{"id":20517,"date":"2019-03-13T15:56:41","date_gmt":"2019-03-13T18:56:41","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=20517"},"modified":"2021-03-07T12:47:05","modified_gmt":"2021-03-07T15:47:05","slug":"mulheres-pioneiras-do-cinema-brasileiro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/mulheres-pioneiras-do-cinema-brasileiro\/","title":{"rendered":"Mulheres pioneiras do cinema brasileiro"},"content":{"rendered":"<p>O <a href=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/a-historia-do-cinema-brasileiro\/\" target=\"_blank\" rel=\"noopener noreferrer\"><strong>cinema brasileiro<\/strong><\/a> possui uma longa e diversa trajet\u00f3ria, mas pouco se fala sobre as mulheres que ajudaram a construir essa hist\u00f3ria. Diretoras, produtoras, roteiristas, fot\u00f3grafas, atrizes e tantas outras profissionais t\u00eam contribu\u00eddo, desde os prim\u00f3rdios de nossa produ\u00e7\u00e3o audiovisual, para enriquecer a cinematografia nacional com seu talento, criatividade e dedica\u00e7\u00e3o \u00e0 s\u00e9tima arte.<\/p>\n<p>Neste especial em comemora\u00e7\u00e3o ao Dia Internacional da Mulher, a Academia Internacional de Cinema conversou com algumas cineastas que fizeram e ainda fazem parte da hist\u00f3ria do cinema no Brasil. Cada qual, a seu modo, tem feito sua parte na cria\u00e7\u00e3o de um mercado cinematogr\u00e1fico mais representativo e plural, principalmente no que diz respeito \u00e0s quest\u00f5es femininas.<\/p>\n<p><b>Deixe seu e-mail e Receba&#8230;<\/b><\/p>\n<p>O material completo da S\u00e9rie de Movimentos Cinematogr\u00e1ficos.<\/p>\n<p><script type=\"text\/javascript\" src=\"\/\/mautic.aicinema.com.br\/form\/generate.js?id=43\"><span data-mce-type=\"bookmark\" style=\"display: inline-block; width: 0px; overflow: hidden; line-height: 0;\" class=\"mce_SELRES_start\">\ufeff<\/span><span data-mce-type=\"bookmark\" style=\"display: inline-block; width: 0px; overflow: hidden; line-height: 0;\" class=\"mce_SELRES_start\">\ufeff<\/span><\/script><br \/>\n<b> <\/b><br \/>\n<b> <\/b><br \/>\n<b> <\/b><br \/>\n<b> <\/b><\/p>\n<h3><strong>Um pouco de hist\u00f3ria<\/strong><\/h3>\n<figure id=\"attachment_20519\" aria-describedby=\"caption-attachment-20519\" style=\"width: 212px\" class=\"wp-caption alignright\"><img decoding=\"async\" class=\"wp-image-20519 size-full\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-cineasta-Carmen-Santos-na-capa-de-A-Scena-Muda-1931.jpg\" alt=\"\" width=\"212\" height=\"300\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20519\" class=\"wp-caption-text\">A cineasta Carmen Santos na capa de A Scena Muda, 1931<\/figcaption><\/figure>\n<p>Cl\u00e9o de Verberena, nome art\u00edstico da paulistana Jacira Martins Silveira, \u00e9 considerada a primeira mulher a dirigir um longa-metragem no pa\u00eds, com <em>O Mist\u00e9rio do Domin\u00f3 Preto<\/em> (1931), obra tamb\u00e9m produzida e estrelada por ela. Casada com C\u00e9sar Melani, fundou o est\u00fadio \u00c9pica Films, em S\u00e3o Paulo, mas a empresa foi fechada ap\u00f3s o falecimento de Melani, em 1934, e Cl\u00e9o nunca chegou a completar seu segundo filme, <em>Can\u00e7\u00e3o do Destino<\/em>.<\/p>\n<p>Outro nome pouco conhecido da cinematografia nacional \u00e9 o da imigrante portuguesa radicada no Brasil Carmen Santos (nascida Maria do Carmo). Seu primeiro trabalho foi como protagonista do filme <em>Urutau<\/em> (1919), de William Jansen, atendendo a um an\u00fancio de uma revista em busca de atrizes. J\u00e1 nos anos 1920, Carmen se envolveu com dois projetos controversos: as adapta\u00e7\u00f5es de <em>A Carne<\/em>, de Julio Ribeiro (completado muitos anos depois, mas nunca lan\u00e7ado), e <em>Melle Cinema<\/em>, de Benjamim Costallat. Depois de atuar em <em>Sangue Mineiro<\/em> (1929), de Humberto Mauro, e <em>Limite<\/em> (1931), de M\u00e1rio Peixoto, a cineasta iniciou a produ\u00e7\u00e3o de <em>Onde a Terra Acaba<\/em>, um ambicioso projeto em parceria com Peixoto, que foi finalizado apenas em 1933 e estreou sem grande sucesso. Ela tamb\u00e9m foi pe\u00e7a-chave na funda\u00e7\u00e3o da Brasil Vox Filmes, que depois se tornaria Brasil Vita Filmes, respons\u00e1vel pela produ\u00e7\u00e3o de in\u00fameros filmes do cinema silencioso no pa\u00eds e crucial para o desenvolvimento do nosso cinema sonoro.<\/p>\n<p>Nos anos 1930 nascia, em S\u00e3o Paulo, outra de nossas grandes cineastas: Suzana Amaral. Sua carreira no cinema come\u00e7ou apenas no final da d\u00e9cada de 1960, quando ela j\u00e1 tinha oito filhos e decidiu ingressar no curso de cinema da Escola de Comunica\u00e7\u00f5es e Artes da USP, seguindo para uma p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o na NYU, em Nova York. Depois de filmar document\u00e1rios de curta-metragem para o programa <em>C\u00e2mera Aberta<\/em> da TV Cultura, foi premiada em Bras\u00edlia com o curta <em>Minha Vida, Nossa Luta<\/em> (1979). Em 1985, dirigiu <em>A Hora da Estrela<\/em>, longa-metragem baseado na obra de Clarice Lispector, pelo qual a protagonista Marc\u00e9lia Cartaxo recebeu o pr\u00eamio de melhor atriz no Festival de Berlim.<\/p>\n<figure id=\"attachment_20522\" aria-describedby=\"caption-attachment-20522\" style=\"width: 200px\" class=\"wp-caption alignleft\"><img decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-20522\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Cleo-de-Verberena-primeira-brasileira-a-dirigir-um-longa-metragem-fonte-Revista-Cinearte-n.-221-1930.png\" alt=\"\" width=\"200\" height=\"320\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20522\" class=\"wp-caption-text\">Cleo de Verberena, primeira brasileira a dirigir um longa-metragem &#8211; fonte Revista Cinearte n. 221, 1930<\/figcaption><\/figure>\n<p>Tamb\u00e9m dirigiu a miniss\u00e9rie <em>Procura-se<\/em> (1992) e os longas <em>Uma Vida em Segredo<\/em> (2001) e <em>Hotel Atl\u00e2ntico<\/em> (2009). Em entrevista ao The New York Times, em 1987, Suzana falou sobre sua condi\u00e7\u00e3o como mulher e cineasta: \u201cNo Brasil, muitas pessoas que t\u00eam entre 40 e 50 anos pensam que devem sentar e esperar pela morte \u2013 elas n\u00e3o pensam que podem come\u00e7ar algo novo em suas vidas. Eu acho isso errado. \u00c9 quando a vida realmente come\u00e7a. Estou cheia de energia. Ainda sou uma m\u00e3e, mas ser m\u00e3e n\u00e3o \u00e9 uma profiss\u00e3o, \u00e9 uma condi\u00e7\u00e3o da vida. As mulheres n\u00e3o deveriam encarar a maternidade como uma profiss\u00e3o\u201d.<\/p>\n<p>J\u00e1 na d\u00e9cada de 1940, nascia a cineasta Ana Carolina Teixeira Soares (ou, simplesmente, Ana Carolina), uma artista que usou o cinema como forma de compreender ao mundo e a si pr\u00f3pria. Ela iniciou sua carreira com curtas-metragens, por volta dos anos 1970, sendo o document\u00e1rio <em>Get\u00falio Vargas<\/em> (1974) seu primeiro longa. Mas foi com a trilogia <em>Mar de Rosas<\/em> (1977), <em>Das Tripas Cora\u00e7\u00e3o<\/em> (1982) e <em>Sonho de Valsa<\/em> (1987) que Ana Carolina aprofundou sua discuss\u00e3o sobre a mulher e a fam\u00edlia na sociedade, questionando tamb\u00e9m o regime militar. Essas reflex\u00f5es e provoca\u00e7\u00f5es se ampliaram com <em>Am\u00e9lia<\/em> (2000) e <em>Greg\u00f3rio de Mattos <\/em>(2003). Sua produ\u00e7\u00e3o mais recente foi o longa <em>A Primeira Missa ou Tristes Trope\u00e7os, Enganos e Urucum<\/em> (2014), com Fernanda Montenegro, um filme que d\u00e1 continuidade aos debates da diretora sobre os rumos e a hist\u00f3ria do Brasil.<\/p>\n<p>Assim como Ana Carolina, a cineasta Tereza Trautman se destacou por realizar um tipo de cinema contestador, fundamentado em um conceito da cr\u00edtica de cinema feminista que surgiu quando a pesquisadora brit\u00e2nica Claire Johnston convocou as mulheres, em 1973, a \u201cse apropriarem das c\u00e2meras para realizar um \u2018contracinema\u2019, subversivo na forma, deixando clara na tela a obra cinematogr\u00e1fica como constru\u00e7\u00e3o\u201d. Entre outros filmes, Tereza escreveu e dirigiu os provocativos longas <em>Os Homens Que Eu Tive<\/em> (1973), no qual a liberdade sexual dos personagens fez com que a obra fosse censurada por v\u00e1rios anos, e <em>Sonhos de Menina Mo\u00e7a<\/em> (1988).<\/p>\n<p>Outra cineasta que abordou temas pol\u00edticos e sociais foi L\u00facia Murat. Ela participou da luta armada contra a ditadura militar no Brasil, no final da d\u00e9cada de 1960, e foi presa em 1971, tendo passado mais de tr\u00eas anos encarcerada \u2013 uma experi\u00eancia que influenciou fortemente sua obra. O longa-metragem <em>Que Bom Te Ver Viva<\/em> (1989), que estreou internacionalmente no Festival de Toronto, misturava hist\u00f3rias e<\/p>\n<figure id=\"attachment_20523\" aria-describedby=\"caption-attachment-20523\" style=\"width: 700px\" class=\"wp-caption alignright\"><img decoding=\"async\" class=\"wp-image-20523 size-full\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-Hora-da-Estrela-de-Suzana-Amaral.jpg\" alt=\"\" width=\"700\" height=\"350\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20523\" class=\"wp-caption-text\">A Hora da Estrela, de Suzana Amaral (1985)<\/figcaption><\/figure>\n<p>mem\u00f3rias de sua pris\u00e3o e tortura. Em 2000, L\u00facia dirigiu <em>Brava Gente Brasileira<\/em>. Em 2004, <em>Quase Dois Irm\u00e3os<\/em>, filme premiado no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata. Em 2011, ganhou v\u00e1rios pr\u00eamios no Festival de Gramado com <em>Uma Longa Viagem<\/em>. Em 2013, lan\u00e7ou <em>A Mem\u00f3ria Que Me Contam<\/em>. J\u00e1 em 2018, finalizou o longa <em>Pra\u00e7a Paris<\/em>, abordando a quest\u00e3o da viol\u00eancia no Brasil.<\/p>\n<p>Nos anos 1960 e 1970, o <a href=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/cinema-novo\/\" target=\"_blank\" rel=\"noopener noreferrer\"><strong>Cinema Novo<\/strong><\/a> foi um movimento importante, que marcou a produ\u00e7\u00e3o audiovisual brasileira, com sua \u00eanfase nas quest\u00f5es sociais para contestar a situa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica do pa\u00eds. Aqui, destaca-se a \u00fanica mulher de significativa produ\u00e7\u00e3o desse per\u00edodo: a cineasta Helena Solberg, cujo primeiro trabalho foi o curta-metragem <em>A Entrevista<\/em> (1966). \u201cMeus dois primeiros filmes t\u00eam uma curiosa mistura de document\u00e1rio e fic\u00e7\u00e3o. Sempre gostei de experimentar com esses dois elementos e borrar essas fronteiras\u201d, conta a diretora. Nos anos 1970, ela viajou pelas Am\u00e9ricas e realizou diversos filmes, incluindo <em>A Nova Mulher<\/em> (1975), <em>Simplesmente Jenny<\/em> (1978) e <em>A Dupla Jornada<\/em> (que abriu a Primeira Confer\u00eancia Internacional da Mulher, em 1975). Anos depois, voltou ao Brasil para concluir <em>Carmen Miranda: Bananas is My Business<\/em> (1995). Em 2005, lan\u00e7ou o longa ficcional <em>Vida de Menina<\/em> (2005), inspirado nos di\u00e1rios de Helena Morley. \u201cCom esse filme me aventurei na fic\u00e7\u00e3o, adaptando com liberdade um documento verdadeiro, um dos primeiros di\u00e1rios femininos escritos por uma menina, dos 13 aos 15 anos, em 1893\u201d. Em 2009, a cineasta recebeu o pr\u00eamio de melhor dire\u00e7\u00e3o no Festival Internacional do Rio por <em>Palavra (En)cantada<\/em>, o document\u00e1rio mais assistido nos cinemas brasileiros naquele ano. Em 2013, lan\u00e7ou o longa documental <em>A Alma da Gente<\/em>. Sobre a trajet\u00f3ria da cineasta, vale conferir o livro <em>Helena Solberg: Do Cinema Novo ao Document\u00e1rio Contempor\u00e2neo<\/em>, de Mariana Ribeiro Tavares, lan\u00e7ado em 2014 pelo Festival \u00c9 Tudo Verdade, ano em que a diretora foi homenageada no festival.<\/p>\n<figure id=\"attachment_20525\" aria-describedby=\"caption-attachment-20525\" style=\"width: 500px\" class=\"wp-caption alignright\"><img decoding=\"async\" class=\"size-full wp-image-20525\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/tizuka_08.jpg\" alt=\"\" width=\"500\" height=\"327\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20525\" class=\"wp-caption-text\">Outro nome de grande impacto, principalmente no cinema comercial dos anos 1980 e 1990, \u00e9 o de Tizuka Yamasaki. Foto Divulga\u00e7\u00e3o<\/figcaption><\/figure>\n<p>Ainda nos anos 1960, o chamado Cinema Marginal (ou <em>udigr\u00fadi<\/em>) trouxe para os holofotes a figura de Helena Ignez. O casamento de 35 anos de Helena com o diretor Rog\u00e9rio Sganzerla marcou tamb\u00e9m uma parceria criativa, j\u00e1 que ela contribuiu em diversos filmes de Sganzerla e de J\u00falio Bressane pela produtora Belair. Sua carreira como atriz, ap\u00f3s o sucesso de <em>A Grande Feira<\/em> (1961), <em>Assalto ao Trem Pagador<\/em> (1962) e <em>O Padre e a Mo\u00e7a<\/em> (1966), sedimentou-se com a personagem Janete Jane, de <em>O Bandido da Luz Vermelha<\/em> (1968). \u00c2ngela Carne e Osso, de <em>A Mulher de Todos<\/em> (1969), e S\u00f4nia Silk, de <em>Copacabana Mon Amour<\/em> (1970), tamb\u00e9m s\u00e3o pap\u00e9is ic\u00f4nicos de Helena: mulheres fortes, debochadas e extravagantes. A passagem para tr\u00e1s das c\u00e2meras n\u00e3o foi necessariamente uma transi\u00e7\u00e3o, j\u00e1 que ela nunca deixou de atuar. \u201cQuando me voltei \u00e0 dire\u00e7\u00e3o, foi algo muito natural. Foi uma quest\u00e3o de mudan\u00e7a, um outro dado, outra refer\u00eancia, mas que surgiu de uma vontade entranhada em mim mesma. Essa tez criadora, que participa, sempre foi uma caracter\u00edstica do meu trabalho\u201d, explica. Como cineasta, Helena Ignez dirigiu o curta <em>A Miss e o Dinossauro<\/em> (2005) e os longas <em>Can\u00e7\u00e3o de Baal<\/em> (2006), <em>Luz nas Trevas \u2013 A Volta do Bandido da Luz Vermelha<\/em> (2010), <em>Feio, Eu?<\/em> (2013) e <em>Ral\u00e9<\/em> (2016). \u201cCom os pr\u00eamios que recebi, pude fazer o filme que estou finalizando agora, <em>Fakir<\/em>, que deve ir para festivais na metade deste ano\u201d, afirma Helena.<\/p>\n<p>Ad\u00e9lia Sampaio foi a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil, com <em>Amor Maldito<\/em> (1984), filme que ela tamb\u00e9m produziu e roteirizou (com Jos\u00e9 Louzeiro). Em 1987, dirigiu o document\u00e1rio <em>Fugindo do Passado: Um Drink para Tet\u00e9ia e Hist\u00f3ria Banal<\/em>, sobre o regime militar no Brasil. O trabalho mais recente da cineasta \u00e9 o document\u00e1rio <em>AI5, O Dia Que N\u00e3o Existiu<\/em> (2004), que codirigiu com Paulo Markun. Al\u00e9m de diretora, Ad\u00e9lia foi tamb\u00e9m produtora, montadora, c\u00e2mera, continu\u00edsta e maquiadora.<\/p>\n<p>Outro nome de grande impacto, principalmente no cinema comercial dos anos 1980 e 1990, \u00e9 o de Tizuka Yamasaki. Em 1978, ela fundou sua pr\u00f3pria produtora, a CPC, que lan\u00e7ou filmes como <em>A Idade da Terra<\/em> (1980), de Glauber Rocha, <em>Rio Babil\u00f4nia<\/em> (1982), de Neville De Almeida, e <em>Bar Esperan\u00e7a <\/em>(1983), de Hugo Carvana. Em 1980, escreveu e dirigiu seu primeiro longa-metragem, <em>Gaijin \u2013 Os Caminhos da Liberdade<\/em>, que recebeu o pr\u00eamio de melhor filme no Festival de Gramado e men\u00e7\u00e3o especial pelo j\u00fari do Festival de Cannes. Em 1983, Tizuka dirigiu <em>Parahyba Mulher Macho<\/em>, seguido por <em>P\u00e1triamada<\/em> (1984). A partir da d\u00e9cada de 1990, a cineasta se voltou ao p\u00fablico infantil, com grandes sucessos de bilheteria, como <em>Lua de Cristal<\/em> (1990) e <em>O Novi\u00e7o Rebelde<\/em> (1997). J\u00e1 em 2005, lan\u00e7ou <em>Gaijin \u2013 Ama-me Como Sou<\/em>, retomando os temas de seu primeiro longa.<\/p>\n<figure id=\"attachment_15684\" aria-describedby=\"caption-attachment-15684\" style=\"width: 530px\" class=\"wp-caption alignright\"><img decoding=\"async\" class=\" wp-image-15684\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic-1133x680.jpg\" alt=\"\" width=\"530\" height=\"318\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic-1133x680.jpg 1133w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic-667x400.jpg 667w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic-768x461.jpg 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic-600x360.jpg 600w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/02\/Lucia-Murat_destaque-site-aic.jpg 2000w\" sizes=\"(max-width: 530px) 100vw, 530px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-15684\" class=\"wp-caption-text\">Cineasta que abordou temas pol\u00edticos e sociais: L\u00facia Murat.<\/figcaption><\/figure>\n<p>Os anos 1990 foram uma \u00e9poca em que muitas mulheres despontaram no cen\u00e1rio audiovisual do pa\u00eds. Depois uma bem-sucedida carreira como atriz de cinema e televis\u00e3o, Carla Camurati se tornou diretora, produtora e roteirista. Seu longa-metragem <em>Carlota Joaquina, Princesa do Brazil<\/em> (1995) \u00e9 considerado um marco da Retomada do cinema nacional, atingindo cerca de 1,5 milh\u00e3o de espectadores devido a uma iniciativa de distribui\u00e7\u00e3o independente da pr\u00f3pria diretora. Em 1997, ela dirigiu, escreveu e distribuiu o longa <em>La Serva Padrona<\/em>, primeiro filme-\u00f3pera do Brasil. Em 2001, realizou <em>Copacabana<\/em>, ano em que ampliou sua atua\u00e7\u00e3o como produtora e distribuidora com a cria\u00e7\u00e3o da empresa Copacabana Filmes. Seu quarto filme, a com\u00e9dia <em>Irma Vap \u2013 O Retorno<\/em>, estreou em 2006.<\/p>\n<p>M\u00e1rcia L\u00e9lis de Souza Amaral, mais conhecida como Tata Amaral, \u00e9 considerada uma das mais importantes realizadoras do cinema nacional. Entre as d\u00e9cadas de 1980 e 1990, dirigiu v\u00e1rios curtas-metragens, que concorreram em festivais nacionais e internacionais e fizeram parte do movimento conhecido como a Primavera do Curta Brasileiro. Em 1997, Tata dirigiu seu primeiro longa, <em>Um C\u00e9u de Estrelas<\/em>, premiado nos festivais de Bras\u00edlia, Boston, Trieste, Cr\u00e9teil e Havana. Em 2006, criou a Tangerina Entretenimento e realizou o filme <em>Ant\u00f4nia<\/em>, que deu origem a uma s\u00e9rie produzida pela Rede Globo e indicada ao Emmy. <em>Trago Comigo<\/em>, miniss\u00e9rie que a cineasta dirigiu para a TV Cultura e o Sesc TV, foi lan\u00e7ada em 2016 como longa-metragem.<\/p>\n<p>Roteirista, diretora de cinema e de televis\u00e3o, Anna Muylaert se formou pela Escola de Comunica\u00e7\u00f5es e Artes da USP e trabalhou em programas como <em>Castelo R\u00e1-tim-bum<\/em>, da TV Cultura (1995), <em>Disney Club<\/em>, do SBT (1998) e <em>Um Menino Muito Maluquinho<\/em>, da TVE Brasil (2006). Em 2005, foi corroteirista da s\u00e9rie <em>Filhos do Carnaval<\/em>, para a HBO. Entre os longas que dirigiu, est\u00e3o <em>Durval Discos<\/em> (2002), pr\u00eamio de melhor filme e melhor diretor no Festival de Gramado, <em>\u00c9 Proibido Fumar <\/em>(2009) e <em>Chamada a Cobrar<\/em> (2012). \u201cQuando ingressei no cinema, a coisa estava \u2018russa\u2019 para todo mundo.\u00a0 Foi quando a Embrafilme fechou. Ent\u00e3o, foi uma \u00e9poca em que n\u00e3o tinha nada para ningu\u00e9m e isso n\u00e3o era um assunto. S\u00f3 fui perceber as dificuldades mais tarde, bem mais tarde\u201d, lembra Anna. Um de seus trabalhos mais recentes foi <em>Que Horas Ela Volta?<\/em>, protagonizado por Regina Cas\u00e9, longa premiado no Festival de Sundance e no Festival de Berlim, que critica as desigualdades sociais do pa\u00eds. Em 2016, Anna dirigiu o longa-metragem <em>M\u00e3e S\u00f3 H\u00e1 Uma<\/em>.<\/p>\n<figure id=\"attachment_16772\" aria-describedby=\"caption-attachment-16772\" style=\"width: 600px\" class=\"wp-caption alignright\"><img decoding=\"async\" class=\"size-medium wp-image-16772\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2017\/08\/AIC-SCM01-69971-e1504660006189-600x400.jpg\" alt=\"\" width=\"600\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2017\/08\/AIC-SCM01-69971-e1504660006189-600x400.jpg 600w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2017\/08\/AIC-SCM01-69971-e1504660006189-768x512.jpg 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2017\/08\/AIC-SCM01-69971-e1504660006189-1020x680.jpg 1020w\" sizes=\"(max-width: 600px) 100vw, 600px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-16772\" class=\"wp-caption-text\">A cineasta La\u00eds Bodanzky na AIC em 2017. Foto: Al\u00ea Borges<\/figcaption><\/figure>\n<p>Filha do cineasta Jorge Bodanzky, a paulista La\u00eds Bodanzky estreou na dire\u00e7\u00e3o em 1995, com o curta <em>Cart\u00e3o Vermelho<\/em>, selecionado para o New York Film Festival. Seu primeiro longa, <em>Bicho de Sete Cabe\u00e7as<\/em> (2001), conquistou v\u00e1rios pr\u00eamios e revelou o ator Rodrigo Santoro. La\u00eds dirigiu ainda <em>Chega de Saudade<\/em> (2007) e <em>As Melhores Coisas do Mundo<\/em> (2010), que estreou no Festival de Roma, al\u00e9m de realizar document\u00e1rios para o cinema e a televis\u00e3o, como <em>Cine Mambembe \u2013 O Cinema Descobre o Brasil <\/em>(1999), <em>A Guerra dos Paulistas<\/em> (2003) e <em>Mulheres Ol\u00edmpicas<\/em> (2013). Em 2017, seu longa-metragem <em>Como Nossos Pais<\/em>, estreou no Panorama Especial do Festival de Berlim e foi indicado ao pr\u00eamio Teddy. Recentemente, a Secretaria Municipal de Cultura de S\u00e3o Paulo confirmou o nome da cineasta como a nova dirigente da Spcine, \u00f3rg\u00e3o de fomento ao audiovisual paulistano.<\/p>\n<p>A diretora e roteirista Lina Chamie, filha do poeta M\u00e1rio Chamie, foi outra mulher que construiu uma carreira marcante no cinema nacional. Graduada pela NYU, em Nova York, ela trabalhou durante muitos anos no departamento de cinema da universidade. De volta ao Brasil, nos anos 1990, dirigiu o curta-metragem <em>Eu Sei Que Voc\u00ea Sabe<\/em> (1995). Entre seus longas, est\u00e3o <em>T\u00f4nica Dominante<\/em> (2000) e <em>A Via L\u00e1ctea<\/em> (2006), que teve sua estreia no Festival de Cannes, na Fran\u00e7a, e foi premiado no Festival Internacional de San Sebasti\u00e1n, na Espanha. Tamb\u00e9m dirigiu <em>Santos 100 Anos de Futebol Arte<\/em> (2012), <em>S\u00e3o Silvestre<\/em> (2013), <em>Os Amigos<\/em> (2014) e o longa documental <em>Dorina: Olhar Para o Mundo<\/em> (2016), para a HBO.<\/p>\n<p>O cinema feminino dos anos 1990 e 2000 passa ainda pelo trabalho de Sandra Werneck. A carreira da cineasta carioca se iniciou com pequenos trabalhos como diretora de fotografia, passando ent\u00e3o a dirigir document\u00e1rios de curta e m\u00e9dia-metragem. Seu primeiro longa de fic\u00e7\u00e3o como diretora, <em>Pequeno Dicion\u00e1rio Amoroso<\/em> (1996), foi premiado no Festival de Bras\u00edlia e exibido internacionalmente. O filme seguinte da cineasta, <em>Amores Poss\u00edveis<\/em> (2001), participou dos festivais de Sundance e de Miami, nos Estados Unidos. Seu grande sucesso foi o longa-metragem <em>Cazuza \u2013 O Tempo N\u00e3o P\u00e1ra<\/em> (2004), filme de maior audi\u00eancia nas bilheterias do pa\u00eds daquele ano. Em 2005, Sandra dirigiu o document\u00e1rio <em>Meninas<\/em>.<\/p>\n<figure id=\"attachment_18957\" aria-describedby=\"caption-attachment-18957\" style=\"width: 289px\" class=\"wp-caption alignleft\"><img decoding=\"async\" class=\"size-medium wp-image-18957\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/09\/Lina-Chamie-Diretora-289x400.jpg\" alt=\"\" width=\"289\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/09\/Lina-Chamie-Diretora-289x400.jpg 289w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/09\/Lina-Chamie-Diretora-768x1063.jpg 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/09\/Lina-Chamie-Diretora-491x680.jpg 491w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2011\/09\/Lina-Chamie-Diretora.jpg 1113w\" sizes=\"(max-width: 289px) 100vw, 289px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-18957\" class=\"wp-caption-text\">Lina Chamie, em 2013, Foto: Aline Arruda<\/figcaption><\/figure>\n<p>A d\u00e9cada de 1990 revelou tamb\u00e9m a cineasta Eliane Caff\u00e9, que iniciou sua carreira com curtas-metragens premiados no Brasil e no exterior. Em 1997, dirigiu seu primeiro longa-metragem, <em>Kenoma<\/em>, exibido no Festival de Veneza. Realizou ainda os longas <em>Narradores de Jav\u00e9<\/em> (2003) e <em>O Sol do Meio-Dia<\/em> (2010). Em 2016, lan\u00e7ou o elogiado <em>Era o Hotel Cambridge<\/em>, um filme de fic\u00e7\u00e3o documental.<\/p>\n<p>J\u00e1 Daniela Thomas, filha do cartunista Ziraldo, iniciou sua carreira no teatro. O primeiro trabalho de relev\u00e2ncia como diretora no cinema foi em 1994, quando codirigiu com Walter Salles o premiado <em>Terra Estrangeira<\/em>. Em 2007, novamente com Salles, dirigiu o longa <em>Linha de Passe<\/em>, exibido no Festival de Cannes. Em 2016, com Fernando Meirelles e Andrucha Waddington, Daniela dirigiu a Cerim\u00f4nia de Abertura dos Jogos Ol\u00edmpicos de Ver\u00e3o, no Rio de Janeiro. Desde ent\u00e3o, realizou os filmes <em>Vazante<\/em> (2017), que teve sua estreia no Festival de Berlim, e <em>O Banquete <\/em>(2018).<\/p>\n<p>O trabalho dessas cineastas pioneiras pavimentou os caminhos de uma gera\u00e7\u00e3o de diretoras que t\u00eam se destacado no cen\u00e1rio contempor\u00e2neo brasileiro, incluindo Juliana Rojas (<em>Sinfonia da Necr\u00f3pole<\/em>,<em> Trabalhar Cansa<\/em>, <em>As Boas Maneiras<\/em>), Petra Costa (<em>Elena<\/em>, <em>Olmo e a Gaivota<\/em>), Marina Person (<em>Person<\/em>, <em>Calif\u00f3rnia<\/em>), Cris D\u2019Amato (<em>Confiss\u00f5es de Adolescente<\/em>, <em>S.O.S. \u2013 Mulheres ao Mar<\/em>, <em>\u00c9 Fada!<\/em>), Monique Gardenberg (<em>\u00d3 Pa\u00ed, \u00d3<\/em>, <em>Para\u00edso Perdido<\/em>), Betse De Paula (<em>Celeste &amp; Estrela<\/em>, <em>Vendo ou Alugo<\/em>), Mara Mour\u00e3o (<em>Doutores da Alegria<\/em>, <em>Quem Se Importa?<\/em>), Eliza Capai (<em>#Resist\u00eancia<\/em>, <em>Espero Tua (Re)Volta<\/em>), Ana Luiza Azevedo (<em>Antes Que o Mundo Acabe<\/em>), Sandra Kogut (<em>Mutum, Campo Grande<\/em>), Karla Holanda (<em>K\u00e1tia<\/em>), Renata Pinheiro (<em>Amor, Pl\u00e1stico e Barulho<\/em>), Juliana Antunes (<em>Baronesa<\/em>), Caroline Leone (<em>Pela Janela<\/em>), entre outras.<\/p>\n<h3><strong>Com a Palavra, as Mulheres<\/strong><\/h3>\n<hr \/>\n<h4><strong><u>Helena Solberg<\/u><\/strong><\/h4>\n<figure id=\"attachment_20530\" aria-describedby=\"caption-attachment-20530\" style=\"width: 498px\" class=\"wp-caption alignleft\"><img decoding=\"async\" class=\"size-medium wp-image-20530\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-cineasta-Helena-Solberg-u\u0301nica-diretora-de-destaque-durante-o-Cinema-Novo-no-Brasil-498x400.png\" alt=\"\" width=\"498\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-cineasta-Helena-Solberg-u\u0301nica-diretora-de-destaque-durante-o-Cinema-Novo-no-Brasil-498x400.png 498w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-cineasta-Helena-Solberg-u\u0301nica-diretora-de-destaque-durante-o-Cinema-Novo-no-Brasil-768x616.png 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/A-cineasta-Helena-Solberg-u\u0301nica-diretora-de-destaque-durante-o-Cinema-Novo-no-Brasil.png 800w\" sizes=\"(max-width: 498px) 100vw, 498px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20530\" class=\"wp-caption-text\">A cineasta Helena Solberg, u\u0301nica diretora de destaque durante o Cinema Novo no Brasil.<\/figcaption><\/figure>\n<p>\u201cFoi na PUC, por volta de 1957, que conheci alguns dos rapazes que seriam a segunda gera\u00e7\u00e3o do Cinema Novo. Eu seguia o curso de Neo Latinas e pensava que a literatura, o escrever, fossem uma forma de express\u00e3o que mais me interessava e que gostaria de explorar. O cinema j\u00e1 fazia parte de minha vida, mas eu n\u00e3o o imaginava como um \u2018fazer\u2019 \u2013 isso aconteceu em contato com esse grupo. De repente, uma porta parecia se abrir, um novo territ\u00f3rio.<\/p>\n<p><em>A Entrevista<\/em> foi meu filme de estreia. A raz\u00e3o de receber cobertura da imprensa foi pelo fato de ser uma diretora mulher! In\u00fameras mat\u00e9rias surgiram em jornais e revistas com manchetes como \u2018Cinema Novo, Vers\u00e3o Feminina\u2019, \u2018Primeira Mulher no Nosso Cinema Renovado\u2019 e por a\u00ed afora\u2026 O filme foi muito importante para mim, um aprendizado e tamb\u00e9m uma revela\u00e7\u00e3o, ao escutar depoimentos c\u00e2ndidos de mo\u00e7as sendo preparadas para ocuparem o papel de mulheres, m\u00e3es e educadoras em uma sociedade conservadora. O document\u00e1rio tem esse poder, que sempre se repetiu para mim em cada nova experi\u00eancia. Sempre aprendi alguma coisa, mergulhei em uma realidade que n\u00e3o seria necessariamente a minha e ganhei alguma coisa.<\/p>\n<p>Esse foi meu primeiro filme, minha estreia. Mario Carneiro fez a fotografia e Rog\u00e9rio Sganzerla, a edi\u00e7\u00e3o. Fiz continuidade no filme de Saraceni, <em>Capitu<\/em>, e dei uma assist\u00eancia informal a Sganzerla em <em>O Bandido da Luz Vermelha <\/em>e <em>A Mulher de Todos<\/em>. N\u00e3o me lembro, ent\u00e3o, de outras mulheres se aventurando no cinema \u2013 a n\u00e3o ser como atrizes, montadoras, talvez produtoras. Acho que essa aus\u00eancia me fez querer entender minha forma\u00e7\u00e3o, os valores que me foram passados, utilizando essa nova ferramenta. Mas a representa\u00e7\u00e3o do feminino certamente era insatisfat\u00f3ria e marcada pelo machismo que existia na sociedade como um todo. Nunca me senti \u2018discriminada\u2019, mas certamente havia um paternalismo disfar\u00e7ado, do qual acho que provavelmente tirei vantagem, como uma estrat\u00e9gia inconsciente de sobreviv\u00eancia. Na verdade, tamb\u00e9m acho que nunca tive muita voca\u00e7\u00e3o para v\u00edtima.<\/p>\n<p>Posteriormente, vivendo fora do pa\u00eds e necessitando trabalhar, o document\u00e1rio foi o que me possibilitou mais oportunidades de trabalho. Os anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos foram importantes para a renova\u00e7\u00e3o da linguagem do document\u00e1rio no cinema.<\/p>\n<p>Hoje, acho que estamos vivendo um momento importante, com o renascimento vigoroso de uma nova gera\u00e7\u00e3o de jovens que se colocam como feministas sem desculpas. \u00c9 um novo humanismo, que abarca o feminismo em todas suas manifesta\u00e7\u00f5es, em que n\u00e3o ser\u00e1 poss\u00edvel um retrocesso, pois afeta a sociedade como um todo. Acho que pontos nevr\u00e1lgicos foram tocados e expostos e estamos assistindo a uma onda conservadora como rea\u00e7\u00e3o, que ter\u00e1 de ser enfrentada com muita coragem. Na verdade, nunca nada nos foi dado; tudo foi conquistado.\u201d<\/p>\n<hr \/>\n<h4><strong><u>Helena Ignez<\/u><\/strong><\/h4>\n<figure id=\"attachment_20532\" aria-describedby=\"caption-attachment-20532\" style=\"width: 533px\" class=\"wp-caption alignleft\"><img decoding=\"async\" class=\"size-medium wp-image-20532\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Helena-Ignez-com-o-cartaz-do-filme-A-Mulher-de-Todos-1969-533x400.jpg\" alt=\"\" width=\"533\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Helena-Ignez-com-o-cartaz-do-filme-A-Mulher-de-Todos-1969-533x400.jpg 533w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Helena-Ignez-com-o-cartaz-do-filme-A-Mulher-de-Todos-1969-768x576.jpg 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Helena-Ignez-com-o-cartaz-do-filme-A-Mulher-de-Todos-1969-907x680.jpg 907w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Helena-Ignez-com-o-cartaz-do-filme-A-Mulher-de-Todos-1969.jpg 1024w\" sizes=\"(max-width: 533px) 100vw, 533px\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20532\" class=\"wp-caption-text\">Helena Ignez com o cartaz do filme A Mulher de Todos, 1969.<\/figcaption><\/figure>\n<p>\u201cAcrescentei na minha carreira o trabalho como cineasta a partir de 2002, j\u00e1 com 60 anos, embora j\u00e1 atuasse como produtora da Belair e tenha gravado o curta <em>A Miss e o Dinossauro<\/em> ainda nos anos 1970 \u2013minha primeira experi\u00eancia como diretora. N\u00e3o tive nenhuma dificuldade espec\u00edfica, naquela \u00e9poca, pelo fato de ser mulher. As dificuldades gerais existem, pelo machismo proeminente na nossa sociedade, mas a mulher vem procurando se afirmar como protagonista dela mesma e de seu trabalho. Fui completamente aceita como diretora em meu primeiro filme, que foi feito em S\u00e3o Paulo e nos Estados Unidos, e tive uma equipe variada.<\/p>\n<p>O cinema marginal, como foi chamado o per\u00edodo do qual fiz parte, foi um t\u00edtulo que nos deram. Na verdade, foi um cinema experimental, muito sofisticado, mas tamb\u00e9m popular. O filme que caracterizou meu trabalho, como atriz e colaboradora de Rog\u00e9rio Sganzerla, foi <em>O Bandido da Luz Vermelha<\/em>. Acredito que esse cinema tenha sido marginal apenas no sentido pol\u00edtico, por ser anti-<em>mainstream<\/em>, anti-ditadura. A m\u00eddia acabou colocando esse r\u00f3tulo por causa da frase de H\u00e9lio Oiticica: <em>Seja marginal, seja her\u00f3i<\/em>. Mas foram filmes prestigiados por grandes festivais, que receberam uma cr\u00edtica extraordin\u00e1ria.<\/p>\n<p>Na d\u00e9cada de 1970, nos anos em que vivi com Rog\u00e9rio [Sganzerla], n\u00e3o fazia sentido dirigir, pois existia uma concorr\u00eancia enorme com homens. A oportunidade surgiu de mim mesma, por indigna\u00e7\u00e3o. Havia estreado em S\u00e3o Paulo um trabalho de arte p\u00fablica, uma esp\u00e9cie de container gigante na regi\u00e3o do Glic\u00e9rio, que inclu\u00eda biblioteca e pe\u00e7as altamente utilit\u00e1rias para aquela popula\u00e7\u00e3o. Era extremamente importante, porque eles podiam usar o sanit\u00e1rio, tomar banho e lavar seus filhos e roupas. Ao mesmo tempo, a biblioteca era um lugar de reuni\u00e3o social. Mas, por motivos ditos de seguran\u00e7a, decidiram que simplesmente iriam retirar o container do local. Como uma forma de protesto, eu liguei para uma amiga, jovem produtora, e disse: \u2018Vamos l\u00e1 agora\u2019. Alugamos uma c\u00e2mera, contratamos um fot\u00f3grafo e, em uma semana, foi tudo filmado, porque aquilo iria desaparecer. O filme teve uma \u00f3tima repercuss\u00e3o e foi lan\u00e7ado em festivais, embora n\u00e3o tenha conseguido espa\u00e7o comercialmente por ser um m\u00e9dia-metragem.<\/p>\n<p>Meu primeiro longa filmei em 2006,<em> Can\u00e7\u00e3o de Baal<\/em>, e o mais recente foi <em>A Mo\u00e7a do Calend\u00e1rio<\/em>. Tamb\u00e9m realizei <em>Ral\u00e9<\/em>, um filme extremamente feminista, de afirma\u00e7\u00e3o da liberdade sexual e de g\u00eanero. Acho o feminismo o que h\u00e1 de mais importante no momento, uma forma de pensar a cultura, o poder e as desigualdades. Se existe algo que significa realmente o s\u00e9culo 21 \u00e9 essa luta por afirma\u00e7\u00e3o. As mulheres est\u00e3o lutando por seu espa\u00e7o no cinema, que \u00e9 dif\u00edcil para ambos os g\u00eaneros. Trata-se de uma luta insana e perigos\u00edssima, por isso \u00e9 preciso que os artistas permane\u00e7am alertas, j\u00e1 que existe um movimento pela desmoraliza\u00e7\u00e3o da nossa profiss\u00e3o.\u201d<\/p>\n<hr \/>\n<h4><strong><u>Anna Muylaert<\/u><\/strong><\/h4>\n<figure id=\"attachment_20534\" aria-describedby=\"caption-attachment-20534\" style=\"width: 510px\" class=\"wp-caption alignleft\"><img decoding=\"async\" class=\" wp-image-20534\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Anna-Muylaert-no-set-de-Durval-Discos-foto-de-Marcos-Camargo-605x400.jpg\" alt=\"\" width=\"510\" height=\"334\" \/><figcaption id=\"caption-attachment-20534\" class=\"wp-caption-text\">Anna Muylaert no set de Durval Discos &#8211; foto de Marcos Camargo<\/figcaption><\/figure>\n<p>\u201cEu n\u00e3o sei exatamente dizer por que sempre fui fascinada com a ideia de fotografar e filmar. Com 15 anos, ganhei uma c\u00e2mera Super-8, logo fiz um curso de cinema e me apaixonei. Comecei a ver muitos filmes, de diretores importantes, e decidi que queria aprender a fazer aquilo \u2013 que eu considerava algo muito dif\u00edcil, e ainda considero. Algum tempo depois, entrei na ECA\/USP. Mas realmente comecei a trabalhar na \u00e1rea quando eu tinha 24 anos, como rep\u00f3rter \u2018abelha\u2019 de um programa chamado <em>TV Mix<\/em>, na TV Gazeta \u2013 comandado por Fernando Meirelles. Depois disso, muitas portas se abriram e n\u00e3o parei mais.<\/p>\n<p>Meu trabalho na televis\u00e3o me deu pr\u00e1tica e experi\u00eancia, tanto em roteiro quanto em montagem, o que eu levei para o cinema \u2013 embora de uma forma diferente. Al\u00e9m disso, na TV fiz muitos programas para crian\u00e7as, o que foi algo inesperado, mas que colaborou para minha forma\u00e7\u00e3o. Acho que tudo o que voc\u00ea faz, se faz inteiro, vai influenciar na sua vida.<\/p>\n<p>Sobre <em>Durval Discos<\/em>, na \u00e9poca eu estava fazendo contos sobre mulheres para soltar minha capacidade criativa e encontrar uma hist\u00f3ria que pudesse ser meu primeiro longa-metragem. Escolhi a hist\u00f3ria de uma empregada, que se chamava <em>Porta da Cozinha<\/em>, mas era muito complexa para um primeiro filme e decidi fazer algo mais simples. Um dia, fui \u00e0 loja Edgar Discos e a m\u00e3e dele apareceu. Ent\u00e3o eu pensei que aquilo seria um bom set para um filme e comecei a imaginar uma hist\u00f3ria que coubesse ali. Como eu tinha acabado de ter um filho, acabei fazendo um filme sobre apego materno.<\/p>\n<p>Com <em>Que Horas Ela Volta?<\/em>, eu esperava uma rea\u00e7\u00e3o positiva de festivais e da cr\u00edtica, e desejava muito que acontecesse o milagre das empregadas e das classes trabalhadoras verem o filme. Fiz o que pude para chamar a aten\u00e7\u00e3o delas: realizei v\u00e1rias sess\u00f5es para dom\u00e9sticas e sindicatos da categoria. Elas gostaram do filme e talvez tenham feito um bom \u2018boca a boca\u2019, mas o que fez o longa estourar mesmo foi o fato de ter ca\u00eddo na rede apenas duas semanas ap\u00f3s seu lan\u00e7amento no cinema. Eu recebia mensagens de pessoas dos lugares mais remotos do Brasil, que haviam visto de forma pirata. Ent\u00e3o, de alguma maneira, o milagre que eu esperava aconteceu. Mas o que me surpreendeu foi o quanto o filme mexeu com as pessoas. Isso foi al\u00e9m das expectativas e da minha imagina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<p>O cinema e o audiovisual, em geral, t\u00eam um poder imenso nos dias de hoje. Com a globaliza\u00e7\u00e3o, muito mais gente est\u00e1 querendo falar e fazer soar sua voz. Eu acho isso maravilhoso. Estamos rumando para um futuro mais equ\u00e2nime.\u201d<\/p>\n<hr \/>\n<h4><strong><u>Jo Serfaty<\/u><\/strong>, cineasta e professora de dire\u00e7\u00e3o na AIC<\/h4>\n<p><img decoding=\"async\" class=\"alignnone wp-image-25774 size-medium\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Q29A0084-compressed-552x400.jpg\" alt=\"Jo Serfaty, cineasta e professora\" width=\"552\" height=\"400\" srcset=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Q29A0084-compressed-552x400.jpg 552w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Q29A0084-compressed-768x557.jpg 768w, https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/03\/Q29A0084-compressed-938x680.jpg 938w\" sizes=\"(max-width: 552px) 100vw, 552px\" \/><\/p>\n<p>\u201cEu me formei em jornalismo na PUC. Um pouco insatisfeita com os rumos da profiss\u00e3o, acabei migrando para o cinema, que eu via como um espa\u00e7o de liberdade de cria\u00e7\u00e3o e de inten\u00e7\u00e3o. No jornalismo, eu s\u00f3 poderia contar verdades; no cinema, estava liberta dessa condi\u00e7\u00e3o e poderia fabular e imaginar a partir do real. N\u00e3o precisava estar comprometida com os fatos e as verdades, poderia narrar o mundo \u00e0 minha maneira. Fiz cursos com o documentarista Eduardo Coutinho, que me abriu o caminho de narrar hist\u00f3rias e o desejo de usar o cinema como forma de me aproximar das pessoas. Desse modo, fui tentando come\u00e7ar meus primeiros trabalhos audiovisuais.<\/p>\n<p>Tive muita dificuldade no in\u00edcio. Fiz meu primeiro est\u00e1gio ao lado de Nelson Pereira dos Santos, com montagem. Foi uma experi\u00eancia interessante, ver um diretor do neorrealismo praticando um cinema est\u00e9tica e politicamente engajado. A partir disso, montei minha produtora (Fagulha Filmes), fiz meus curtas e passei a frequentar mostras de cinema. Acabo de dirigir meu primeiro longa, <em>Um Filme de Ver\u00e3o<\/em>, com muita dificuldade de financiamento. O que a gente conseguiu, foi por meio de edital, porque a TV e outras iniciativas privadas ainda s\u00e3o bastante conservadoras e n\u00e3o se abrem muito para novas mulheres, novos olhares.<\/p>\n<p>O cinema de longa-metragem produzido por mulheres nos dias de hoje ainda n\u00e3o apresenta n\u00fameros muito expressivos. Elas ainda demoram v\u00e1rios anos para produzir um filme, por diversos fatores. Mesmo assim, muitas cineastas t\u00eam realizado filmes n\u00e3o pretensiosos, com po\u00e9ticas pr\u00f3prias, revelando novas camadas: cineastas negras, perif\u00e9ricas, l\u00e9sbicas, com olhares e experi\u00eancias pessoais muito diversos. Mas h\u00e1 muitas diretoras maravilhosas que ainda s\u00e3o curta-metragistas.<\/p>\n<p>Cada filme de uma mulher traz uma perspectiva particular, com pautas que ainda n\u00e3o foram exploradas. O cinema brasileiro tem se tornado mais inclusivo pelo desejo das pr\u00f3prias mulheres, cada vez mais conscientes de sua condi\u00e7\u00e3o, afirmando suas pr\u00f3prias narrativas. Os editais e festivais est\u00e3o se abrindo, tentando reparar esse desequil\u00edbrio heteronormativo, o que nos encoraja um pouco. Quando as mulheres fazem filmes, elas lan\u00e7am novas perguntas sobre o mundo. Se essas possibilidades de criar s\u00e3o silenciadas, ficamos sempre com as mesmas respostas, reproduzindo a mesma l\u00f3gica. Acredito que devemos subverter essa l\u00f3gica, n\u00e3o apenas no sentido da representa\u00e7\u00e3o da mulher, mas deixando o imagin\u00e1rio dela vir \u00e0 tona sem impedimentos. \u00c9 muito estimulante como t\u00eam surgido outros corpos, outras imagens, outros sujeitos para performar e narrar suas realidades.<\/p>\n<p>Eu sinto que eu e outras mulheres cineastas da minha gera\u00e7\u00e3o est\u00e3o aprendendo a admirar umas \u00e0s outras, se apoiar, colaborar. Percebo que estamos nos vendo mais como aliadas e menos como concorrentes, o que ajuda a fortificar os elos e os desejos de realiza\u00e7\u00e3o. Temos tamb\u00e9m feito o exerc\u00edcio de rever outras mulheres e cineastas apagadas da hist\u00f3ria do cinema brasileiro e mundial, para que os nossos olhares sejam cada vez mais contaminados por outras sensibilidades que escapam \u00e0 norma masculina.\u201d<\/p>\n<p><strong>Confira tamb\u00e9m nossa mat\u00e9ria <a href=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/mulheres-no-audiovisual-uma-reflexao\/\" target=\"_blank\" rel=\"noopener noreferrer\">Mulheres no Audiovisual Brasileiro<\/a><\/strong><\/p>\n<p><em><strong>*Texto e Pesquisa Katia Kreutz &#8211; foto capa Helena Ignez por Yuri Pinheiro<\/strong><\/em><\/p>\n<p><a href=\"https:\/\/materiais.aicinema.com.br\/cinema-brasileiro\"><img decoding=\"async\" class=\"alignnone size-full wp-image-22062\" src=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/wp-content\/uploads\/2019\/09\/CTA_AIC_04.png\" alt=\"\" width=\"660\" height=\"191\" \/><\/a><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>O cinema brasileiro possui uma longa e diversa trajet\u00f3ria, mas pouco se fala sobre as mulheres que ajudaram a construir essa hist\u00f3ria. Diretoras, produtoras, roteiristas, fot\u00f3grafas, atrizes e tantas outras profissionais t\u00eam contribu\u00eddo, desde os prim\u00f3rdios de nossa produ\u00e7\u00e3o audiovisual, para enriquecer a cinematografia nacional com seu talento, criatividade e dedica\u00e7\u00e3o \u00e0 s\u00e9tima arte. Neste &hellip;<\/p>\n<p class=\"read-more\"> <a class=\"\" href=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/mulheres-pioneiras-do-cinema-brasileiro\/\"> <span class=\"screen-reader-text\">Mulheres pioneiras do cinema brasileiro<\/span> Leia mais &raquo;<\/a><\/p>\n","protected":false},"author":23,"featured_media":18390,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"site-sidebar-layout":"default","site-content-layout":"","ast-site-content-layout":"","site-content-style":"default","site-sidebar-style":"default","ast-global-header-display":"","ast-banner-title-visibility":"","ast-main-header-display":"","ast-hfb-above-header-display":"","ast-hfb-below-header-display":"","ast-hfb-mobile-header-display":"","site-post-title":"","ast-breadcrumbs-content":"","ast-featured-img":"","footer-sml-layout":"","theme-transparent-header-meta":"","adv-header-id-meta":"","stick-header-meta":"","header-above-stick-meta":"","header-main-stick-meta":"","header-below-stick-meta":"","astra-migrate-meta-layouts":"","ast-page-background-enabled":"default","ast-page-background-meta":{"desktop":{"background-color":"var(--ast-global-color-4)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"tablet":{"background-color":"","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"mobile":{"background-color":"","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""}},"ast-content-background-meta":{"desktop":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"tablet":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""},"mobile":{"background-color":"var(--ast-global-color-5)","background-image":"","background-repeat":"repeat","background-position":"center center","background-size":"auto","background-attachment":"scroll","background-type":"","background-media":"","overlay-type":"","overlay-color":"","overlay-gradient":""}},"footnotes":""},"categories":[566,532,522,547],"tags":[],"acf":[],"yoast_head":"<!-- This site is optimized with the Yoast SEO plugin v21.5 - https:\/\/yoast.com\/wordpress\/plugins\/seo\/ -->\n<title>Mulheres pioneiras do cinema brasileiro - Academia Internacional de Cinema (AIC)<\/title>\n<meta name=\"robots\" content=\"index, follow, max-snippet:-1, max-image-preview:large, max-video-preview:-1\" \/>\n<link rel=\"canonical\" href=\"https:\/\/www.aicinema.com.br\/mulheres-pioneiras-do-cinema-brasileiro\/\" \/>\n<meta property=\"og:locale\" content=\"pt_BR\" \/>\n<meta property=\"og:type\" content=\"article\" \/>\n<meta property=\"og:title\" content=\"Mulheres pioneiras do cinema brasileiro - Academia Internacional de Cinema (AIC)\" \/>\n<meta property=\"og:description\" content=\"O cinema brasileiro possui uma longa e diversa trajet\u00f3ria, mas pouco se fala sobre as mulheres que ajudaram a construir essa hist\u00f3ria. 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