“Charlie possui o pescoço torto, mas pensa que é reto, então tenta desentortar o mundo ao seu redor.” A premissa do curta Pontos de Vista, de Isa Meneghini, é simples e, ao mesmo tempo, repleta de estranheza. O protagonista é um rapaz que não se sente parte do mundo onde vive, por conta de sua visão particular – e até mesmo distorcida – da realidade.
Não foi fácil tirar essa história do papel, mas os resultados positivos do esforço da cineasta e de sua equipe já começam a aparecer. O filme já passou por vários festivais, confira a lista completa:
- Filmworks Filme Festival
- Mostra de Cinema Brasileiro em Viena (Áustria)
- Rodando en Bicicleta (Colômbia)
- Internacional Delhi Shorts Film Festival (Índia)
- Chhatrapi Shivaji International Film Festival (Índia)
- Piggy Bank International Film Festival (Índia)
- Zoom International Film Festival (Polônia)
- Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cinema de Bento Gonçalves – RS
- Prêmio de Melhor Direção no festival FECEA – Festival de cinema escolar de Alvorada, RS
- Prêmio Júri Popular Mostra Online no Festival de Direitos Humanos – ENTRETODOS
“Sempre gostei de um humor tragicômico, um tanto nonsense, de personagens excêntricos em um universo próximo das fábulas”, conta a diretora e roteirista, ex-aluna do Filmworks na Academia Internacional de Cinema (AIC). Ela acrescenta que, no roteiro, tentou abordar o bullying e a pressão social, principalmente nas escolas, além do distanciamento dos adultos com relação às crianças e adolescentes.
A história trata de duas pessoas diferentes, que se encontram uma na outra e acabam se sentindo menos sozinhas. “Pesquisei bastante sobre ansiedade, depressão… temas que rondam o ambiente familiar e escolar dos jovens”, explica Isa, que tentava filmar Pontos de Vista desde 2014. “Eu não conseguia encontrar pessoas que topassem arriscar e fazer algo completamente fora de uma linguagem naturalista. ”
Foi em 2016, como trabalho de conclusão do curso na AIC, que a diretora conseguiu gravar o filme, tendo Chico Alencar no papel de Charlie. Como o curta é todo filmado de maneira subjetiva, do ponto de vista do protagonista, ele foi também o câmera. A direção de fotografia é de Paulo Fischer e a direção de arte fica a cargo de Ana Piller, que faz uma pontinha atuando. A própria Isa também trabalha como atriz, no papel de Julieta.
A produção fica por conta de Julia Hausner e Murilo Paiva (que também atuou como primeiro assistente de direção). Mateus Henrique e Raphael Cubakowic são responsáveis pela montagem. Os demais membros da equipe, também alunos da AIC, são Julia Rantigueri (segundo assistente de direção), Rafaella Kaufman (som direto), Felipe Soares e Guilherme Fiorentini (sound design). A trilha original é de Diogo Henrique, a colorização e masterização da Zumbi Post. No elenco, estão ainda José Roberto Rodriguez, Suelen Santana e Thiago Thalles.
De acordo com a cineasta, um dos fatores que levaram a equipe a confiar em sua “ideia maluca” foi um consistente caderno de produção, com 100 páginas. “Foi o curta mais desafiador que já fiz. Jamais teria conseguido executá-lo se não tivéssemos conseguido bater a meta do crowdfunding“, completa. Entre as dificuldades, a diretora cita a necessidade de criar um capacete específico para o ator principal e operador de câmera, para aguentar o equipamento 5D utilizado na gravação.
Isa Meneghini sempre esteve envolvida com teatro e cinema. “Desde criança, gostava de me reunir com amigos e gravar uns curtas de terror, uns videoclipes malucos”, lembra. Em 2011, começou a participar de um grupo de curtas com amigos de seu colégio que, assim como ela, também se identificavam com linguagens audiovisuais um pouco mais “bizarras”. Quando Isa começou a estudar cinema na AIC, passou também a conhecer melhor as funções cinematográficas. “Eu fazia tudo na hora, sem pensar muito. Fui começando a entender um pouco mais sobre um set profissional e isso também me fez crescer como atriz. ”
*Texto Katia Kreutz