Alam Ara, de 1931, foi o primeiro longa-metragem feito na I\u0301ndia.<\/figcaption><\/figure>\n <\/p>\n
O cineasta Dadasaheb Phalke \u00e9 considerado o precursor do cinema indiano, inclusive de Bollywood. Seu curta-metragem silencioso Raja Harishchandra<\/em> (1913) foi o primeiro filme produzido na \u00cdndia. Com a chegada do cinema sonoro, Ardeshir Irani dirigiu o primeiro filme falado do pa\u00eds, o longa Alam Ara<\/em> (1931). Alguns anos depois, Moti B. Gidwani foi respons\u00e1vel por dirigir o primeiro longa-metragem em cores no idioma hindi, Kisan Kanya<\/em> (1937). J\u00e1 nessa \u00e9poca, a ind\u00fastria indiana produzia mais de 200 filmes por ano e vinha obtendo grande sucesso comercial.<\/p>\nEmbora houvesse um enorme mercado para filmes falados e musicais, os anos 1930 e 1940 foram tumultuados na \u00cdndia, uma vez que o pa\u00eds foi muito afetado pela Grande Depress\u00e3o e pela Segunda Guerra Mundial, al\u00e9m de passar por conflitos internos relativos \u00e0 sua independ\u00eancia. Nesse contexto, os filmes de Bollywood surgiram como formas de escapar um pouco da dura realidade – embora diversos cineastas indianos do per\u00edodo tenham abordado temas sociais e pol\u00edticos em suas hist\u00f3rias.<\/p>\n
Em 1947, quando a \u00cdndia se tornou independente dos ingleses e o territ\u00f3rio foi dividido entre Rep\u00fablica da \u00cdndia e Paquist\u00e3o, a ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica de Bombaim (Bollywood) atuava diretamente com os profissionais da cidade paquistanesa de Lahore (ind\u00fastria essa que hoje \u00e9 chamada de Lollywood), j\u00e1 que ambas produziam filmes em hindi-urdu, ou hindustani. Por esse motivo, muitos atores e cantores paquistaneses acabaram migrando para Bombaim. \nOs anos 1950 e 1960 marcaram a Era de Ouro de Bollywood, quando os filmes em cores j\u00e1 eram muito populares e os romances e melodramas musicais com produ\u00e7\u00f5es elaboradas faziam sucesso nas salas de cinema. Alguns dos mais aclamados filmes indianos de todos os tempos foram produzidos nessa \u00e9poca, entre eles Pyaasa <\/em>(1957) e Flores de Papel \/ Kaagaz Ke<\/em> Phool <\/em>(1959), dirigidos por Guru Dutt; O Vagabundo \/ Awaara <\/em>(1951) e Shree 420 <\/em>(1955), de Raj Kapoor; e Fantasia Oriental \/ Aan <\/em>(1952), dirigido por Mehboob Khan. Esses longas tratavam de personagens da classe trabalhadora indiana, particularmente abordando a vida urbana: O Vagabundo, <\/em>por exemplo, apresentava a cidade como um pesadelo e um sonho.<\/p>\n <\/p>\nHonrara\u0301s Tua Ma\u0303e, de 1957, foi o primeiro filme indiano a ser indicado a um Oscar.<\/figcaption><\/figure>\n <\/p>\n
Honrar\u00e1s Tua M\u00e3e \/ Mother India<\/em> (1957), de Mehboob Khan, foi o primeiro longa indiano a ser indicado para um Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o qual acabou n\u00e3o vencendo. Ainda assim, o filme\u00a0 foi extremamente relevante e definiu o que seria convencionado como o cinema hindu por muitas d\u00e9cadas subsequentes. Honrar\u00e1s Tua M\u00e3e<\/em> influenciou tamb\u00e9m Gunga Jumna<\/em> (1961), de Nitin Bose, um drama criminal sobre dois irm\u00e3os em lados opostos da lei – tema esse que se tornou comum em filmes indianos desde ent\u00e3o. J\u00e1 o longa Madhumati <\/em>(1958), dirigido por Bimal Roy, popularizou as hist\u00f3rias sobre destino e reencarna\u00e7\u00e3o.<\/p>\nEntres os anos 1950 e 1960, foram produzidos alguns dos mais famosos filmes \u00e9picos do cinema bollywoodiano, entre eles Mughal-e-Azam<\/em>, de K. Asif (1960), estrelando Dilip Kumar, reconhecido como um dos grandes atores indianos, por seu m\u00e9todo de atua\u00e7\u00e3o pioneiro. Entre as estrelas mais influentes de Bollywood, ao lado de Kumar, est\u00e3o Raj Kapoor (que fazia um estilo \u201cvagabundo\u201d, inspirado por Charlie Chaplin) e Dev Anand (que seguia o exemplo de atores mais \u201csuaves\u201d, como Gregory Peck e Cary Grant). No que diz respeito \u00e0s atrizes do per\u00edodo, destacam-se Suraiya, Nargis, Sumitra Devi e Madhubala.<\/p>\n <\/p>\nFlores de Papel, de 1959, e\u0301 considerado como um dos maiores dramas do cinema indiano.<\/figcaption><\/figure>\n <\/p>\n
Ao mesmo tempo em que o cinema comercial de Bollywood fazia um enorme sucesso nas bilheterias, surgiu na \u00cdndia o movimento de Cinema Paralelo. Embora tenha conquistado maior proemin\u00eancia na regi\u00e3o de Bengala, tamb\u00e9m teve alguma representa\u00e7\u00e3o de filmes em hindi. O movimento \u00e9 conhecido pelas tem\u00e1ticas sociopol\u00edticas, buscando o realismo e o naturalismo, com o uso de elementos simb\u00f3licos e a rejei\u00e7\u00e3o das populares sequ\u00eancias musicais t\u00e3o comuns no cinema indiano mainstream<\/em>. O Cinema Paralelo obteve grande sucesso de cr\u00edtica, o que pavimentou o caminho para o surgimento do Neorrealismo Indiano (\u200e1944 a 1952) e do Cinema Novo Indiano (1958 at\u00e9 o final dos anos 1960).<\/p>\nEntre as d\u00e9cadas de 1960 e 1970, a ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica indiana foi dominada por filmes com protagonistas que personificavam o ideal de \u201cher\u00f3i rom\u00e2ntico\u201d, sendo Rajesh Khanna o mais popular de todos. Khanna foi o primeiro ator indiano a ser considerado uma \u201csuper estrela\u201d de cinema, tendo protagonizado nada menos do que 15 grandes sucessos consecutivos, de 1969 a 1971.<\/p>\n
Nos anos 1970, iniciou-se aquela que ficou conhecida como a Era Cl\u00e1ssica de Bollywood, que durou at\u00e9 meados dos anos 1980. Foi tamb\u00e9m quando surgiu o termo “Bollywood”, marcando o momento hist\u00f3rico em que a \u00cdndia tomou dos Estados Unidos o posto de maior ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica do mundo. A cria\u00e7\u00e3o do nome que une \u201cBombaim\u201d a \u201cHollywood\u201d \u00e9 creditada a v\u00e1rias pessoas, incluindo o cineasta Amit Khanna e a jornalista Bevinda Collaco. No entanto, muitos acreditam que essa denomina\u00e7\u00e3o diminui a relev\u00e2ncia do cinema indiano, como se ele fosse uma esp\u00e9cie de \u201cprimo pobre\u201d de Hollywood.<\/p>\n
Ainda nos anos 1970, durante o auge do cinema bollywoodiano, a dupla de roteiristas conhecida como Salim-Javed (Salim Khan e Javed Akhtar) trouxe uma mudan\u00e7a de paradigmas que revolucionou toda a ind\u00fastria. Para superar a estagna\u00e7\u00e3o pela qual os filmes musicais rom\u00e2nticos de Bollywood passavam, Salim e Javed introduziram hist\u00f3rias de g\u00eanero, marcadas por conflitos violentos mostrando o submundo do crime em Bombaim. Essas novas tem\u00e1ticas revitalizaram o mercado cinematogr\u00e1fico, com filmes retratando ambientes urbanos e contempor\u00e2neos, refletindo o descontentamento e a precariedade da vida nas grandes cidades – assuntos com os quais as massas se identificavam. Surgiu ent\u00e3o a figura do \u201cjovem homem revoltado\u201d, personificada pelo popular ator Amitabh Bachchan. Entre os filmes mais famosos desse per\u00edodo est\u00e3o Zanjeer <\/em>(1973), dirigido por Prakash Mehra, e Deewaar <\/em>(1975), de Yash Chopra, ambos protagonizados por Bachchan.<\/p>\n <\/p>\nSalim e Javed, dupla de roteiristas que revolucionou Bollywood<\/figcaption><\/figure>\n <\/p>\n
Muitas das estrelas do cinema de Bollywood, tanto atores quanto diretores, tiveram carreiras bem sucedidas que duraram v\u00e1rias d\u00e9cadas. Madhuri Dixit \u00e9 considerada uma das maiores atrizes do cinema indiano, por seu sucesso comercial e de cr\u00edtica entre as d\u00e9cadas de 1980 e 1990. Mais recentemente, a partir dos anos 2010, uma nova gera\u00e7\u00e3o passou a ganhar fama. Entre os atores mais populares nos dias de hoje est\u00e3o Ranbir Kapoor, Ranveer Singh, Varun Dhawan, Sidharth Malhotra, Sushant Singh Rajput, Arjun Kapoor, Aditya Roy Kapur e Tiger Shroff. Entre as atrizes, Vidya Balan, Kangana Ranaut, Deepika Padukone, Sonam Kapoor, Anushka Sharma, Sonakshi Sinha, Jacqueline Fernandez, Shraddha Kapoor e Alia Bhatt. As duas primeiras conquistaram enorme reconhecimento por protagonizarem filmes voltados ao p\u00fablico feminino, como The Dirty Picture<\/em> (2011), Kahaani <\/em>(2012), Queen <\/em>(2014) e Tanu Weds Manu Returns<\/em> (2015).<\/p>\nSegundo Ram Devineni, os \u201creis\u201d do cinema de Bollywood atualmente s\u00e3o chamados de os Tr\u00eas Khans: os atores Shah Rukh Khan, Salman Khan e Aamir Khan. \u201cShah Rukh Khan \u00e9 mais popular e tem mais f\u00e3s do que Tom Cruise, mas ele n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o conhecido nos Estados Unidos, especialmente se comparado a Aamir Khan, cujo filme Lagaan: Era uma Vez na \u00cdndia \/ Lagaan<\/em> (2001) foi indicado para um Oscar. J\u00e1 Salman Khan \u00e9 mais famoso junto \u00e0 classe trabalhadora na \u00cdndia\u201d, conta o cineasta.<\/p>\n <\/p>\n
Principais caracter\u00edsticas est\u00e9ticas<\/strong><\/h3>\n <\/p>\nCena de Bombay, de 1995, dirigido por Mani Ratnam<\/figcaption><\/figure>\n <\/p>\n
De acordo com Devineni, sequ\u00eancias de m\u00fasica e dan\u00e7a t\u00eam sido uma caracter\u00edstica padr\u00e3o nos filmes de Bollywood desde os anos 1960, quando os musicais hollywoodianos se popularizaram no mundo. \u201cEsses elementos permaneceram nos filmes indianos, mesmo depois que Hollywood passou a seguir outras tend\u00eancias. Sequ\u00eancias musicais ainda s\u00e3o muito populares porque a maioria dos filmes de Bollywood s\u00e3o melodramas, semelhantes \u00e0s novelas de televis\u00e3o no Brasil. As m\u00fasicas levam a atua\u00e7\u00f5es exageradas e hist\u00f3rias melodram\u00e1ticas. Al\u00e9m disso, a \u00cdndia \u00e9 um pa\u00eds muito musical. \u00c0s vezes as m\u00fasicas das trilhas sonoras de Bollywood fazem mais sucesso e dinheiro do que os pr\u00f3prios filmes\u201d, explica. \u00c9 comum, inclusive, que as m\u00fasicas sejam lan\u00e7adas antes da estreia dos filmes, para que o p\u00fablico j\u00e1 esteja familiarizado com elas e tamb\u00e9m para atrair os espectadores ao cinema.<\/p>\n