{"id":19713,"date":"2018-12-05T12:14:00","date_gmt":"2018-12-05T14:14:00","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=19713"},"modified":"2020-10-01T17:16:24","modified_gmt":"2020-10-01T20:16:24","slug":"dogma-95","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/dogma-95\/","title":{"rendered":"Dogma 95"},"content":{"rendered":"

O que foi o movimento cinematogr\u00e1fico, suas principais caracter\u00edsticas est\u00e9ticas, filmes e cineastas mais importantes e seu legado para o cinema.<\/strong><\/h2>\n

\u201cUm filme deveria ser como uma pedra no sapato.\u201d Lars von Trier<\/span><\/i><\/p><\/blockquote>\n

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O que foi o movimento<\/b><\/h3>\n

O movimento Dogma 95 come\u00e7ou, como o pr\u00f3prio nome j\u00e1 diz, em 1995. Foi uma iniciativa dos diretores dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg. Juntos, os cineastas criaram o \u201cManifesto Dogma 95\u201d e o \u201cVoto de Castidade\u201d, estabelecendo algumas regras para o fazer cinematogr\u00e1fico, baseadas em valores tradicionais – como hist\u00f3ria, atua\u00e7\u00e3o e tema, desprezando o uso de efeitos especiais elaborados ou de recursos tecnol\u00f3gicos. Foi uma forma de colocar novamente o poder nas m\u00e3os do diretor, como artista, ao inv\u00e9s de simplesmente dar aos est\u00fadios a autonomia sobre a cria\u00e7\u00e3o dos filmes. <\/span><\/p>\n

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Ensaio de Fran\u00e7ois Truffaut para a revista Cahiers du Cin\u00e9ma: “Uma certa tend\u00eancia do cinema franc\u00eas”, de 1954.<\/figcaption><\/figure>\n

Posteriormente, juntaram-se ao movimento os diretores Kristian Levring e S\u00f8ren Kragh-Jacobsen, tamb\u00e9m dinamarqueses. Esse grupo de cineastas formou o Coletivo Dogma 95 (<\/span>Dogma Brethren<\/span><\/i>). O movimento atuou at\u00e9 o ano de 2005, avan\u00e7ando da Dinamarca para diversos outros pa\u00edses do mundo. Outras figuras importantes foram Jean-Marc Barr, Harmony Korine, Anthony Dod Mantle, Paprika Steen, Susanne Bier, Richard Martini e Lone Scherfig.<\/span><\/p>\n

Um pouco de hist\u00f3ria<\/b><\/h3>\n

Lars von Trier e Thomas Vinterberg foram os respons\u00e1veis por escrever, em co-autoria, o manifesto e os \u201cvotos\u201d que o acompanharam. De acordo com Vinterberg, o texto foi escrito em 45 minutos. A inten\u00e7\u00e3o inicial do documento era resgatar alguns ideais lan\u00e7ados por Fran\u00e7ois Truffaut, em seu ensaio para a revista Cahiers du Cin\u00e9ma, <\/span>Une certaine tendance du cin\u00e9ma fran\u00e7ais<\/span><\/i>” (<\/span>Uma certa tend\u00eancia do cinema franc\u00eas<\/span><\/i>), de 1954. Afinal, a ess\u00eancia da Nouvelle Vague, que inspirou o Dogma 95 em v\u00e1rios aspectos, era libertar o cinema de suas amarras por meio de filmes experimentais. O diferencial dos dinamarqueses estava na maneira de buscar essa experimenta\u00e7\u00e3o.<\/span>
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O movimento foi anunciado por seus dois fundadores em mar\u00e7o de 1995, em Paris, na Fran\u00e7a, durante uma confer\u00eancia de cinema na qual diversos profissionais do mundo inteiro haviam se reunido para celebrar o primeiro s\u00e9culo da s\u00e9tima arte e contemplar seu futuro incerto, diante da hegemonia dos filmes comerciais, principalmente dos grandes est\u00fadios hollywoodianos. Quando foi chamado para dissertar sobre o tema, Lars von Trier surpreendeu o p\u00fablico do evento com uma verdadeira chuva de panfletos vermelhos, falando sobre o Dogma 95. <\/span><\/p>\n

Em respostas \u00e0s cr\u00edticas ao movimento, von Trier e Vinterberg declararam que seu desejo era simplesmente estabelecer um novo extremo. Afinal, em uma ind\u00fastria baseada em or\u00e7amentos multimilion\u00e1rios, os cineastas conclu\u00edram que era necess\u00e1rio equilibrar essa din\u00e2mica de alguma forma.<\/span><\/p>\n

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Cena de “Festa de Fam\u00edlia” (Festern, 1998), de Vinterberg – o primeiro filme do movimento.<\/figcaption><\/figure>\n

Curiosamente, a iniciativa surtiu impacto na produ\u00e7\u00e3o independente dinamarquesa, j\u00e1 que o governo do pa\u00eds aumentou o apoio financeiro ao cinema em 70% durante o per\u00edodo no qual o Dogma 95 atuou na Europa.<\/span><\/p>\n

O primeiro filme do movimento foi <\/span>Festa de Fam\u00edlia \/ Festern<\/span><\/i> (1998), de Vinterberg. Vencedor do Festival de Cannes no ano de seu lan\u00e7amento, o longa foi muito aclamado pela cr\u00edtica. O segundo filme do Dogma, <\/span>Os Idiotas \/ Idioterne<\/span><\/i>, dirigido por Lars von Trier, tamb\u00e9m foi lan\u00e7ado no mesmo ano em Cannes, apesar de inicialmente n\u00e3o ter sido t\u00e3o bem sucedido quanto seu predecessor.<\/span><\/p>\n

O cineasta franco-americano Jean-Marc Barr foi o primeiro n\u00e3o dinamarqu\u00eas a dirigir um filme do movimento, com <\/span>Lovers <\/span><\/i>(1999), produzido na Fran\u00e7a. O longa <\/span>Julien Donkey-Boy<\/span><\/i> (1999), do popular diretor norte-americano Harmony Korine, tamb\u00e9m \u00e9 considerado parte do Dogma 95. No total, 35 filmes lan\u00e7ados entre 1998 e 2005 constituem a lista completa do movimento.<\/span><\/p>\n

Principais caracter\u00edsticas est\u00e9ticas<\/b><\/h3>\n

Influenciado por movimentos anteriores, como o <\/span>Neorrealismo <\/b>e a <\/span>Nouvelle Vague<\/b>, o coletivo Dogma 95 surgiu com o objetivo de \u201cpurificar\u201d o fazer cinematogr\u00e1fico. Enquanto os italianos e franceses buscavam uma maior liberdade criativa, os dinamarqueses acreditavam que a \u00fanica forma de devolver ao cinema sua autenticidade era impor regras r\u00edgidas de produ\u00e7\u00e3o, abrindo m\u00e3o de recursos caros ou de efeitos especiais, assim como de truques t\u00e9cnicos de c\u00e2mera ou p\u00f3s-produ\u00e7\u00e3o. Os diretores deveriam se concentrar na hist\u00f3ria e na performance dos atores. O movimento foi considerado um marco mundial na produ\u00e7\u00e3o cinematogr\u00e1fica de baixo or\u00e7amento.<\/span><\/p>\n

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Cena de “Os Idiotas” (Idioterne), dirigido por Lars von Trier – o segundo filme do movimento.<\/figcaption><\/figure>\n

Os cineastas envolvidos acreditavam que uma abordagem livre de artif\u00edcios seria capaz de prender o espectador de forma mais profunda, j\u00e1 que o p\u00fablico n\u00e3o seria alienado ou distra\u00eddo por elementos superficiais, t\u00e3o comuns em <\/span>blockbusters<\/span><\/i>. Para fundamentar essa filosofia, Lars von Trier e Thomas Vinterberg criaram dez regras dentro das quais qualquer filme que quisesse fazer parte do movimento deveria se encaixar. O documento, muito claro e espec\u00edfico em suas exig\u00eancias, era uma forma de estimular os cineastas do grupo a manterem os princ\u00edpios do Dogma 95 em suas produ\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n

O Voto de Castidade*<\/b><\/h3>\n

Eu juro manter as seguintes regras, criadas e confirmadas pelo Dogma 95:<\/span>
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  1. As filmagens devem ser feitas em loca\u00e7\u00f5es, n\u00e3o em est\u00fadios. Objetos e acess\u00f3rios n\u00e3o devem ser levados para o local (se algum objeto espec\u00edfico \u00e9 necess\u00e1rio para a hist\u00f3ria, a loca\u00e7\u00e3o deve ser escolhida de modo que j\u00e1 contenha tal objeto).<\/span><\/li>\n
  2. O som nunca deve ser produzido separadamente das imagens, ou vice-versa (trilhas musicais n\u00e3o podem ser usadas, a menos que a m\u00fasica esteja tocando no local onde a cena \u00e9 gravada).<\/span><\/li>\n
  3. O filme deve ser gravado com a c\u00e2mera na m\u00e3o. Qualquer movimento ou sensa\u00e7\u00e3o de imobilidade obtidos manualmente s\u00e3o permitidos.<\/span><\/li>\n
  4. O filme deve ser em cores. Ilumina\u00e7\u00e3o especial n\u00e3o \u00e9 aceit\u00e1vel (se h\u00e1 pouca luz, a cena deve ser cortada ou uma \u00fanica l\u00e2mpada pode ser anexada \u00e0 c\u00e2mera).<\/span><\/li>\n
  5. Trabalhos \u00f3pticos e filtros s\u00e3o proibidos.<\/span><\/li>\n
  6. O filme n\u00e3o deve conter a\u00e7\u00f5es superficiais (assassinatos, armas, etc., n\u00e3o podem ser inclu\u00eddos).<\/span><\/li>\n
  7. Aliena\u00e7\u00f5es temporais e geogr\u00e1ficas n\u00e3o s\u00e3o permitidas (ou seja, o filme deve acontecer aqui e agora).<\/span><\/li>\n
  8. Filmes de g\u00eanero n\u00e3o s\u00e3o aceitos.<\/span><\/li>\n
  9. O formato do filme deve ser de 35 mm.<\/span><\/li>\n
  10. O diretor n\u00e3o pode ser creditado.<\/span><\/li>\n<\/ol>\n

    Al\u00e9m disso, eu juro como diretor me abster de gostos pessoais. N\u00e3o sou mais um artista. Juro me abster de criar uma \u201cobra\u201d, j\u00e1 que considero o instante mais importante do que o todo. Meu objetivo supremo \u00e9 obrigar a verdade a sair de meus personagens e loca\u00e7\u00f5es. Juro fazer isso de todas as formas poss\u00edveis e a custo de quaisquer considera\u00e7\u00f5es est\u00e9ticas ou relativas ao bom gosto.<\/span><\/p>\n

    Assim, fa\u00e7o meu VOTO DE CASTIDADE. (<\/span>Copenhagen, segunda-feira, 13 de mar\u00e7o de 1995.\u00a0<\/span>Em nome do DOGMA 95.\u00a0<\/span>Lars von Trier | Thomas Vinterberg) –\u00a0* tradu\u00e7\u00e3o livre<\/em><\/span><\/p>\n

    Se uma obra fosse aceita como parte do Dogma 95, o certificado do manifesto era inserido em sua sequ\u00eancia inicial, assim como o n\u00famero do filme dentro do movimento. A ideia era refor\u00e7ar a coletividade e a liberdade criativa, ainda que as imagens granuladas desses filmes e a c\u00e2mera em constante movimento muitas vezes criassem uma sensa\u00e7\u00e3o de inc\u00f4modo e desorienta\u00e7\u00e3o no p\u00fablico. Para os cineastas do grupo, o debate e a pol\u00eamica eram vistos como rea\u00e7\u00f5es positivas \u00e0 sua arte, j\u00e1 que atra\u00edram a aten\u00e7\u00e3o do mundo para o movimento.<\/span><\/p>\n

    Embora as regras do Dogma fossem bastante espec\u00edficas, elas acabaram sendo quebradas ou dribladas por alguns cineastas do movimento. Exemplo disso foi o pr\u00f3prio Vinterberg, que confessou ter coberto a luz de uma janela em uma cena de <\/span>Festa de Fam\u00edlia<\/span><\/i>, rompendo com o voto de n\u00e3o inserir objetos alheios ao set e de n\u00e3o usar nenhum tipo de ilumina\u00e7\u00e3o especial nas filmagens. <\/span><\/p>\n

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    Lars von Trier, cineasta dinamarqu\u00eas que junto de Thomas Vinterberg criaram o \u201cManifesto Dogma 95\u201d e o \u201cVoto de Castidade”.<\/figcaption><\/figure>\n

    Von Trier tamb\u00e9m desobedeceu aos pr\u00f3prios \u201cmandamentos\u201d, j\u00e1 que usou m\u00fasica de fundo no filme <\/span>Os Idiotas<\/span><\/i>. Com esses pequenos rompimentos das regras, a partir de 2002 um cineasta n\u00e3o precisava mais ter sua obra verificada pelo conselho original do Dogma 95 para identificar seu filme como parte do movimento. Os pr\u00f3prios fundadores come\u00e7aram a trabalhar em novos projetos experimentais e acabaram se tornando um pouco reticentes quanto \u00e0 interpreta\u00e7\u00e3o externa do Manifesto como um estigma ou g\u00eanero. <\/span><\/p>\n

    Sem d\u00favida, as estritas normas do movimento dividiram opini\u00f5es, mas os filmes produzidos durante o per\u00edodo tamb\u00e9m trouxeram uma nova forma de fazer cinema, extremamente provocadora e livre de grandes or\u00e7amentos ou aparatos t\u00e9cnicos. Para os criadores do Dogma 95, ter total liberdade de cria\u00e7\u00e3o poderia ser uma faca de dois gumes, prendendo a criatividade sob a ilus\u00e3o de possibilidades ilimitadas. Nesse sentido, colocar a criatividade dentro de uma caixa, metaforicamente falando, seria uma forma de obrigar os artistas a encontrarem formas de se libertarem.<\/span><\/p>\n

    Legado para o cinema<\/b><\/h3>\n
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    Thomas Vinterberg, que junto de Lars von Trier deram origem ao movimento, estabelecendo algumas regras para o fazer cinematogr\u00e1fico, baseadas em valores tradicionais.<\/figcaption><\/figure>\n

    \u201cAcredito que o Dogma foi inspirador para muitas pessoas e, de certa forma, iniciou um movimento digital. Pessoalmente, achei muito estimulante e fant\u00e1stico fazer filmes dentro do Dogma, mas me senti completo com <\/span>Festa de Fam\u00edlia<\/span><\/i>. Creio que esse foi o fim da linha do Dogma para mim. Foi o mais longe que eu poderia ir\u201d, afirmou Thomas Vinterberg.<\/span><\/p>\n

    Apesar de controverso em alguns sentidos, o Dogma 95 certamente influenciou outros movimentos culturais, em especial os filmes Mumblecore (subg\u00eanero do cinema independente que despontou a partir de 2002, caracterizado por atua\u00e7\u00f5es naturalistas e di\u00e1logos improvisados, com foco nos relacionamentos de personagens na faixa de 20 a 30 anos e produ\u00e7\u00e3o de baixo or\u00e7amento). J\u00e1 na literatura, inspirou os New Puritans ou Novos Puritanos (movimento atribu\u00eddo aos participantes de uma antologia de contos chamada <\/span>All Hail the New Puritans<\/span><\/i>, de 2000, um projeto que se destacou por seu minimalismo e autenticidade).<\/span><\/p>\n

    O longa experimental <\/span>Hotel <\/span><\/i>(2001), dirigido por Mike Figgis, faz diversas men\u00e7\u00f5es ao estilo do produ\u00e7\u00e3o do Dogma 95 e foi descrito como “um filme Dogma dentro de um filme”. Esse estilo tamb\u00e9m \u00e9 mencionado no epis\u00f3dio <\/span>Hino Nacional \/ The National Anthem<\/span><\/i>, na primeira temporada da s\u00e9rie <\/span>Black Mirror<\/span><\/i>. Outro exemplo de artista inspirado pelo movimento \u00e9 o m\u00fasico e produtor musical Money Mark (Mark Ramos Nishita), que usou princ\u00edpios do Dogma 95 em seu \u00e1lbum <\/span>Mark’s Keyboard Repair<\/span><\/i>.<\/span><\/p>\n

    Com o passar dos anos, diretores associados ao Dogma 95 come\u00e7aram a se afastar da f\u00f3rmula tradicional do movimento, criando seus pr\u00f3prios m\u00e9todos para realizar filmes art\u00edsticos de baixo or\u00e7amento. Al\u00e9m disso, com a qualidade e acessibilidade dos formatos digitais de v\u00eddeo, a pel\u00edcula de 35mm acabou se tornando, nos dias de hoje, quase um luxo para cineastas independentes.<\/span><\/p>\n

    Em 2015, o Museum of Arts and Design (MAD), em Nova York, homenageou o movimento com a retrospectiva <\/span>Director Must Not Be Credited: 20 Years of Dogma 95<\/span><\/i> (em tradu\u00e7\u00e3o livre, <\/span>O Diretor N\u00e3o Deve Ser Creditado: 20 Anos do Dogma 95<\/span><\/i>). <\/span><\/p>\n

    Dogma Feijoada<\/b><\/h3>\n

    Tomando como base o Dogma 95, um grupo de cineastas negros – em especial, paulistas – resolveu criar seu pr\u00f3prio movimento, intitulado Dogma Feijoada. Esse manifesto apareceu pela primeira vez em 2000, no 11\u00ba Festival Internacional de Curtas-Metragens de S\u00e3o Paulo. Seu prop\u00f3sito era colocar em foco o trabalho dos cineastas negros brasileiros.<\/span>
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    O cineasta Jeferson De, autor do manifesto Dogma Feijoada.<\/figcaption><\/figure>\n

    De acordo com Lucilene Pizoquero, pesquisadora do Cinema Brasileiro e professora da Academia Internacional de Cinema, a denomina\u00e7\u00e3o Dogma Feijoada surgiu com um tom provocador e jocoso. \u201cNo melhor sentido tropicalista, o movimento procurava canibalizar o Dogma europeu. Se este primava pela austeridade e sisudez, aquele remetia a\u0300 maleabilidade e plasticidade, significando a pr\u00f3pria invers\u00e3o de qualquer sistema r\u00edgido. Afinal, nada menos dogm\u00e1tico do que a feijoada, considerada um prato t\u00edpico da culin\u00e1ria brasileira, que amalgama ingredientes de diferentes tradi\u00e7\u00f5es culturais\u201d, explica Lucilene. Essa ambiguidade saltava aos olhos e, de modo travesso, contribuiu para divulgar o movimento.<\/span><\/p>\n

    O manifesto Dogma Feijoada, escrito pelo cineasta Jeferson De, indicava sete fundamentos para o cinema negro: <\/span><\/p>\n