Smartphone na indústria cinematográfica: veja 4 filmes feitos com celular
A indústria cinematográfica caminha de mãos dadas com a constante evolução da tecnologia. Conforme novos equipamentos e softwares são lançados, mais possibilidades são abertas para produções audiovisuais. Uma tendência que está ganhando visibilidade desde a década passada são os filmes feitos com celular.
Embora sejam dispositivos portáteis e com recursos limitados, isso não é motivo para que os smartphones modernos não se tornem poderosas ferramentas de trabalho nas mãos de cinéfilos e cineastas visionários. Neste artigo, você verá os principais filmes feitos com celular nos últimos anos. Continue a leitura para saber mais sobre o assunto!
1. High Flying Birds, 2019
Não é a primeira vez que Steven Soderbergh utiliza o smartphone para produzir uma obra cinematográfica. Seu talento para esse tipo de produção deixa claro que o diretor tem um dom natural quando o assunto é gravar filmes com celular. O fato de essa ser uma forma eficiente, rápida e consideravelmente menos onerosa de realizar um filme contribui para o sucesso de seus trabalhos.
O último filme lançado por Soderberg foi inteiramente gravado em um iPhone, assim como seu projeto Unsane, mas é notável que a proposta de High Flying Bird foi muito mais ambiciosa, já que ele percorreu diversos locais de Nova York, enquanto o trabalho anterior teve somente uma locação.
Os equipamentos utilizados foram apenas um iPhone 8, o aplicativo Filmic, um estabilizador DJJ Osmo e lentes anamórficas Moondog. O longa foi gravado em resolução 4K e Soderberg não fez muitas manipulações na fotografia do filme, mas utilizou o mesmo plug-in de Unsane para trazer o aspecto de filmagens antigas.
Diferentemente de muitos diretores conceituados, Soderberg não romantiza as técnicas tradicionais para produções cinematográficas. De acordo com o que ele disse à plateia do Slamdance, a produção de High Flyiing Bird teria exigido muito mais tempo e trabalho para ser concluída e o resultado ainda poderia ser inferior.
Para que você tenha uma ideia do reconhecimento que o projeto teve, até mesmo Anthony e Joe Russo, os irmãos que estão por trás dos filmes dos Vingadores, perguntaram a Sodenberg como ele trabalha com um smartphone.
2. #5 Calls, 2013
Assim como o exemplo anterior, o diretor Giuliano Chiaradia — que atua na indústria de conteúdo multiplataforma há mais de 20 anos e é responsável por inúmeras produções em emissoras nos Estados Unidos e América Latina, como Nickelodeon, MTV e SBT — tem uma relação tão forte com seu smartphone que chegou a admitir que seu primeiro filme, #5 Calls, foi 100% gravado com um celular, gerando uma grande repercussão no Festival de Cannes.
Além do filme ter o seu roteiro inteiramente escrito na tela do smartphone, os colaboradores (atores e profissionais envolvidos na produção) o receberam por meio de mensagens de texto de no máximo 180 caracteres. Outra curiosidade interessante é que os atores do filme foram convidados a integrar o projeto via SMS.
Para garantir mais liberdade de atuação e realismo, todas as cenas foram capturadas com um celular, e o dispositivo era acoplado ao corpo ou a peças de roupas das atrizes Julianne Trevisol, Guta Stresser e Natalia Lage. Até mesmo a edição do filme foi feita em um smartphone de Chiaradia (Nokia N95), em salas de espera e saguões de aeroportos, enquanto o visionário diretor aguardava seus voos.
A arte e a trilha sonora também não ficaram de fora e foram criadas com os wallpapers e ringtones disponíveis no próprio smartphone. Para garantir a integridade do projeto e ser fiel ao título “filmes feitos com celular”, até mesmo a inscrição no Festival de Cannes foi enviada pelo smartphone de Chiaradia.
3. Tangerine, 2016
Após causar um alvoroço no Sundance Film Festival, nos EUA, Tangerine ganhou destaque em meio aos filmes feitos com celular, que estão se tornando uma tendência cada vez mais comum. O longa, que foi filmado com um iPhone, foi o primeiro a participar do evento famoso por promover produções independentes. Embora não tenha ganhado nenhum prêmio, Tangerine ajudou a trazer visibilidade para esse novo formato de produções cinematográficas.
Além do app que permitiu controlar a abertura da lente, temperatura das cores e granulação da imagem, os três iPhones utilizados no filme contaram com o auxílio de um steadycam (dispositivo que ajuda a dar estabilidade ao operador de câmera e evita as “tremidinhas”). Um adaptador anamórfico também foi utilizado para que Tangerine tivesse uma área de filmagem maior (widescreen).
O diretor Sean S. Baker se orgulha de afirmar que o principal fator que o motivou a gravar o filme em um iPhone foi a redução dos custos.
4. Paranmanjang, 2011
Por fim, mas não menos importante, Chan-wook Park, mundialmente conhecido por uma das maiores obras cults da atualidade, Old Boy, chamou a atenção novamente quando trouxe o curta Paranmanjang. O diferencial do projeto, dessa vez, não foi focado na história do filme, mas sim na forma como ele foi gravado.
Todas as cenas foram gravadas com um iPhone 4, e o resultado mostra o notável talento do diretor coreano, pois não há diferenças muito perceptíveis, se comparado a uma produção feita tradicionalmente.
O início do curta-metragem, com duração de 30 minutos, tem imagens que podem parecer “estranhas”, mas o espectador acaba se acostumando rapidamente, segundo o próprio diretor.
Park afirmou, ainda, que o iPhone 4 tinha algumas características incomuns para quem está habituado a trabalhar com câmeras e equipamentos profissionais, principalmente em termos de peso e mobilidade, mas isso não afetou a qualidade e o desenvolvimento do enredo, que foi um dos pioneiros na categoria de filmes feitos com celular.
Como você pôde conferir, a tendência é que cada vez mais as pessoas não tenham medo de ousar e que os filmes feitos com celular se tornem uma prática comum, fator que abre margem para uma forma democrática e acessível de atuar no mercado audiovisual. Contudo, para produzir esse tipo de conteúdo, é preciso aprender mais sobre técnicas cinematográficas, como enquadramento, edição, roteiro, entre tantas outras.
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