{"id":20494,"date":"2019-03-11T07:52:13","date_gmt":"2019-03-11T10:52:13","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=20494"},"modified":"2019-03-11T08:54:28","modified_gmt":"2019-03-11T11:54:28","slug":"longa-documental-de-cristiano-burlan-ex-aluno-da-aic-estreia-nacionalmente","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/longa-documental-de-cristiano-burlan-ex-aluno-da-aic-estreia-nacionalmente\/","title":{"rendered":"Longa documental de Cristiano Burlan, ex-aluno da AIC, estreia nacionalmente"},"content":{"rendered":"

\"\"Uberl\u00e2ndia, Minas Gerais, 24 de fevereiro de 2011. Isabel Burlan da Silva, m\u00e3e do cineasta Cristiano Burlan, \u00e9 assassinada pelo parceiro. Elegia de um Crime<\/em>, que estreia exclusivamente no CineSesc de S\u00e3o Paulo no dia 14 de mar\u00e7o e no circuito nacional em 28 de mar\u00e7o, encerra a \u201cTrilogia do Luto\u201d, que aborda a tr\u00e1gica hist\u00f3ria da fam\u00edlia. Diante da\u00a0impunidade, o filme\u00a0mergulha em uma viagem vertiginosa para reconstruir a imagem e a vida de Isabel.<\/p>\n

O filme, escrito e dirigido pelo ex-aluno da AIC Cristiano Burlan, fez parte da sele\u00e7\u00e3o do festival \u00c9 Tudo Verdade, no ano passado, tendo levado o pr\u00eamio de melhor filme pela ABD-SP (Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Documentaristas) e o pr\u00eamio EDT (Associa\u00e7\u00e3o de Profissionais de Edi\u00e7\u00e3o Audiovisual) de melhor document\u00e1rio. Al\u00e9m disso, o longa participou do Festival de Bras\u00edlia e do DocMontevideo.<\/p>\n

A \u201cTrilogia do Luto\u201d de Cristiano Burlan se iniciou em 2007, com o document\u00e1rio Constru\u00e7\u00e3o<\/em>, em homenagem a seu pai, falecido de forma at\u00e9 hoje pouco esclarecida. O segundo filme foi o premiado Mataram meu Irm\u00e3o <\/em>(2013), em que o cineasta reconstituiu os detalhes do assassinato de seu irm\u00e3o. A jornada pessoal de Burlan o levou ao cora\u00e7\u00e3o de um c\u00edrculo de viol\u00eancia em torno da periferia paulistana, onde morava com sua fam\u00edlia. Em seu novo document\u00e1rio, o diretor embarca rumo a Porto Alegre, entrevistando familiares e amigos para reconstituir parte da inf\u00e2ncia de sua m\u00e3e.<\/p>\n

Uma das caracter\u00edsticas do trabalho de Burlan \u00e9 n\u00e3o tentar fugir do que h\u00e1 de mais dram\u00e1tico e emocionalmente intenso em sua pr\u00f3pria exist\u00eancia. \u201cAcredito que sempre fazemos cinema por uma perspectiva pessoal. Eu precisava encerrar esse ciclo de luto e trag\u00e9dia familiar. Para isso, tinha duas sa\u00eddas: vingar as mortes dos meus familiares ou fazer os filmes\u201d, conta o diretor.<\/p>\n

A necessidade de fechar essa trilogia tamb\u00e9m est\u00e1 relacionada \u00e0 vontade de discutir sobre temas fundamentais e urgentes. \u201cNo caso do filme sobre minha m\u00e3e, esses temas s\u00e3o o feminic\u00eddio e a vulnerabilidade a que milhares de mulheres est\u00e3o expostas dentro de suas casas\u201d. Dados recentes apontam que o feminic\u00eddio cresceu exponencialmente nos primeiros meses de 2019, com mais de 100 casos consumados. \u201cPor mais que tenhamos discutido sobre machismo e criado leis que amparam as mulheres, elas continuam sendo v\u00edtimas de seus companheiros e permanecem expostas a viol\u00eancias cotidianas\u201d, ressalta Burlan, acrescentando que essa viol\u00eancia n\u00e3o pode ser legitimada.<\/p>\n

O filme n\u00e3o trata apenas da m\u00e3e do cineasta, mas da jornada de um filho em busca da imagem perdida dessa mulher. \u201cO luto costuma emba\u00e7ar as minhas lembran\u00e7as, apagar o rosto da mem\u00f3ria. Durante o filme, resgatei os tra\u00e7os, o cheiro, o contorno da minha m\u00e3e. E tamb\u00e9m me encontrei. Descobri muito de mim nesse percurso. Para mim, o filme foi um reencontro\u201d.<\/p>\n

Segundo Burlan, os document\u00e1rios n\u00e3o trazem resolu\u00e7\u00e3o para seus traumas, nem solucionam seus problemas, tampouco apagam a dor da perda. \u201cN\u00e3o acredito que isso seja terapia, porque n\u00e3o me sinto melhor depois de realizar os filmes; ao contr\u00e1rio, o pre\u00e7o que pago \u00e9 muito alto. N\u00e3o saio ileso nesse processo: eu me julgo e me cobro, \u00e9tica e esteticamente. Preciso realizar as obras e entender que elas n\u00e3o podem ser apenas sobre a minha hist\u00f3ria, mas que devem entrar em di\u00e1logo com outras hist\u00f3rias. Isso n\u00e3o \u00e9 terapia\u201d, ressalta.<\/p>\n

Atualmente, Cristiano Bulan est\u00e1 em processo de finaliza\u00e7\u00e3o da s\u00e9rie Paulo Freire, um Homem do Mundo<\/em>, para o SescTV. Tamb\u00e9m trabalha na montagem de seu mais recente longa-metragem, Batalha<\/em>, e est\u00e1 em fase de pr\u00e9-produ\u00e7\u00e3o do longa de fic\u00e7\u00e3o A M\u00e3e<\/em>, cujo roteiro assina com sua parceira criativa, Ana Carolina Marinho. O filme ser\u00e1 protagonizado por Marc\u00e9lia Cartaxo e contar\u00e1 com Helena Ignez e Osmar Prado no elenco.<\/p>\n

Ficha t\u00e9cnica<\/strong><\/h4>\n

T\u00edtulo: Elegia de um Crime
\n<\/em>Dura\u00e7\u00e3o: 92 minutos
\nG\u00eanero: Document\u00e1rio
\nDire\u00e7\u00e3o: Cristiano Burlan
\nProduzido por: Bela Filmes
\nProdu\u00e7\u00e3o executiva: Priscila Portella, Bruno Caticha
\nRoteiro: Cristiano Burlan, Ana Carolina Marinho
\nDire\u00e7\u00e3o de fotografia: Cristiano Burlan, Renato Maia, Henrique Zanoni
\nMontagem: Cristiano Burlan, Renato Maia
\nEdi\u00e7\u00e3o de som: Julia Teles, Vanessa Gusm\u00e3o
\nMixagem: Edson Secco
\nFinaliza\u00e7\u00e3o: Anti-glitch Foundation, Sonideria
\nColorista: Lucas Negr\u00e3o<\/p>\n

Trailer<\/strong><\/h4>\n