{"id":18154,"date":"2018-03-28T14:58:32","date_gmt":"2018-03-28T17:58:32","guid":{"rendered":"http:\/\/aicinema.site.brtloja.com.br\/?p=18154"},"modified":"2022-04-27T14:16:48","modified_gmt":"2022-04-27T17:16:48","slug":"qual-a-diferenca-entre-filme-de-ficcao-e-documentario","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.aicinema.com.br\/qual-a-diferenca-entre-filme-de-ficcao-e-documentario\/","title":{"rendered":"DOCUMENT\u00c1RIO e FILME DE FIC\u00c7\u00c3O: os limites entre realidade e inven\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"
Para muitos documentaristas, a distin\u00e7\u00e3o entre o que caracteriza um filme de fic\u00e7\u00e3o e um document\u00e1rio pode ser bastante nebulosa. No in\u00edcio, o <\/span>cinema documental<\/span><\/a> era uma ferramenta de investiga\u00e7\u00e3o, mas essa defini\u00e7\u00e3o perdeu espa\u00e7o para concep\u00e7\u00f5es de narrativas mais criativas. Na verdade, o cinema nasceu como <\/span>document\u00e1rio<\/span><\/a>; afinal, os primeiros filmes dos irm\u00e3os Lumi\u00e8re, pioneiros do fazer cinematogr\u00e1fico, l\u00e1 no final do s\u00e9culo XIX, retratavam cenas do cotidiano dos franceses da \u00e9poca.<\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/a><\/p>\n <\/b> Acredita-se que o termo <\/span>documentary<\/span><\/i> tenha sido cunhado pelo cineasta escoc\u00eas John Grierson. Segundo ele, o princ\u00edpio do document\u00e1rio estava no potencial do cinema para a observa\u00e7\u00e3o da vida, que poderia ser explorado em uma nova forma de arte. Ele defendia que o ator \u201coriginal\u201d e a cena \u201coriginal\u201d seriam melhores para interpretar o mundo moderno do que os elementos que a fic\u00e7\u00e3o oferecia. Ou seja, que os conte\u00fados tirados do \u201cmaterial cru\u201d seriam sempre mais reais do que os encenados.<\/span><\/p>\n Para muitos estudiosos, o document\u00e1rio se diferencia das outras formas de n\u00e3o-fic\u00e7\u00e3o porque oferece uma opini\u00e3o, uma mensagem espec\u00edfica, junto com os fatos que apresenta. Vale lembrar que o document\u00e1rio \u00e9 uma pr\u00e1tica cinematogr\u00e1fica que est\u00e1 constantemente evoluindo e n\u00e3o tem fronteiras muito claras.<\/span><\/p>\n Uma das maiores diferen\u00e7as entre os dois estilos de filmes \u00e9 de que o cinema de fic\u00e7\u00e3o tem suas responsabilidades \u00e9ticas, naturalmente, mas no document\u00e1rio essa responsabilidade aumenta. Por qu\u00ea? Para um ator, o filme em que ele est\u00e1 trabalhando \u00e9 apenas um trabalho. J\u00e1 para o sujeito de um document\u00e1rio, a filmagem vai acabar, mas a vida continua. Esse \u201cpersonagem\u201d tem uma experi\u00eancia existencial com o filme. <\/span><\/p>\n <\/p>\n <\/p>\n Outra diferen\u00e7a \u00e9 que no document\u00e1rio voc\u00ea lida com a realidade de uma forma mais intensa, o que inclui as surpresas e decep\u00e7\u00f5es que fazem parte do mundo real. O que a realidade apresenta ao documentarista pode fazer parte do filme e enriquec\u00ea-lo, mas tamb\u00e9m podem causar problemas de log\u00edstica e planejamento.\u00a0 Na fic\u00e7\u00e3o, existe uma possibilidade muito maior de se planejar o que acontece no set, embora tamb\u00e9m exista espa\u00e7o para improviso. S\u00f3 que o controle \u00e9 muito maior.<\/span><\/p>\n Enquanto que na fic\u00e7\u00e3o boa parte do que se v\u00ea no filme j\u00e1 est\u00e1 previamente estabelecido no <\/span>roteiro<\/span><\/a>, o document\u00e1rio \u00e9 muito mais org\u00e2nico. Ele se constr\u00f3i enquanto est\u00e1 sendo feito: a filmagem busca o imprevisto. Nesse contexto, a pesquisa e a montagem s\u00e3o processos longos e important\u00edssimos para essa constru\u00e7\u00e3o.<\/span><\/p>\n Recentemente, a cultura do document\u00e1rio se expandiu e a pr\u00f3pria fic\u00e7\u00e3o tem usado elementos documentais, misturando linguagens. Para muitos cineastas, a diferen\u00e7a entre os g\u00eaneros n\u00e3o importa muito, pois trabalhar conscientemente na fronteira entre as v\u00e1rias formas de explorar a realidade pode enriquecer qualquer tipo de arte.<\/span><\/p>\n A \u00fanica distin\u00e7\u00e3o que precisa ser feita, para o artista, \u00e9 de que o filme seja fiel e potente quanto \u00e0 sua pretens\u00e3o art\u00edstica, que tenha coer\u00eancia interna de linguagem. O impacto que ele vai gerar no p\u00fablico, no final das contas, vai depender de in\u00fameras vari\u00e1veis que est\u00e3o fora do controle do cineasta.<\/span><\/p>\n *Texto: Katia Kreutz.<\/i><\/strong><\/p>\n <\/p>\n
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