O som e o cinema, conversa com Julian J. Ludwig
O áudio dos filmes é responsável por boa parte da experiência que temos como espectadores de cinema. Nossa percepção da realidade está intrinsecamente relacionada ao que ouvimos, por isso o cuidado com o som é tão importante. Ciente disso, a AIC passa a oferecer a partir deste ano o curso livre Som para Cinema e TV. Aliando fundamentação teórica a aulas práticas, o curso oferece ao aluno uma experiência sem precedentes no ensino do áudio profissional: as aulas serão ministradas em um estúdio de alto padrão, onde os alunos terão acesso a equipamentos de ponta e conhecerão as diversas facetas da área, tudo isso contando com uma equipe de professores gabaritados e premiados.
Conversamos com Julian J. Ludwig, coordenador do curso Som para Cinema e TV da AIC, sobre os vários aspectos relacionados ao som em produções audiovisuais, confira os melhores momentos desta conversa:
Som e consciência
O som de um filme pode ser a melhor ferramenta para transportar o espectador e, acima de tudo, criar a exata emoção pretendida pelo diretor. O som age de maneira subliminar na nossa consciência, nos deixando à mercê do compositor ou editor de som. Todos nós temos um repertório de emoções relacionadas a sons e músicas. Os seres humanos estão constantemente criando associações em sua memória afetiva, seja de um comercial de sabonete ou da abertura de seu seriado favorito.
Som e narrativa
O som, diferentemente da imagem, não possui uma área delimitada pelo enquadramento. É possível contar histórias inteiras acontecendo fora da visão da câmera. Esse recurso pode enriquecer e transformar a narrativa. Através do som de um apito de trem, o espectador vai buscar no seu imaginário (memória afetiva) a referência imagética de uma estação de trem, e esta referência evocada falará ao espectador de maneira mais pessoal do que uma imagem apresentada.
Instinto de sobrevivência
Se estamos andando em uma floresta e ouvimos o rugido da onça, imediatamente entramos em estado de alerta, mesmo não podendo ver o temido felino. Nosso instinto de sobrevivência aprendeu a tomar aquilo que ouve por real. Como o cinema tem como objetivo tornar a história real, o som é uma ferramenta essencial para convencer o público.
Trabalho em equipe
Cabe à equipe de som, sejam técnicos de som direto, compositores, editores de som e outros, dar vida e cara à imaginação do diretor. Nossa função como profissionais de áudio é tornar a visão dele realidade, trazendo à trama mais um recurso narrativo que seja harmônico com os outros elementos do filme e ajude a contar a estória. Portanto, a visão do diretor é imprescindível para “apontar o norte” criativo. Gosto de pensar nesse processo como um casamento. É preciso ter respeito para ouvir, mas também defender seu ponto de vista. Ao meu ver, o diretor ideal é aquele que tem um conceito sonoro maduro, que conhece e respeita o processo de criação sonora, e que dá liberdade de criação à sua equipe. E por este motivo todos os diretores devem ter uma visão ampla dos processos envolvidos, sabendo o que esperar de cada profissional.
Futuro
A tendência é a de que o cinema continue tentando oferecer uma experiência única que não podemos ter em casa e o céu é o limite. O difícil de identificar as tendências futuras é que as maiores inovações nunca são previstas (nem mesmo Jules Verne pôde prever a Internet). Profissionais que desejam trabalhar na área devem estar antenados nas últimas tendências, sempre buscando reciclar seus conhecimentos e, principalmente, assumindo o desafio da criação de novos formatos. Afinal, alguém precisa sonhar com as maravilhas do futuro.
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As aulas do Curso Som para Cinema e TV começam dia 22 de setembro e as matrículas estão abertas. Mais informações na página do curso ou na secretaria da escola – ( 11) 3660-7883.