O segundo dia da Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema (AIC) foi marcado pela exibição de dois filmes da cineasta Sabrina Fidalgo: “Rainha” e “Alfazema”.
“Rainha” conquistou mais de 30 prêmios e foi selecionado para a mostra Perspectives do Festival de Rotterdam. A obra narra a história de Rita (Ana Flávia Cavalcanti), que sonha em se tornar Rainha de Bateria da Escola de Samba de sua comunidade. Enfrentando uma competição desleal e diversos desafios sociais, Rita lida com um rigoroso regime de preparação física e conflitos internos e externos. O filme explora as dificuldades de Rita em meio a padrões estéticos irreais e a manipulação dos resultados pelo Diretor da Escola de Samba, que favorece outra candidata. A trama mistura realidade e imaginação, culminando em cenas de terror psicológico durante o carnaval, onde o sonho de Rita se transforma em um pesadelo.
Após a exibição dos filmes, Sabrina Fidalgo participou de um bate-papo com a plateia que lotou o estúdio da AIC, e foi aclamada como a verdadeira Rainha da noite. Extremamente carismática e acolhedora, Sabrina ouviu e respondeu a todas as perguntas com muita sensibilidade, sempre defendendo seu ponto de vista com entusiasmo.
“Audiovisual é um conjunto de coisas: é novela, é YouTube, são os milhares de vídeos que aparecem para a gente em diversas plataformas. Para mim, cinema não é audiovisual. Cinema é outra coisa, está em outro patamar, é linguagem, é beleza, é tempo sem diálogo, é arte visual em movimento. Cinema tem que ter beleza, fabulação, é sobre deixar um legado para a posteridade”, defendeu Sabrina.
Ela também compartilhou seu processo criativo, falando sobre a produção de filmes com baixo orçamento, mas sem abrir mão da estética e da narrativa. Destacou a importância do cinema de autor e deu várias dicas para quem está começando, como: assistir a muitos filmes de maneira enciclopédica, catalogando as obras, a linguagem e as referências de cada diretor e diretora; escrever suas próprias histórias; encontrar uma equipe que tenha sinergia com seus projetos e esteja disposta a trabalhar no esquema guerrilha. “Eu roteirizei, produzi, dirigi e atuei em meus filmes. Fizemos com muito pouco, em poucos dias, com uma equipe de amigos que topou embarcar na ideia comigo. É assim que a gente começa!”, contou.
Sabrina também abordou a questão da representatividade no cinema e como suas obras buscam dar voz a narrativas muitas vezes esquecidas. Destacou a autenticidade que busca transmitir em seus filmes, como “Black Berlin”, “Rainha” e “Alfazema”, e salientou a importância de manter a integridade artística e a liberdade de expressão.
Por fim, Sabrina falou sobre seus dois novos projetos: o documentário “Time to Change” – em coprodução com a Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil, com apoio da Ford Foundation, Fonds de Dotation àgnés b., Open Society Foundations, patrocínio da Drogasil e Lei Paulo Gustavo – e o longa-metragem de ficção “Karnaval”. Ambos os projetos estão sendo produzidos pela Gullane e Fidalgo Produções.
Ao final do evento, ainda por conta da chuva que caia lá fora, Sabrina falou com vários estudantes que formaram fila para trocar ideias ou apenas tirar uma foto com a Rainha.
Foto Raissà Nashla