O que faz um VIDEOMAKER e como ele se insere no mercado audiovisual
O mercado audiovisual gera um campo imenso de oportunidades. A ascensão de profissionais cada vez mais versáteis e a tendência para produções mais rápidas e menores criou a demanda por alguém que fosse capaz de iniciar e finalizar um mesmo projeto. É justamente aí que surge o Videomaker.
A profissão é relativamente recente e começou a ganhar adeptos na década de 1990, com a popularização dos equipamentos de captação digital. A gravação em vídeo, ao invés da película, barateou os custos e, de certo modo, democratizou a forma de fazer filmes.
Um dos gêneros que ganharam força nessa época foram os videoclipes, que desde os anos 80 já vinham trazendo novas visões e possibilidades a serem exploradas visualmente e comercialmente.
Nos últimos anos, o vídeo se tornou uma ferramenta de comunicação indispensável no ambiente da comunicação global. Hoje não se consegue imaginar um mundo que não se veja espelhado e documentado em vídeo — eles aparecem praticamente o tempo todo, nas redes sociais, nas divulgações institucionais e promoções de produtos, na mídia jornalística. Por traz de cada conteúdo há sempre um videomaker – e quanto mais profissionalizados forem os vídeos, maior o domínio técnico e criativo de seus realizadores.
Por mais que seja uma profissão em ascensão, ainda existem muitas dúvidas sobre o que de fato faz um videomaker e sobre quais são os melhores caminhos para ingressar no mercado e se profissionalizar.
O que de fato faz um videomaker?
Como o próprio nome diz, o videomaker trabalha com vídeo. Ou seja, câmeras digitais, normalmente mais portáteis e equipamentos menos complexos e mais viáveis de serem operados por uma única pessoa.
Não excludente, ainda existem sets maiores, para produções mais sofisticadas ainda dentro dessa proposta, mas o enfoque é conseguir produzir de forma rápida e prática ante a constante e grande demanda de conteúdo.
O grande diferencial é ser o responsável pelos diversos processos de produção e criação que envolvem essa produção. Muitas vezes, é sozinho que o profissional realiza o trabalho todo, desde sua concepção, roteirização, gravação e até a finalização no computador.
O videomaker muitas vezes não possui um roteiro e precisa lidar com imprevistos. Por isso, a organização é fundamental, já que a estrutura de produção é bem mais enxuta. Mas, embora seja comum que trabalhe sozinho, ele também pode atuar em equipe – tudo depende do cliente que contrata seus serviços ou do projeto em questão.
Algumas possibilidades de atuação:
Em um mercado tão efervescente, são muitas as oportunidades de trabalho para um videomaker. Vamos dar uma olhada nas principais áreas de atuação e quais são suas vantagens, desvantagens e necessidades em uma época em que o vídeo é a base de tudo.
Videoclipes
Uma das áreas mais virais e com alcances astronômicos é a produção de videoclipes. Aqui, por menor que seja a duração do formato, o trabalho ainda é gigantesco já que as etapas de pré-produção, conceito e até mesmo gravação normalmente são muito apertadas tanto por motivações financeiras quanto por disponibilidade dos artistas.
É claro que as grandes produções de artistas famosos angariam centenas de pessoas na confecção de um clipe, mas há muitos videomakers que iniciam suas carreiras criando videoclipes para amigos com uma banda ou coisa do tipo. A maior dica é saber ser versátil e criativo com uma ideia que relacione banda e música.
Vídeos de eventos
Eventos são uma constante. Aqui entram casamentos, festas de aniversário, partos, batizados e até mesmo eventos corporativos. A grande janela de oportunidade é que todos esses eventos precisam ser documentados e é aí que entra o trabalho do videomaker.
Aqui as jornadas de trabalho podem ser um pouco diferentes: não só maiores e puxadas como também fora dos horários convencionais, isso sem falar do preparo para lidar com os imprevistos e, na grande maioria das vezes, saber administrar o trabalho em apenas uma pessoa. De qualquer modo, a dica é sempre estar preparado tanto tecnicamente (com os aparelhos certos, cartões de memória e baterias extras e afins) quanto praticamente (com a noção de qual o nicho que você escolheu para atuar e qual a melhor forma de documentá-lo).
Essa é uma modalidade que muitas vezes cresce através do boca-a-boca. Ou seja, o profissional faz um trabalho bem feito para alguém próximo, que o indica para alguém em seu ciclo de amigos, assim crescendo a sua cartela de clientes e ampliando cada vez mais o seu trabalho.
Vídeos institucionais
Um caminho que tem crescido muito nos últimos anos e que, inclusive, pode ser uma ótima fonte de renda para pequenas produtoras, são os vídeos institucionais. Aqui, por mais comercial que seja, é a produção que mais se aproxima de um viés documental, muitas vezes explorando a companhia e até mesmo entrevistando pessoas para formar um filme.
É importante saber que nem sempre as ideias do cliente estão bem dispostas e, em muitos casos, cabe ao profissional oferecer soluções criativas e inovadoras para apresentar a empresa da melhor forma possível. Oferecendo um trabalho tecnicamente satisfatório e que atinja as expectativas estabelecidas. Justamente por isso, o diálogo com o contratante é essencial e o jogo de cintura para lidar com imprevistos e adaptações é fundamental.
Um novo caminho que ascendeu em um período de aulas remotas é a produção de videoaulas e até mesmo lives institucionais. Aqui os profissionais com conhecimento para operar tais eventos ainda são escassos e existe uma ótima janela para quem quer conseguir se especializar em algo dentro do mercado audiovisual. Isso sem falar na alta demanda de tais produtos.
YouTube e Redes Sociais
A cada dia que passa as redes sociais se focam mais nos formatos de vídeo. Seja algo rápido como um TikTok ou mais aprumado como algumas produções para o YouTube, a demanda por profissionais cresce exponencialmente. Entrar nesse mercado é bem diferente dos demais: produzir conteúdo para essas redes e entrar em contato com outros criadores parece ser um caminho natural e capaz de render ótimas oportunidades.
De fato, é uma área que muda muito rápido, então é preciso que o profissional esteja sempre acompanhando de perto as principais novidades e tendências para produzir o conteúdo mais atual possível. A dica é sempre ter uma linguagem dinâmica e rápida para captar o máximo da atenção do público possível.
Alguns dos criadores de conteúdo que fazem grande sucesso geralmente tem uma equipe por trás de seus vídeos. Terceirizar esse tipo de trabalho também pode ser uma ótima para produtoras pequenas que, além de lucrar, ainda querem construir um portfólio atual e chamativo.
Cinema
Não tão distante do trabalho de um Filmmaker, o cinema ainda pode ser uma ótima fonte de trabalho para um Videomaker. Com o tamanho cada vez mais diminuto dos equipamentos e a facilidade de conseguir realizar algumas etapas da pós–produção sozinho, existe uma grande oportunidade para quem quer viver de suas próprias ideias.
Por mais que produzir um longa metragem sozinho seja algo muito assustador e distante, há diretores que apostam na mecânica de curtas para festivais e outros eventos culturais. Fazem isso até conseguir ascender em uma oportunidade de trabalhar em projetos mais robustos, ampliando equipe e alcance.
Muitos diretores famosos, inclusive, apostam muito nas formas digitais de vídeo para repensar sua arte. Michael Mann é um exemplo do uso do digital e Sean Baker ficou conhecido por fazer seu filme Tangerina (2016) com uma produção bem reduzida que, inclusive, gravou com celulares.
Hoje as câmeras digitais são a regra na indústria cinematográfica.
Videoarte
Esse é um dos tipos de vídeos que podem ser produzidos por um videomaker. Talvez seja a categoria menos recompensadora financeiramente, entre as possibilidades do audiovisual, já que não tem tanto apelo comercial quanto outros tipos de vídeo. No entanto, é uma ferramenta extraordinária para expressar sua arte e fazer experimentações. E pode se valer de financiamentos via editais de cultura e incentivos nacionais e internacionais.
Videoarte é uma forma artística que usa a tecnologia como meio para transmitir uma ideia ou sensação, dentro de um conceito de “cinema expandido”. Vídeos podem ser usados como parte de instalações em galerias, por exemplo, ou projetados junto com performances de artistas ao vivo.
Uma das diferenças entre videoarte e cinema tradicional está no fato de que o primeiro não precisa necessariamente se pautar nas convenções que definem os filmes “normais”. Pode ser que o vídeo não tenha atores, ou diálogos, nem mesmo uma narrativa ou história muito bem definida. Essa liberdade dá espaço para criações vanguardistas e inovadoras.
Quanto ganha um videomaker?
O fluxo de trabalho de um profissional que faz vídeos depende muito do tipo de trabalho que ele escolhe realizar. Por isso, o pagamento também depende do serviço executado e do cliente.
No caso de eventos como partos e festas menores, o valor médio cobrado por vídeo fica entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. No entanto, há empresas grandes que fazem coberturas de eventos badalados que chegam a ser orçados em até R$ 70 mil. Vídeos institucionais podem custar, ao cliente, de R$ 1 mil a R$ 10 mil. Já o valor de um videoclipe geralmente parte de cerca de R$ 2 mil, mas pode atingir o budget de uma superprodução, conforme a estrutura solicitada pelo contratante e a complexidade do projeto.
Quanto aos vídeos para YouTube, o valor também varia muito, de acordo com o tamanho do canal. Muitos YouTubers mais populares possuem equipes e contratam profissionais fixos para produzirem seus vídeos. Nesse caso, o salário médio de um videomaker pleno fica em torno de R$ 5 mil por mês.
Há quem já tenha feito vídeos de graça, apenas para ganhar portfólio, ou por permuta, e o maior erro na profissão é fazer um orçamento errado. Como cada trabalho tem condições diferentes um do outro, é preciso saber precificar. Nesse momento, leve sempre em consideração os custos que você terá com o equipamento, o deslocamento, a edição e os profissionais necessários para a realização do serviço.
Equipe básica
Quando tem a possibilidade de trabalhar com uma equipe, o ideal é que o videomaker possa contar com o auxílio dos seguintes profissionais:
- Câmera: Independentemente do tipo de vídeo, sempre será necessário alguém para operar a câmera, que conheça minimamente o equipamento e seja capaz de captar boas imagens.
- Som: Um profissional de captação de som faz a diferença para transformar um vídeo de aspecto amador em profissional. Pode parecer um detalhe, o som é metade do processo no audiovisual.
- Edição: Ser ou ter um bom editor é fundamental para garantir um vídeo interessante, dinâmico e que tenha o ritmo desejado. Nesse caso, é importante que a pessoa conheça um dos programas de edição disponíveis no mercado (como Adobe Premiere ou Final Cut).
- Produtor: Sempre é bom poder contar com alguém que conheça a fundo os processos de produção e possa auxiliar o videomaker em todas as fases, resolvendo problemas que surgirem e oferecendo soluções práticas para manter tudo dentro do que foi planejado – principalmente com relação ao orçamento e ao cronograma do projeto.
Passo a passo de um vídeo
- Coloque sua ideia no papel, mesmo que não seja em forma de roteiro. Inclua tudo o que você imagina que o filme vai precisar, inclusive uma descrição das imagens e sons que irá captar.
- Se for necessário realizar alguma produção, ou se for gravar em local que precise de autorização, providencie tudo com antecedência. É importante conhecer o lugar e estar familiarizado com o objeto do vídeo.
- Pegue uma câmera e grave todas as imagens/sons que você anotou para o vídeo. Se puder contar com ajuda, organize seus companheiros em diferentes funções, para facilitar o serviço. Por exemplo, um faz a câmera e o outro o som.
- Baixe as imagens em um computador ou HD externo e utilize um programa de edição para montar seu vídeo, de acordo com o que havia planejado.
- Exporte o vídeo e envie para seu cliente, ou compartilhe na plataforma online de sua preferência.
Dicas para ser um bom videomaker
Mesmo se o seu interesse for o cinema mais convencional, ter alguma experiência como videomaker é uma excelente maneira de agregar ferramentas de trabalho. Você pode aprender, fazendo vídeos, desde noções básicas de câmera e de edição até a flexibilidade necessária para lidar com imprevistos em um set de filmagem.
Se optar pela produção solo, tenha sempre em mãos uma boa rede de contatos, para eventualidades. Afinal, nunca se sabe quando vai precisar de um operador de câmera extra, de um profissional de som ou de um montador que entenda de motion design, por exemplo. No vídeo, assim como no cinema, um bom networking pode levar muito longe.
Nesse contexto, fazer um curso de cinema também é uma dica essencial. Independentemente de qual for sua escolha do conteúdo a ser estudado (direção, direção de fotografia, direção de arte, som ou edição), aprender com pessoas que já estão no meio audiovisual é uma das melhores formas de estabelecer bons contatos e crescer profissionalmente. Além disso, quanto mais prático for o curso, mais preparado você vai estar para atender às necessidades de seus clientes.
Outra atitude que ganha muitos pontos é ser inovador e buscar sempre modos interessantes de apresentar seu trabalho. Um bom portfólio certamente ajuda, mas todo mundo precisa começar do zero em algum momento. Nesse caso, tenha em mãos uma quantidade enorme de referências para fundamentar seu vídeo. Afinal, para um videomaker, qualquer coisa pode servir de inspiração, já que ele literalmente trabalha apenas com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça.
*Texto e pesquisa: Katia Kreutz.
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Foto destaque: Alessandra Haro