O longa Solidões, de Oswaldo Montenegro, conta com a participação de ex-alunos
Quem nunca sentiu medo, ou pelo menos algum desconforto, diante da solidão? Esse é o tema do longa “Solidões”, dirigido por Oswaldo Montenegro e que conta com a participação de dois ex-alunos do Curso Filmworks da Academia Internacional de Cinema (AIC), Ian Ruas, como assistente de produção e Alethea Miranda, que integra o elenco do filme ao lado de Vanessa Giacomo e o próprio Oswaldo, que também atua.
Lançado ano passado no Cine Ceará o filme foi exibido diversas vezes no Canal Brasil, agora em Janeiro e ao longo do ano continuará na grade de exibição do canal.
O drama, rodado nas dunas de Arraial do Cabo (RJ), no cerrado de Brasília e no agreste pernambucano, conta histórias cruzadas de pessoas solitárias: uma mulher (Vanessa Giacomo) que desde que perdeu a memória em um acidente se recusa a ter contato com qualquer ser humano; o Demônio errante (Oswaldo Montenegro) com saudades de Deus; uma mulher que espera o namorado no bar e ele nunca chega; um cantor sertanejo que não consegue sucesso; e um palhaço de 95 anos ainda em atividade.
“O filme representa a solidão no seu sentido mais bruto, estrutural. Não só as diversas histórias abordam o tema, mas o fato de ser uma narrativa composta por pequenos fragmentos remetem à uma filosofia de múltiplas unidades, sós, que buscam uma reintegração à unidade maior, o filme”, conta o ex-aluno Ian Ruas.
A produção do longa
Ian conta que no começo foi um pouco assustador encarar o papel de assistente de produção, pelo fato do projeto trazer artistas famosos e por ter entrado no projeto logo que se formou. “Eu tive muita sorte de começar a carreira trabalhando com uma pessoa tão profissional e generosa como o Oswaldo. Tive extrema liberdade para debater e posicionar minhas opiniões sobre o filme. Produzi em um ambiente agradável e com uma equipe incrível. Discutíamos a narrativa e a operação de filmagem de cada um dos episódios e pré-produzíamos um de cada vez. Fazíamos uma rotação nas cabeças de produção (fotografia, som, arte) de acordo com a sistemática que cada episódio exigia. A liberdade que tive, inclusive, me proporcionou a chance de fotografar um dos episódios do filme”, conta.
Uma coisa puxa outra
“Como citei antes, as cabeças de produção eram alternadas de acordo com a necessidade. No meu caso, tive a oportunidade de fotografar o episódio do Palhaço Cocada, que tem 95 anos e é considerado o palhaço mais velho do Brasil. Como ele interpretou a si próprio, encaramos esse episódio de maneira quase documental, com mais liberdade e mobilidade. Em outras palavras, sem o uso de tecnologia e equipamentos mais sofisticados. Com uma Canon 5D e dois pontos de luz, filmei um depoimento no próprio apartamento do Oswaldo e, felizmente, obtivemos o resultado esperado. Além disso, fiz algumas imagens de clipes que interagem entre um capítulo e outro”, conta Ian.
O ex-aluno destaca que ao todo o longa contou com mais de quatro fotógrafos e que essa ousadia só foi possível pois cada um retratou cenas isoladas. Quem assina a direção de fotografia do filme é André Horta, também diretor de fotografia do filme “Dois Filhos de Francisco”, com quem Ian diz que aprendeu muito durante as filmagens.
Natural de Angra dos Reis, com irmãos mais velhos e artistas, Ian foi imerso no mundo das artes muito cedo. Mudou-se para São Paulo com 18 anos para estudar cinema na AIC. “Me vi imediatamente encantado com a escola e o cinema em geral. A maneira com que fui literalmente jogado na prática de produção cinematográfica fez com que eu me sentisse um veterano depois de 2 anos de curso”, conta. Hoje Ian mora em Nova York, onde estuda pós-produção e música.
Assista ao trailer
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