Para Minha Amada Morta
A trama do longa é centrada no fotógrafo Fernando (Fernando Alves Pinto), um viúvo calado e introspectivo que vive cercado de objetos pessoais da falecida esposa, sofrendo pela sua ausência. Até descobrir, em uma fita VHS, uma surpresa que coloca em dúvida o amor da esposa por ele. Fernando decide investigar a verdade por trás destas imagens, desenvolvendo uma obsessão que consome seus dias e sua rotina. Monica Palazzo diz que o filme é sobre as transformações internas que passamos, sobre a passagem da veneração para a decepção.
Além do prêmio de Melhor Direção de Arte que Monica ganhou, o filme recebeu outros 5, ficando com o maior número de prêmios do Festival. Venceu nas categorias melhor direção (Aly Muritiba), melhor atriz e ator coadjuvante pelos trabalhos de Giuly Blancato e de Lourinelson Vladmir (quem fez a preparação de atores do filme foi a também professora da AIC – Amanda Gabriel), melhor fotografia (Pablo Baião), montagem (João Mena Barreto) e melhor longa-metragem segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
Em matéria do jornal curitibano Gazeta do Povo o jornalista Sandro Moser fala sobre a grandeza do filme: “Para Minha Amada Morta supera o principal defeito da produção mais recente do cinema brasileiro que é a pobreza ou o descaso com o roteiro; um ‘detalhe’ muitas vezes substituído por vaidade da direção, processos de preparação do elenco ou boas intenções. No caso do filme de Muritiba, ao contrário, o roteiro escrito pelo próprio cineasta é a grande força, ao contar em três atos uma história sobre luto, amor e vingança”.
Monica conheceu Aly Muritiba no 60º Festival de San Sebastian, quando foi para o lançamento mundial do filme ‘Cores’, de Francisco Garcia, no qual também assina a direção de arte. “Em 2013 ele veio pra São Paulo, fomos tomar um café e o Aly me convidou oficialmente para fazer o filme. O trabalho todo fluiu muito bem, mesmo sendo um filme de baixo orçamento me deram a estrutura que pedi. Aly sabia muito bem o filme que estava fazendo, deu referências bem específicas e ao mesmo tempo muita liberdade para gente criar. Ele tem o dom de orquestrar o trabalho da equipe. Soube agregar, somar e potencializar”, conta a diretora de arte.
Fome
Nas veredas da metrópole paulistana, um velho homem abandona o passado e caminha na invisibilidade. Carrega consigo apenas um carrinho, alguns trapos e a velhice. Depois que se viu a morte é possível morrer de amor por alguém? – essa é a sinopse do longa “Fome”, dirigido e roteirizado pelo professor Cristiano Burlan. O filme de baixo orçamento traz o crítico, professor e ator Jean-Claude Bernardet como protagonista.
Rodado em 6 dias, o longa sobre um morador de rua, encerra a “Tetralogia em preto e branco” do diretor, que se iniciou com “Sinfonia de um homem só” (2012), “Amador” (2013) e “Hamlet” (2014). Os quatro filmes têm a cidade de São Paulo como força motriz, os personagens deambulam por uma metrópole exposta em sua concretude e em perpétuo processo de construção e desconstrução.
Perguntado sobre o que é o “Fome”, o diretor diz “Morar na rua é um ato de resistência. O deambular é, para mim, não uma busca por chegar em algum lugar, mas a garantia do movimento. Eu já passei fome quando morei ilegalmente na Europa. A única coisa que passava na minha cabeça era a possibilidade do suicídio e a necessidade em andar. Mas o filme não é sobre mim. Acredito que os filmes só falam sobre duas coisas, o amor e a ausência dele”.
Jean-Claude, que recebeu o prêmio Especial do Júri por sua atuação diz, em entrevista para Burlan, que atuar foi uma experiência muito densa e muito positiva. “Quero estar associado a este tipo de cinema, que é um cinema de risco, um cinema que você não sabe muito bem no que vai dar e eu tenho um certo prazer angustiante, porém prazer em ir até os limites, de tentar ultrapassar os limites. Eu acho que no ‘Fome’ foi bastante isso”.
Burlan diz que o prêmio é resultado de um trabalho muito vertical do Jean-Claude. “Ele é o filme. Ele é um ator-performer e a sua interpretação é muito sólida”.
Quem assina o som direto do filme é o ex-professor Cláudio Gonçalves e o aluno Fábio Bessa. Ainda participaram do filme os alunos e ex-alunos Bil Silvestre (desenho de som e mixagem), Lucas Negrão (colorista), Helder Martins (diretor de fotografia), Ronaldo Dimer (2º assistente de fotografia), Arthur Tuoto (montagem adicional), Charlene Rover (fotografia still), João Macul (assistência de fotografia), Cris Hernandez (assistência de produção)e Aline Medeiros (produção de set), além dos professores Henrique Zanoni (roteiro e produção) e Ana Carolina Marinho (elenco).
Sobre estar no festival o diretor diz que foi a primeira vez em Brasília. “Participar do Festival de Brasília é muito importante para o filme. Esse é o festival mais antigo de cinema do país e tem um histórico de resistência política e estética necessário para a história do Brasil”.
Confira a lista completa dos premiados
Longa metragem – Júri Oficial
- Melhor filme de longa-metragem – “Big Jato”, de Cláudio Assis
- Melhor direção – Aly Muritiba, por “Para Minha Amada Morta”
- Melhor ator – Matheus Nachtergaele, por “Big Jato”
- Melhor atriz – Marcelia Cartaxo, por “Big Jato”
- Melhor ator coadjuvante – Lourinelson Vladmir, por “Para Minha Amada Morta”
- Melhor atriz coadjuvante – Giuly Biancato, por “Para Minha Amada Morta”
- Melhor roteiro – Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco, por “Big Jato”
- Melhor Fotografia – Pablo Baião, por “Para Minha Amada Morta”
- Melhor direção de arte – Monica Palazzo, por “Para Minha Amada Morta”
- Melhor trilha sonora – DJ Dolores, por “Big Jato”
- Melhor som – Claudio Gonçalves e Fábio Bessa, por “Fome”
- Melhor montagem – João Menna Barreto, por “Para Minha Amada Morta”
- Prêmio especial do júri – Jean-Claude Bernardet, por “Fome”
Filme de curta ou média metragem – Júri Oficial
- Melhor filme de curta ou média metragem – “Quintal”, de André Novais
- Melhor direção – Nathália Tereza, por “A Outra Margem”
- Melhor ator – João Campos, por “Cidade Nova”
- Melhor Atriz – Maria José Novais, por “Quintal”
- Melhor Roteiro – André Novais, por “Quintal”
- Melhor fotografia – Leonardo Feliciano, por “À Parte do Inferno”
- Melhor direção de arte – Fabiola Bonofiglio, por “Tarântula”
- Melhor trilha sonora – Sérgio Pererê, Carlos Francisco, Gabriel Martins e Pedro Santiago, por “Rapsódia Para o Homem Negro”
- Melhor som – Léo Bortolin, por “Command Action”
- Melhor montagem – Pablo Ferreira, por “Afonso É Uma Brazza”
- Prêmio especial do júri (Pela feliz conjugação entre o trabalho de direção e atuação coletiva): “História de Uma Pena”, de Leonardo Mouramateus
Prêmios do Júri Popular
- Melhor filme de longa-metragem – “A Família Dionti”, de Alan Minas
- Melhor filme de curta ou média metragem – “Afonso é uma Brazza”, de Naji Sidki e James Gama
*Imagens de divulgação