Cinema e Mercado, evento que abre o segundo semestre letivo.<\/figcaption><\/figure>\n

Ainda que as dificuldades existam, Steven acredita que uma das maiores conquistas da escola foi ter agregado tantos talentos da \u00e1rea audiovisual. \u201cNosso sucesso vem de todos os grandes cineastas que sa\u00edram da escola e de todos os relacionamentos constru\u00eddos entre as pessoas. Meu segundo longa passou na Mostra Internacional de Cinema de S\u00e3o Paulo, alguns anos atr\u00e1s, e em todas as festas encontrava ex-alunos do FilmWorks ou dos cursos de Roteiro e de Produ\u00e7\u00e3o Executiva. Muitos deles hoje est\u00e3o abrindo produtoras ou distribuidoras, escrevendo e dirigindo longas. Isso \u00e9 muito recompensador para mim\u201d.<\/p>\n

Hoje \u00e9 evidente o reconhecimento que a AIC tem no meio audiovisual e o fato de funcionar como uma comunidade que re\u00fane profissionais, estudantes e amantes do audiovisual em torno de suas atividades, em S\u00e3o Paulo e no Rio de Janeiro, com ramifica\u00e7\u00f5es por todo o pa\u00eds e at\u00e9 pelo mundo. \u201c\u00c9 muito bom ver a escola tomando corpo e contribuindo ativamente como player<\/em> do mercado. Hoje, encontramos pessoas que passaram pela AIC em praticamente toda a cadeia produtiva do audiovisual\u201d, diz Fl\u00e1via. \u201cAinda mais gratificante \u00e9 saber que a escola instiga cora\u00e7\u00f5es e mentes, expressividade e criatividade, tanto na esfera individual como coletiva. A arte \u00e9 transformadora. \u00c9 maravilhoso saber que a AIC abre um espa\u00e7o para tantas vozes\u201d.<\/p>\n

Aprendizado \u201chands on<\/em>\u201d<\/strong><\/h3>\n

Permitir que os alunos coloquem a \u201cm\u00e3o na massa\u201d \u00e9 um dos maiores diferenciais dos cursos na AIC. \u201cSomos uma escola baseada em projetos e na pr\u00e1tica e estamos sempre aprimorando nossas metodologias. Pessoalmente, fa\u00e7o o poss\u00edvel para contratar profissionais competentes, sei que nossos coordenadores fazem o mesmo e espero o melhor tanto deles quanto de nossos alunos\u201d, diz Steven. A AIC tamb\u00e9m \u00e9 uma comunidade que constr\u00f3i rela\u00e7\u00f5es duradouras com seu p\u00fablico. \u201cTemos muitos eventos gratuitos, em S\u00e3o Paulo e no Rio de Janeiro, porque acreditamos que \u00e9 importante as pessoas nos verem como uma \u2018casa do cinema\u2019.\u201d<\/p>\n

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2015: A AIC inaugura sua unidade do Rio de Janeiro, num casar\u00e3o hist\u00f3rico em Botafogo restaurado para abrigar a escola. A Semana de Orienta\u00e7\u00e3o realiza-se no Rio e em S\u00e3o Paulo, com a diretora de arte alem\u00e3 Brigitte Broch, a atriz argentina In\u00eas Efron, a diretora Lucia Murat, o cr\u00edtico Andr\u00e9 Miranda e a criadora de anima\u00e7\u00e3o Rosana Urbes.<\/figcaption><\/figure>\n

A presen\u00e7a de profissionais do mercado audiovisual brasileiro e tamb\u00e9m da ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica internacional \u00e9 outro destaque da institui\u00e7\u00e3o. \u201cTantas pessoas passaram pelas nossas portas, para dar aulas ou palestras… Na verdade, h\u00e1 poucos cineastas brasileiros que n\u00e3o tenham estado na AIC, de uma forma ou de outra\u201d, diz Steven. Entre esses profissionais<\/a><\/strong> est\u00e3o nomes como o de Lucrecia Martel, Robert McKee, Joshua Leonard, Sebastian Silva, Ana Muylaert, Lina Chamie, Daniel Rezende, Tata Amaral, Karim A\u00efnouz, Eduardo Coutinho e Wagner Moura.<\/p>\n

\u201cSomos genuinamente o que somos: uma escola e uma comunidade que cria e produz dia e noite. Respiramos audiovisual. A AIC faz parte do mercado \u2014 os professores s\u00e3o profissionais atuantes, os curr\u00edculos foram desenvolvidos cuidadosamente seguindo nossa metodologia pr\u00e1tica, com teoria aplicada, em parceria com os especialistas de cada \u00e1rea do audiovisual\u201d, ressalta Fl\u00e1via. Exemplo disso \u00e9 que, em um s\u00f3 curso, os alunos t\u00eam a oportunidade de aprender com mais de um profissional, em suas \u00e1reas espec\u00edficas. \u201cOs curr\u00edculos seguem uma jornada que \u00e9 muito pr\u00f3pria do nosso m\u00e9todo, al\u00e9m das muitas oportunidades de est\u00e1gio, networking<\/em>, palestras, festivais e eventos extras que a escola oferece. Temos um know-how<\/em> e uma comunidade constru\u00edda ao longo de 15 anos, e isso nenhuma outra escola tem\u201d.<\/p>\n

Expandindo os horizontes<\/strong><\/h3>\n

Os 15 anos da AIC marcam tamb\u00e9m a expans\u00e3o da escola para outros pa\u00edses. \u201cN\u00f3s acabamos de abrir uma escola nos Estados Unidos, chamada IAFA (International Academy of Film & Arts), que oferece cursos online com cineastas e artistas aclamados do mundo inteiro. N\u00e3o importa onde o aluno more. \u00c9 uma experi\u00eancia \u00fanica, porque voc\u00ea n\u00e3o precisa necessariamente estudar em uma universidade local, pode aprender pela internet com profissionais extraordin\u00e1rios, que normalmente nunca encontraria se n\u00e3o morasse em Nova York ou Los Angeles\u201d, explica Steven.<\/p>\n

\u201cA AIC n\u00e3o traz a palavra \u2018Internacional\u2019 em seu nome gratuitamente\u201d, acrescenta Fl\u00e1via. \u201cDesde a abertura, j\u00e1 trouxemos professores vindos de culturas diferentes, dando uma vis\u00e3o internacional ao projeto da escola. A AIC foi inaugurada com dois americanos, um polon\u00eas, um alem\u00e3o, uma italiana e um canadense em seu quadro de professores. Todos os anos, trazemos cineastas internacionais para aulas e palestras. Recebemos norte-americanos, brit\u00e2nicos, franceses, israelenses, russos\u2026\u201d. Al\u00e9m disso, ao longo de sua exist\u00eancia, a escola se aproximou de maneira significativa do cinema latinoamericano \u2013 em especial, Argentina e Chile, mas tamb\u00e9m Col\u00f4mbia, Peru, Uruguai e M\u00e9xico.<\/p>\n

Por meio das atividades em parceria com a IAFA, escola irm\u00e3 da Academia Internacional de Cinema e idealizada pelos fundadores da AIC, a ideia \u00e9 permitir ao p\u00fablico brasileiro, latino e norte-americano, a oportunidade de estudar online em aulas ao vivo \u2014 com contato direto, em turmas pequenas \u2014 com cineastas e artistas de diversas partes do mundo. Os profissionais convidados s\u00e3o criadores de alguns dos filmes e obras que atualmente se destacam em seus meios de difus\u00e3o: no mercado, em festivais, em galerias, editoras, etc. A IAFA ter\u00e1 ainda um calend\u00e1rio de eventos e workshops presenciais em algumas cidades, que poder\u00e3o ser assistidos via streaming<\/em>.<\/p>\n

Curiosidades da AIC<\/strong><\/h3>\n

\u201cTenho uma hist\u00f3ria curiosa, sobre como encontramos o pr\u00e9dio da AIC em S\u00e3o Paulo, na Rua Gabriel dos Santos. N\u00f3s est\u00e1vamos planejando a mudan\u00e7a de Curitiba e procurando por um lugar adequado, mas sem sucesso. Ent\u00e3o, um corretor nos levou \u00e0 casa onde hoje h\u00e1 uma escola de ingl\u00eas, na frente de onde estamos localizados atualmente. Eu estava cansado, porque havia falado em detalhes sobre o que precis\u00e1vamos e o local n\u00e3o atendia \u00e0s nossas necessidades. Lembro que era um dia muito quente, est\u00e1vamos em um carro sem ar-condicionado e esse era o \u00faltimo lugar que ir\u00edamos visitar, depois de uma semana de busca. Eu atravessei a rua e apoiei minha cabe\u00e7a no port\u00e3o do pr\u00e9dio que hoje \u00e9 a AIC, dizendo a mim mesmo: \u2018Vou ter que voltar para Curitiba de m\u00e3os vazias\u2019. Foi ent\u00e3o que ergui a cabe\u00e7a e vi o im\u00f3vel, perguntei ao corretor se estava dispon\u00edvel e se poder\u00edamos ver. Ele nos mostrou o interior e era absolutamente perfeito. Depois, mostrou a parte dos fundos e havia um est\u00fadio j\u00e1 constru\u00eddo. Lembro-me de entrar no est\u00fadio, encostar minhas costas na parede e pensar que iria chorar de felicidade. N\u00e3o sou uma pessoa religiosa, mas aquele espa\u00e7o estava destinado a n\u00f3s e acho que era nosso destino estar naquela cidade.\u201d<\/p>\n

Steven Richter<\/strong><\/p>\n

\u201cQuando embarcamos no avi\u00e3o para Curitiba, em 2004, para ir fundar a AIC, adivinha quem sentou do meu lado? O cr\u00edtico Rubens Ewald Filho (que, tristemente, faleceu h\u00e1 pouco tempo). Eu n\u00e3o resisti: virei para ele e me apresentei. Disse na \u2018cara dura\u2019 que eu estava me mudando de volta para o Brasil para fundar uma escola de cinema. Ele me olhou meio incr\u00e9dulo, mas simp\u00e1tico. Me deu o seu cart\u00e3o e disse para passar um e-mail com o endere\u00e7o, que ele me enviaria uma cole\u00e7\u00e3o de livros para dar in\u00edcio \u00e0 nossa biblioteca. Vi o encontro como um belo sinal dos deuses do cinema. N\u00e3o tive coragem de escrever para ele imediatamente \u2014 mas, depois de um tempo, ele nos encontrou, j\u00e1 em S\u00e3o Paulo, e refor\u00e7ou o interesse em nos doar os livros. Dessa vez, recebemos o generoso presente do cr\u00edtico que tanto fez pelo cinema do nosso pa\u00eds, com toda a gratid\u00e3o. Em 2016, ele foi palestrante na nossa Semana de Cinema e Mercado. Em 2017, apareceu de surpresa no Filmworks Film Festival, para apreciar os filmes dos alunos. E sempre esteve por perto.\u201d<\/p><\/blockquote>\n

Fl\u00e1via Rocha<\/strong><\/p>\n

*Texto e pesquisa Katia Kreutz. Fotos arquivo AIC.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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