“Quem quer ser documentarista precisa ter uma curiosidade inata, gostar de cavar, de ir além do que é dito, ter prazer em enfrentar desafios. Esse acho que é o primeiro requisito, falou Emília Silveira durante o bate-papo
Sabe aquelas pessoas que exalam humanidade? Seja pela forma como tratam o próximo, seja pela forma de falar e defender seus ideais, ou ainda pela escolha dos temas que a pessoa trabalha? Essa é a sensação que temos ao ouvir a documentarista Emília Silveira, ela inspira ética e humanidade. Emília esteve no último dia 15 na Academia Internacional de Cinema (AIC) para a 12ª Semana de Orientação. Chegou sem atraso, mesmo com o trânsito enlouquecedor do Rio de Janeiro e trouxe a tiracolo sua assistente e roteirista, Patricia Silveira, a quem sempre recorria para se certificar de uma ou outra informação que repassava.
Antes da entrevista para a comunicação da escola, feita sempre com os palestrantes convidados, ela colocou o microfone de lapela com intimidade e cumprimentou cada integrante da equipe: câmera, fotógrafo, repórter e produtora. Talvez por conta da carreira como jornalista, falou com tranquilidade e eloquência, quase sem precisar das perguntas que preparamos para ela.
“Quem quer ser documentarista precisa ter uma curiosidade inata, gostar de cavar, de ir além do que é dito, ter prazer em enfrentar desafios. Esse acho que é o primeiro requisito. Depois disso você precisa se preocupar com a memória. Não com a memória nostálgica, mas com a memória que é uma dinâmica do tempo presente, a memória que te dá a possibilidade de viver melhor o presente. É entendendo o passado que a gente entende melhor o presente”, falou Emília.
DOCUMENTÁRIOS E A DITADURA MILITAR
Em “Galeria F”, filme ainda inédito no circuito comercial, exibido no estúdio da AIC, Emília traz novamente a temática da ditadura, algo que já havia feito no seu documentário “Setenta” (2013). Ela conta a história de Theodomiro Romeiro dos Santos, preso político que sobreviveu à tortura e à prisão no regime militar. Em estilo road movie, o documentário foi gravado em sua maioria no interior da Bahia e refaz a rota da fuga de Theo da prisão, ao lado do filho Guga que, pela primeira vez, entra em contato com a verdadeira história do pai.
Também ex-presa política, a diretora conta que só trabalha com temas que entende e acredita. “Minha intenção é ir além dos estereótipos, mostrar a pessoa que se esconde na figura do militante, por exemplo. Com o momento que passamos no país é importante reviver tudo isso em filmes. Não dá para esquecer o que aconteceu no Brasil, o que é um golpe, o que é um regime autoritário, o que é você ser privado de liberdade”, conta.
Emília revelou muitas curiosidades sobre o filme, contou sobre quando conheceu o Theo e chegou a pensar que que não teria filme, pois ele era um personagem sisudo, que não queria muita exposição. Falou sobre como aos poucos foi bolando estratégias para desarma-lo e para retratar parte da história dele. “Foi aí que surgiu a ideia de fazer o caminho da fuga ao lado do filho, ele contando a história para o filho. Outra estratégia foi microfonar o Theo o tempo todo, gravávamos tudo o que ele dizia, mas claro, aí entra uma preocupação importante de quem faz documentário, as questões éticas ao selecionar o que você deve ou não usar no filme”.
MECÂNICA DE PRODUÇÃO
A documentarista também revelou como é o seu processo de produção, os parâmetros que segue em cada projeto.
Depois da ideia no papel, eu corro atrás do direito autoral da história e/ou do personagem, antes mesmo de falar com o produtor. De nada adianta você querer contar a história e a família ou o personagem não autorizar. Só entro em contato com o produtor depois de ter as autorizações em mãos.
Também só conto histórias de algo que eu entenda e me apaixone, aí começo a pensar em referências fílmicas de como quero contar essa história, qual a linguagem, qual o tipo de fotografia, defino tudo isso.
Depois disso vem a parte burocrática, mostrar para o produtor e correr atrás dos financiamentos, editais, leis de incentivo etc.
OS SILÊNCIOS PRECISAM SER AGUENTADOS
Para finalizar Emília trouxe questões mais poéticas, falou sobre a importância dos silêncios nos filmes, em especial nos documentários. Contou da dificuldade que tem em aguentar os silêncios, esperar as respostas, sem tentar completar o que o entrevistado quer dizer. Mas confessou que aos poucos ela está aprendendo a lição: “Os silêncios precisam ser aguentados. É no branco que o filme funciona melhor”.
Foi assim com a cena de Theo na cela em que ficou preso. O silêncio dominou a cena. “No dia em que a gente gravou, fomos eu, o câmera e o menino do áudio. Entrei no canto da cela e não falei nada. Não perguntei nada, não fiz nada, apenas fiquei quieta, segurando a mão do câmera. E aí, ele fez o que ele fazia sempre: começou a andar, andar, andar e andar”, conta.
E ao fim, depois das perguntas e da última fala de Emília, a plateia, renovada e cheia de gás, saiu entre suspiros e silêncios.
Com seu jeito despojado e bem humorado, Beto Brant começa o bate-papo com os participantes da Semana de Orientação na Academia Internacional de Cinema contando que acaba de voltar de Recife, onde estava com o cineasta Cláudio Assis. Do calor pernambucano para o paulistano, a conversa passa por vários tópicos, do fazer cinematográfico à situação política do país.
“Pitanga”
Como introdução, Beto fala um pouco sobre seu novo documentário, “Pitanga”, que acaba de ser exibido com exclusividade na AIC. O longa conta um pouco da história de Antônio Pitanga, um dos maiores atores do cinema nacional, protagonista de filmes importantes de Glauber Rocha, Cacá Diegues e Walter Lima Jr.
Beto Brant comenta sobre o momento político pelo qual o Brasil tem passado, um período pessimista e um pouco desalentador, em que as pessoas sumiram da rua, no qual o discurso de Pitanga – um discurso afirmativo, do negro, da mulher, de resistência – é mais atual do que nunca. “É importante poder falar das coisas que ele fala e ter essa influência, esse poder de afeto, de uma posição íntegra com a vida”, explica.
O cineasta conta que Pitanga vinha sendo esquecido. “Eu acho que até ele estava esquecendo quem era. Andava triste, me disse que esse era seu último voo antes do mergulho. E agora, depois do filme, já o chamaram para diversos trabalhos, ele está com a agenda lotada.” A recepção que o filme tem tido junto às plateias onde foi exibido tem dado novo fôlego tanto para o cineasta quando para seu protagonista.
As palavras de Pitanga, quando o diretor o abordou para fazer o documentário, foram essas: “Eu nunca participei de movimento negro. Eu sou um negro em movimento.” Então, a ideia não foi de filmar o que Beto Brant imaginava que Antônio Pitanga fosse, mas embarcar na jornada dele e conhecer esse movimento. “É uma viagem do artista, reencontrando seu passado e dando a ele um novo significado.”
Uma observação que aflora na conversa, que é algo interessante tanto na fala de Pitanga quanto na maneira como Beto organiza seu filme, é que as narrativas da história dele mostram um pouco da história do cinema. Isso traz à tona uma discussão sobre o abismo que existe, hoje, na política e na maneira como os artistas têm desenvolvido suas narrativas cinematográficas.
Cinema autoral
Beto acredita que “ir para a rua” com esse filme, lembrar que já houve resistência política dentro do cinema, foi uma de suas propostas com “Pitanga”. Combater um pouco esse lado “careta” que a produção audiovisual nacional tem abraçado.
A narrativa dominante no mercado, nos tempos atuais, parece ser a da massificação, de uma linguagem que busca o sucesso de bilheteria. “É tudo muito pobre”, lamenta o cineasta. Na contramão disso, ele busca o fazer cinematográfico como invenção. “O cinema, para mim, sempre foi uma forma de observação da aventura que consigo ter com a vida. Meu enfrentamento direto com a realidade. Uma forma de encontrar quem eu sou.”
A câmera, para Beto Brant, não está a serviço da história, mas sim do olhar do artista. É o cineasta quem escolhe o que vai enquadrar, de que modo quer narrar aquela história, que personagem vai colocar ali. “Tudo é sobre escolhas. E hoje em dia a gente vê muito o olhar sendo colocado em segundo plano, a favor de um mercado, de um negócio”, afirma.
Na época em que Beto Brant começou a fazer cinema, no governo Collor, houve um resgate do cinema brasileiro, mais autoral. “De repente valorizaram nosso jeito de entender cinema. Foi aí que consegui fazer meu primeiro filme”, lembra o diretor. Hoje, ele continua resistindo e se reinventando, trabalhando com parceiros, fazendo documentários e não esperando dinheiro de editais. “A gente tem que fazer um cinema possível, mas livre, sem intervenção”, defende.
Desafios do fazer cinematográfico
Perguntado sobre as maiores dificuldades que já enfrentou em sua carreira, tanto criativas quanto de gestão, Beto diz que o problema maior é sempre de financiamento. Ele conta que sempre produziu seus trabalhos, nunca ficou esperando que os outros fizessem as coisas por ele. “Mesmo que você tenha uma produtora, uma empresa pra fazer seu filme, ele vai ficar parado se você não correr atrás.” Esse tipo criador, que faz a produção pessoalmente, pode encontrar canais mais abertos. “Muitas vezes é chato, sim. Mas é necessário.”
Outro desafio está em lidar com a equipe. Tendo iniciado sua trajetória profissional no teatro, Beto explica que é complicado trabalhar em grupo, porque cada um imprime uma vontade diferente, o que muitas vezes gera incompatibilidades e instabilidade. Isso é ruim para um trabalho a longo prazo, como o cinema. “Às vezes demora quatro, cinco anos para um projeto ser concluído. Em cinco anos a cabeça da gente muda, então tem que reinventar o filme.”
De acordo com o cineasta, é preciso muita perseverança para levar a cabo um longa-metragem, incorporando novas ideias e ao mesmo tempo mantendo o projeto vivo. Além disso, todos precisam estar envolvidos na história e unidos na sua realização. A equipe não deve simplesmente ser comandada pelo diretor, mas acrescentar, trazer novas visões.
Leitura da vida
Sobre sua relação com documentários, Beto conta que sua experiência com cinema sempre foi um pretexto para sair, observar a vida, perguntar, entrar onde não deveria, investigar o mundo. Tendo feito muitas adaptações literárias, seu maior desafio era pegar algo que saiu da imaginação de um escritor e não reproduzir aquilo, mas fazer uma nova leitura. “Vou partir desse contexto que ele concebeu e tentar buscar conexões minhas. Então meu olhar está sempre ali. A experiência do cinema está sempre conectada com a minha observação, com o meu movimento na vida.”
Esse olhar para a vida se revela principalmente na edição. “A montagem é a construção de uma sintaxe, de um discurso. Como o escritor usa a palavra, você usa imagens e som. Você tem que ser o primeiro leitor do seu filme. Por isso é que muitas vezes demora tanto”, ressalta. No caso de “Pitanga”, por exemplo, o tempo de montagem foi de um ano e meio. “Foi uma lapidação. Estávamos sem dinheiro pra finalizar, demorou… Foi difícil.”
O longa foi co-dirigido pela atriz Camila Pitanga, filha de Antônio Pitanga. Beto afirma que não apenas o compartilhamento de ideias foi importante, mas a presença dela no set também. “Teve um momento em que ela falou para eu ir sozinho, pois estava muito ocupada com outros trabalhos. Mas eu disse: Como? O Pitanga precisava contar a história dele para a Camila, por isso é que o filme transborda afeto”, explica.
Festa no set
Em certo momento, Beto Brant define o set de filmagem como uma festa, uma rave – o que faz a plateia rir, mas fala de algo muito importante para quem pretende seguir na carreira de diretor de cinema: a gravação é o atelier do cineasta e precisa ser um processo prazeroso. “É o momento da construção do filme, dos planos. É delicioso!”
Beto conta que foi aprimorando um método de trabalho, com o passar dos anos. Primeiramente, sabendo reconhecer a necessidade de agir diferente com atores e não-atores. “O ator incorpora a repetição, vai inventando e arriscando, já o não-ator vai ficando cada vez pior”, explica.
Outra coisa muito importante, para ele, é que a equipe possa fazer uma imersão na locação, realmente conhecendo o ambiente onde irão trabalhar. “Quando começa a filmagem, o set tem vida. Não é gravar um filme e chegar em cima da hora, a arte ficar colocando coisas, o diretor atrasado”, compara. Ele relata que costuma ensaiar com os atores na locação, se possível no horário em que a cena iria acontecer de fato.
“O problema é que muitas vezes o fotógrafo chega com o eletricista e fica querendo colocar refletores”. Ao invés disso, Beto passa o dia no local e vê como a luz funciona. “Não dá para lutar contra a luz”, completa. Segundo ele, o que acontece no cinema tradicional é que uma equipe chega para filmar de manhã, tem várias tomadas para fazer, algumas horas depois a luz é outra e o diretor de fotografia começa a tentar emular a luz do início. “Vira uma agonia! Aí você quer filmar do outro lado e demora mais duas horas pra iluminar”.
Por isso, a estratégia do diretor é escolher as locações de acordo com o horário bom da luz, ensaiar e definir tudo antes. Assim, quando chega a hora de filmar, ganha-se agilidade e a experiência se torna mais gostosa. “Claro que dá pra colocar luz no set, mas não ser escravo dela. O tempo não é o do fotógrafo, da luz, do cabo, do gerador. É o tempo da ação, do ambiente. Por isso é preciso visitar, conhecer e descobrir a locação, criar essa intimidade com ela”, finaliza.
Seguindo em frente
Uma das últimas perguntas dos participantes do bate-papo para Beto Brant foi quase pessoal: “O que te move na hora de escolher uma história para contar?” Com tranquilidade, ele responde que vai procurando, por aí, e acaba encontrando. Atualmente, está trabalhando em um projeto com Marçal Aquino, uma adaptação de um livro do escritor.
Para quem tem uma relação de tranquilidade e aceitação com seus filmes, o jeito é sempre seguir em frente. “Eu nunca me arrependi de nenhum projeto. Quando você faz um filme, ele é você naquele momento. Então eu respeito.” Beto acredita que o cinema é feito de escolhas: o tempo inteiro o diretor está escolhendo quem é, que diálogo é importante para ele. Por isso, o cineasta não abre mão de contar histórias que, de alguma forma, o definam.
E como ele vê o futuro do cinema brasileiro? “A política hoje é outra, vão reduzir bastante as fontes de recursos. Vai ter cada vez mais esse filme negócio, pra TV, séries… Agora o mérito é bilheteria de shopping.” Embora isso desmotive um pouco, Beto vê que essa situação também pode motivar, criar uma vontade ir para a rua. “Nos momentos de crise, a sociedade sempre se manifesta no meio artístico de maneira contundente. Então estou acreditando nos cineastas que vêm por aí, buscando novas maneiras de testemunhar seu tempo”, conclui o diretor, que não pretende desistir dessa busca por uma leitura especial do mundo – uma busca que, no fim das contas, é a verdadeira função do artista.
“Você precisa estar preparado para fracassar.”Essa foi uma das frases que marcaram quem esteve no primeiro dia da 12ª Semana de Orientação da Academia Internacional de Cinema e ouviu Marina Person contar um pouco sobre sua trajetória como produtora, atriz e diretora de cinema. Pequena e de aspecto até um pouco frágil, a diretora parece se transformar em uma gigante quando começa a falar.
Marina Person é muito conhecida pela “geração MTV”, por sua passagem na emissora como VJ, ao lado de João Gordo e Adnet. Quem foi adolescente nos anos 1990 tirava suas referências culturais daquele canal de jovens, feito por jovens. Trabalhar na MTV na época era equivalente a um emprego hoje no Google, como observou um dos participantes da palestra. Marina contou um pouco sobre sua carreira, lembrou de histórias que ficaram marcadas na memória, mas acima de tudo quis ouvir e conversar com os alunos que encheram o estúdio da AIC numa noite quente de terça-feira.
“Califórnia”
O bate-papo começou com a cineasta contando um pouco sobre seu primeiro longa-metragem de ficção, “Califórnia”, que foi exibido antes da palestra. Ela lembra que suas primeiras anotações foram em 2004 e o projeto levou dez anos para ser filmado. “A inspiração inicial foi minha própria experiência, minha história de adolescente em São Paulo nos anos 1980”. Marina vê elementos autobiográficos em vários personagens, mas uma das coisas que mais gosta no longa é o fato de poder se reconhecer nesse trabalho.
Mas sobre o que é esse filme? A diretora conta que pretendia abordar o momento de abertura política, das Diretas Já no Brasil, em 1984, que foi algo muito significativo em sua juventude – a primeira vez que o país falava em democracia, depois de vinte anos de ditadura. “Eu me lembro da sensação de ir para as ruas. Era uma voz uníssona, todo mundo do mesmo lado gritando a mesma coisa”, explica.
Outra questão que a cineasta queria abordar no filme era a da AIDS, já que sua geração foi a primeira que iniciou a vida sexual junto com a doença, que era um tabu enorme na época. A AIDS matava extremamente rápido e ninguém sabia o que era, não havia nada a se fazer. Além disso, a doença era muito carregada de preconceito, associada à promiscuidade, cercada de ignorância e falta de informação.
“A Califórnia pra mim era esse sonho, esse lugar de liberdade. A gente ouvia aquele slogan: Brasil, ame-o ou deixe-o. E, por causa da repressão, muita gente saiu do país pra tentar a vida em outros lugares”, continua Marina, para quem a ideia do título do filme veio do pensamento de que, muitas vezes, nossos maiores sonhos acabam não sendo do jeito que imaginamos. Ela cita também uma frase de John Lennon, que serviu de inspiração para o roteiro: “A vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo outros planos.” Isso porque quase nunca temos tudo o que sonhamos, mas precisamos ficar atentos para as coisas boas que não estavam nos planos.
Dando vida ao filme
Ainda sobre “Califórnia”, Marina aborda o trabalho de preparação de atores, já que grande parte do elenco de seu longa era muito jovem e inexperiente. Para ela, foi essencial que eles entendessem a época que estavam retratando– o que era viver sem celular, ter outros jeitos de se comunicar. As cenas de nudez também foram bastante delicadas, já que esse tipo de situação sempre é difícil para todo mundo. “Eu estava com muito medo, mas no final deu tudo certo e a cena de sexo é uma das minhas preferidas do filme”.
A arte de lidar com atores, aliás, foi um dos ensinamentos de Marina Person para o público do bate-papo. Ela lembra de ter participado de uma palestra com Wim Wenders, na qual o cineasta disse uma das coisas mais importantes que já ouviu sobre atores: não existe um ator igual ao outro. Todos são seres únicos, individuais, por isso é preciso ver o que funciona em cada contexto. Alguns atores precisam de muito ensaio, vão esquentando aos poucos e só conseguem dar seu melhor na décima tomada. Outros não podem falar muito antes da cena, dão seu melhor na primeira tomada e depois vão perdendo a energia, não se tira mais nada deles. “Você precisa torcer é para não ter os dois tipos de atores na mesma cena”, ela brinca.
Quanto às músicas de “Califórnia”, Marina explica que todas foram escolhidas por ela e a lista inicial era enorme, por isso a parte complicada foi escolher o que ficaria de fora. O longa tem 15 músicas, 8 delas estrangeiras, todas autorizadas. Cada uma foi duramente batalhada e a cineasta conta que gastou muito dinheiro na trilha, que inclui canções de artistas como New Order, The Cure e David Bowie.
Como todo artista, a cineasta teve momentos de crise criativa durante a produção do filme, especialmente por se tratar de um projeto tão longo. “Eu não aguentava mais aquela história, mas já tinha investido tempo e dinheiro pra colocar o projeto na lei, não dava pra voltar atrás.” O sentimento passou e se transformou em empolgação quando ela encontrou os atores. Afinal, uma coisa é imaginar o filme no papel e outra é estar nas locações, com a equipe de filmagem. A fase de adaptar sua imaginação para a realidade renova o frescor da história.
Cinema no sangue
Filha do conceituado cineasta Luis Sérgio Person, Marina conviveu com o fazer cinematográfico desde muito cedo. Ela sempre pensou que faria cinema, embora não soubesse muito bem se seria atriz, diretora ou fotógrafa. Foi estudando na ECA/USP que realmente teve contato com a obra de seu pai. “Até então, todos me diziam que o trabalho dele era incrível, mas eu desconfiava que eram apenas amigos e familiares contando coisas para uma menina que perdeu o pai com menos de sete anos. Toda a relação que eu tinha com o cinema dele passava por esse lado afetivo. Quando entrei na faculdade e vi que seus filmes eram estudados na escola, tive outra visão”.
Apesar do legado de seu pai, Marina afirma que nunca sentiu cobranças ou expectativas no sentido de dar continuidade à obra dele ou “herdar o talento”, se é que isso existe. Ela teve, sim, dúvidas se deveria realizar o documentário sobre o pai (“Person – Um cineasta de São Paulo”, lançado em 2003). No entanto, acabou percebendo que esse era um filme que somente ela poderia fazer, sobre uma filha privada dessa convivência com a figura paterna. “O filme foi muito importante porque descobri outro lado do meu pai, que eu não conhecia. Foi uma jornada pessoal, que me poupou vários anos de análise”, brinca.
Mulheres na direção
Perguntada sobre um tema bastante atual, o da dificuldade de ingresso das mulheres no mercado de trabalho audiovisual, especialmente na direção, Marina observa que, de fato, as pessoas estão começando a perceber esse problema. Por que existem tão poucos filmes dirigidos por mulheres, se as escolas de cinema estão cheias de meninas? O que está acontecendo de errado nesse processo? “Tem muita mulher na produção, algumas no roteiro e montagem. E aí você se pergunta: elas não estão dirigindo por que não estão interessadas? Eu não acredito que seja isso”, afirma. De acordo com Marina, o problema talvez possa estar nas comissões de seleção de projetos dos editais, que são formadas em sua maioria por homens, ou nos próprios festivas de cinema, cujos filmes em geral também são selecionados por profissionais do sexo masculino. “Por que será que, em 89 anos de Oscar, só uma mulher ganhou como melhor diretora? Isso está estranho, não?”
Segundo Marina, quando analisamos os números de profissionais do sexo feminino no cinema, eles falam tudo. E as coisas não precisam ser assim. Filmes dirigidos por mulheres exploram mais temáticas femininas, as personagens são mais interessantes, há mais mulheres na equipe… “No meu próprio filme, todas as cabeças de equipe foram mulheres, mas não foi uma ação afirmativa, simplesmente aconteceu de forma natural. O filme não precisa ser de mulher ou de homem, mas esses números precisam mudar. Se as comissões dos editais de fomento não tiverem 50% de mulheres, a gente vai continuar perpetuando a ideia de que o cinema é uma atividade masculina”, ressalta.
Outra questão está na formação de opinião. Marina observa que, nos grandes veículos de mídia nacionais, não há muitas jornalistas mulheres com cargos fixos. Há décadas as redações são dirigidas por homens e formadas por homens. Ou seja, se não existe uma formação de olhar pela ótica feminina, o espaço da crítica para filmes feitos por mulheres também vai ser pequeno. Para a cineasta, essa cadeia de produção precisa ser revista de ponta a ponta. “Por isso precisamos bater na tecla da igualdade: para equiparar esses números. Não estamos falando de mulher só ver filme de mulher e homem só ver filme de homem. A nossa luta agora é pela igualdade, para termos oportunidades iguais.”
Encruzilhada profissional
Vencendo os desafios do mercado, outra pergunta de muitos estudantes de cinema diz respeito ao que fazer para descobrir que área seguir. Transitando por trabalhos tão diferentes, do documentário à ficção, Marina explica que os caminhos nunca são muito claros. Quando se está começando, há inúmeras possibilidades. Contudo, ela também acredita na versatilidade. “Existe uma tentativa de enquadrarem as pessoas em apenas uma coisa, mas às vezes você é mais do que aquilo. O que eu posso dizer é que você deve perseguir o que gosta, mesmo se depois descobrir que não é bem o que queria”, aconselha.
Marina lembra que entrou na faculdade querendo ser diretora de fotografia, mas acabou desistindo por motivos que, hoje, ela considera errados. Na época, para ser fotógrafo era necessário passar pela função de segundo assistente de câmera, ou seja, a pessoa que carregava as malas pesadíssimas de equipamentos. Embora não exista nada no trabalho do diretor de fotografia que exija força física, ela não sabia que era possível questionar essa hierarquia. Com seu porte pequeno e sem muitos músculos, Marina simplesmente não tinha condição física para essa função, então resolveu partir para outras áreas.
Por isso, também, ela ressalta que sempre é importante tentar. “Só dá pra saber fazendo. Você vai errar, e tudo bem; vai se frustrar, e é isso mesmo. Se decidir que quer fazer outra coisa, mude. Não tem idade para aprender algo novo, começar uma nova carreira. Essa disposição é importante. Não pode ter medo de fracassar, porque o fracasso faz parte. Não se deixe abater, aceite aquilo como uma experiência”, enfatiza.
A liberdade de errar
Para a turma de futuros diretores e meros interessados, Marina Person deixa uma lição não apenas para a carreira profissional, mas para a vida: a gente erra muito mais do que acerta, mas podemos aprender e evoluir com os nossos erros. Em qualquer trabalho criativo, é preciso não ter medo de errar, senão você pensa que aquilo nunca vai estar suficientemente bom para alguém ver. Em tempos que pregam a perfeição, o conselho da cineasta é deixar isso de lado e não sofrer tanto, nem se abater com a autocrítica.
Essa “disposição para o fracasso” foi algo que permeou a fala da cineasta. Mesmo estando no mercado de trabalho há muitos anos, ela sabe o quanto isso é muito difícil, ressaltando inclusive que, muitas vezes, essas são coisas que não se comenta na faculdade. “É óbvio que a gente tem que trabalhar para acertar, mas ter esse compromisso de ser incrível o tempo inteiro é um ponto de partida perigoso”, completa.
Já ao final do bate-papo, Marina explica que a situação do cinema brasileiro anda um pouco incerta, já que ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. Os processos são lentos, os fomentos não estão acontecendo, o governo promete coisas e depois não faz. O pior de tudo, entretanto, é sociedade considerar a cultura supérflua. “A gente depende muito de uma consciência da importância da cultura”, reforça. “As pessoas não entendem que cultura é identidade, é nossa história. Se não tivermos isso, a gente vai ser apenas pasto pra soja. Mário de Andrade já dizia que a cultura é tão importante quanto o pão. A gente nunca pode abrir mão de fazer nossas próprias coisas.” Vindas de alguém que vem fazendo sua parte para deixar uma marca no cinema brasileiro, as palavras são um alerta, mas também incentivo e inspiração.
Exibição exclusiva de Redemoinho ontem, na AIC, seguida de bate-papo com o diretor Villamarim
Mesmo com a agenda lotada por conta da estreia de “Redemoinho” nos cinemas, José Luiz Villamarim chegou animado na Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro. Com o estúdio cheio e alunos e convidados sentados pertinho do diretor, a conversa rolou com aquele tom informal já típico da Semana de Orientação – evento que acontece anualmente na AIC e traz cineastas para um ciclo de bate-papos e exibição de filmes.
Villamarim contou sobre sua carreira, projetos e claro, sobre seu primeiro longa que estreou no último dia 9 nos cinemas. “Minha paixão pelo cinema vem desde os meus 15 anos, antes do desejo de trabalhar com TV. Um certo dia, em Belo Horizonte, levado por meu pai, que era fã de Tom & Jerry, fomos a uma matinê de domingo. Só que ao invés de passar o desenho animado, por um problema na cópia, eles exibiram “O Enigma de Kaspar Hauser”, do Werner Herzog. Aquilo foi uma revelação que me deixou perturbado e curioso pelo cinema como expressão artística. A partir daí comecei a frequentar cineclubes e trabalhar com videoarte, mas a vontade mesmo era tratar dos dramas humanas através das imagens. Foi aí que surgiu um contato na Globo onde fui apresentado ao diretor Dennis Carvalho, que me convidou para fazer a minissérie “Anos Rebeldes”.
REDEMOINHO, DIRETOR E PARCERIAS DE TRABALHO
José Luiz Villamarim, ontem, no estúdio da AIC, conversando com a platéia que encheu o estúdio
Com mais de 18 novelas no currículo, diretor das séries “Nada Será Como Antes” e “Justiça”, José Luiz Villamarim retoma as parcerias dos sucessos “O Canto da Sereia”, “Amores Roubados” e “O Rebu” com o roteirista George Moura e o diretor de fotografia Walter Carvalho. “Redemoinho”, longa de estreia de Villamarim, ganhou o Prêmio Especial do Júri Oficial e o de Melhor Ator para Julio Andrade no Festival do Rio 2016. Também esteve presente no Festival de Havana, na 40ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo e na 10ª Mostra de Cinema de Belo Horizonte.
O filme, exibido antes do bate-papo, é sobre o reencontro dos grandes amigos de infância Luzimar (Irandhir Santos) e Gildo (Julio Andrade), que cresceram juntos em Cataguases, no interior de Minas Gerais, mas ficaram muitos anos afastados. Luzimar trabalha em uma fábrica de tecelagem e nunca saiu de sua cidade. Gildo mora em São Paulo e acredita ter se tornado um homem mais bem-sucedido. Na véspera do Natal, Gildo chega a Cataguases para ajudar a mãe, Dona Marta (Cássia Kis), a vender a casa da família. Já Luzimar, casado com Toninha (Dira Paes), por quem é apaixonado, tenta guardar de todos um segredo. Mas a volta do velho amigo pode mudar seus planos e lançá-lo em um arriscado acerto de contas.
“Redemoinho fala do conflito e da angustiante dúvida sobre quem fez a melhor escolha: aquele que partiu da cidade onde nasceu ou aquele que escolheu ficar”, define Villamarim. “Gildo sai de Cataguases, mas Cataguases não sai de dentro dele. Também é uma história sobre a amizade e a implosão dos laços de afeto familiares, que traz uma série de questões sobre esse país em transe no qual vivemos nos dias de hoje. ”
Rodado ao longo de dois meses na cidade de Cataguases, na Zona da Mata mineira, o filme é baseado no livro “Inferno Provisório – O Mundo Inimigo” Vol. II, do escritor mineiro Luiz Ruffato.
“O processo de adaptação durou uns dez anos, porque minha carreira avançou na Globo e nunca sobrava muito tempo. Mas nem eu, nem a Vânia (produtora do filme) desistimos durante todo esse tempo. Até que eu me vi prestes a completar 50 anos, e pensei que estava mais do que na hora de fazer um filme”, conta.
O TREM
Questionado sobre o trem que aparece nas cenas do filme e aparentemente “vai crescendo” na história, Villamarim conta que quando conheceu a região onde seriam as filmagens, pensou que a história não poderia ser contada sem o trem.
Villamarim contou sobre o filme que é sobre o reencontro dos grandes amigos de infância Luzimar (Irandhir Santos) e Gildo (Julio Andrade), que cresceram juntos em Cataguases, no interior de Minas Gerais, mas ficaram muitos anos afastados.
“A locomotiva representa, de alguma forma, um ponto de fuga, a possibilidade da partida, e também com ele sempre volta a passar no mesmo lugar, ele tem um caráter de redemoinho, algo que gira em torno do seu próprio eixo, sem sair do lugar e ao mesmo tempo tragando tudo. O trilho traz as linhas paralelas que contaminaram os enquadramentos. E o fato de o trem passar tão perto da casa dos personagens e de forma tão estridente, passou a ser uma trilha sonora do filme. A linha do trem traz a ideia dos personagens, que querem sair daquele lugar, sair daquele inferno provisório no qual eles estão condenados a viver. A simbologia do trem ganhou uma proporção tal, que cheguei a dizer à produção: se não tiver trem, não tem filme. ”
TV VERSUS CINEMA – AS DIFERENÇAS
Questionado sobre as diferenças da TV e do Cinema, Villamarim citou o livro “Esculpir o Tempo”, de Tarkoviski e recomendou para que todos ali lessem a obra prima do autor. “No cinema a gente tem mais tempo, consegue lapidar, esculpir, tirar os excessos. Cinema é sintaxe. A televisão é repetição, a gente não tem tempo, termina e vai para o ar”, conta.
O papo ainda passou por muitos temas diferentes, como políticas públicas, ANCINE, mão de obra qualificada para o audiovisual, o trabalho com o ator, entre tantos outros, que só quem esteve lá para participar pode ouvir tudo.
Terminou com um conselho para quem está começando. “Sejam sempre inseguros, a insegurança é ótima. A certeza nunca deve ser bem-vinda. Você precisa ser assertivo, saber o que quer e ao mesmo tempo escutar os ‘presentes’ que a equipe traz”.
De 14 e 16 de fevereiro a Academia Internacional de Cinema (AIC) realiza mais uma edição da Semana de Orientação e recebe grandes nomes do cinema nacional: Wagner Moura, Marina Person, Beto Brant, José Luiz Villamarim, Marçal Aquino e Emilia Silveira. Além do já conhecido bate-papo, a programação conta com a exibição de alguns filmes ainda inéditos no circuito comercial. O evento, aberto ao púbico e gratuito, abre o ano letivo da escola de cinema e acontece nas duas unidades: São Paulo e Rio de Janeiro. Conheça os convidados e faça hoje mesmo a sua pré-inscrição.
Inscrições encerradas. Participação sujeita a lotação.
Agenda São Paulo
Marina Person
Diretora, apresentadora de TV e atriz. Dirigiu o documentário “Person” (estreia mundial no Festival de Cinema de Locarno – Suíça) e o longa “Califórnia” Terça, 14 de fevereiro de 2017 – Esgotado 17h30: Exibição do filme “Califórnia”
19h30: Bate-Papo com a diretora
Beto Brant
Diretor, produtor e roteirista. Dirigiu “Os Matadores” (1997 – prêmio de crítica em Gramado), “Os Invasores” (2002 – prêmio em Sundance, melhor direção em Brasília e selecionado para o Festival de Berlim) Quarta, 15 de fevereiro de 2017 – Esgotado 17h30: Exibição do documentário “Pitanga” (inédito nos cinemas)
19h30: Bate-Papo com o diretor
Marçal Aquino
Escritor, jornalista e roteirista de cinema e televisão. Roteirista dos premiados “Os Matadores”, “O Invasor” e “O Cheiro do Ralo” Quinta, 16 de fevereiro de 2017 – Esgotado 17h30: Exibição de “O Invasor” (dir. Beto Brant)
19h30: Bate-Papo com o roteirista
Inscrições encerradas. Participação sujeita a lotação.
AIC – Academia Internacional de Cinema – São Paulo
Rua Dr. Gabriel dos Santos, 142, Santa Cecília, São Paulo, SP
Tel. 11 3826-7883 – Próximo ao metrô Marechal Deodoro
Agenda Rio de Janeiro
José Luiz Villamarim
Diretor das novelas “Avenida Brasil” e “O Rebu”, das séries “O Canto da Sereia”, “Amores Roubados”, “Nada Será Como Antes” e “Justiça” e do filme “Redemoinho” (prêmio especial do júri no festival do Rio 2016) Terça, 14 de fevereiro de 2017 – Esgotado 17h30: Exibição do filme “Redemoinho” (inédito nos cinemas)
19h30: Bate-Papo como diretor
Emilia Silveira
Roteirista e documentarista, dirigiu “Setenta”, “Galeria F” e “Silêncio no Estúdio”, atuou por mais de 20 anos na TV Globo e dirigiu programas como “Criança Esperança” e “Show da Virada” Quarta, 15 de fevereiro de 2017 – Esgotado 17h30: Exibição do documentário “Galeria F” (inédito nos cinemas)
19h30: Bate-Papo com a roteirista e documentarista
Wagner Moura
Atuou em “Abril Despedaçado” (2002), de Walter Salles, “Tropa de Elite ” (2007) e “Tropa de Elite 2” (2010), de José Padilha, “Praia do Futuro” (2014), de Karim Aïnouz e viveu Pablo Escobar em “Narcos”, série do Netflix Quinta, 16 de fevereiro de 2017 – Esgotado
17h30: Exibição de “Cidade Baixa” (dir. Sergio Machado)
19h30: Bate-Papo com o ator
Inscrições encerradas. Participação sujeita a lotação.
AIC – Academia Internacional de Cinema – Rio de Janeiro
Rua Martins Ferreira, 77, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Tel. 21 3958-8775
A jornalista, roteirista e documentarista Emília Silveira, que estará na AIC dia 15/02
A jornalista e documentarista Emília Silveira, que estará na Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro no próximo dia 15, reconstrói a fuga do 1º preso político condenado à morte na ditadura em seu documentário “Galeria F”. Ao falar sobre o filme ela faz um paralelo entre o golpe militar de 1964 e o atual momento político do Brasil. “Não dá para esquecer o que aconteceu no Brasil, o que é um golpe, o que é um regime autoritário, o que é ser privado de liberdade, o que é você não estar ao lado da maioria da população. ”
Além do bate-papo com a diretora, o evento conta com a exibição de “Galeria F”, ainda inédito no circuito comercial. A programação faz parte da 12ª edição da Semana de Orientação, evento gratuito e aberto ao público (mediante a inscrição), que abre o ano letivo do Curso Filmworks – o curso técnico em Direção Cinematográfica da escola de cinema.
Galeria F
Com estreia no último É Tudo Verdade – maior festival brasileiro de documentário, “Galeria F” volta ao passado para trazer à tona o presente. O road movie narra a história de Theodomiro Romeiro dos Santos, preso político e 1º condenado à morte do Brasil, por matar um militar que tentava atingir um companheiro. Barbaramente torturado, foge da penitenciária, depois de nove anos encarcerado. O documentário refaz com Theo o caminho dessa fuga, 40 anos depois. Quem o acompanha na aventura é o filho Guga que, pela primeira vez, entra em contato com a verdadeira história do pai.
Emília Silveira
40 anos depois de ser preso e torturado, Theodomiro Romeiro dos Santos, revive sua história ao lado do filho
Roteirista e documentarista é responsável pela criação e desenvolvimento de novos formatos para programas de televisão, projetos institucionais e eventos corporativos.
Sócia fundadora da produtora de audiovisual 70 Filmes, é Diretora Artística da empresa e dirigiu os longas: “Setenta”, “Galeria F” e “Silêncio no Estúdio”, além das séries para TV: “Histórias de um Tempo de Guerra”, exibida no Canal Brasil; “Tá no Quadro” e “Expedição Água”, para a TV Globo, exibidas no programa Como Será?.
Jornalista de formação, já atuou como repórter e editora-chefe em veículos como Jornal do Brasil, O Globo e TV Globo, tendo inclusive conquistado um prêmio Esso de Jornalismo.
Na TV Globo, onde trabalhou por mais de 20 anos, dirigiu programas como: Criança Esperança, Show da Virada, Transmissão do Carnaval do Rio e de SP, Amigos & Amigos, além de especiais como Brasil 500 anos, entre outros. Já na GloboNews, foi diretora do programa Sarau, de onde saiu para abrir a produtora. Atualmente, está dirigindo o documentário Callado, um brasileiro em coprodução com a Globo Filmes e o Canal Brasil.
A Semana de Orientação
Em sua 12ª edição, a Semana de Orientação tradicionalmente inaugura o ano letivo do FILMWORKS – Curso Técnico em Direção Cinematográfica e movimenta os debates sobre criação cinematográfica. Este ano o evento acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de fevereiro e além de Emília Silveira, conta com a com exibição de filmes e palestras de outros grandes nomes do cinema nacional, entre eles Wagner Moura, Marina Person, José Luiz Villamarim, Beto Brant e Marçal Aquino. O evento é gratuito e aberto ao público, mediante a inscrição prévia.
Desde a sua primeira edição, em 2006, diversos cineastas de já estiveram na AIC, ampliando as discussões sobre cinema contemporâneo, entre eles o fotógrafo polonês Grzegorz Kedzierski (“Avalon”), o ator e diretor Joshua Leonard (“Bruxa de Blair”), a diretora argentina Lucrecia Martel (“A Menina Santa”), a diretora de arte Vera Hamburger (“Carandiru”), o roteirista Bráulio Mantovani (“Tropa de Elite” e “Cidade de Deus”), o documentarista João Moreira Salles (“Santiago”), o diretor boliviano Juan Carlos Valdivia (“Zona Sur”), o diretor chileno Sebastián Silva (“La Nana”, “Magic Magic”), o ator José Wilker, entre tantos outros.
Emília Silveira na AIC
Dia 15/02/2017
17h30: Exibição de “Galeria F” (inédito nos cinemas)
19h30: Bate-Papo com a diretora
Rua Martins Ferreira, 77. Botafogo, Rio de Janeiro – RJ.
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