Academia Internacional de Cinema (AIC)

O Cinema no Papel – Workshop de Roteiro com Paulo Halm

Entre 17 e 28 de outubro, o roteirista Paulo Halm ministrará o workshop “Cinema no Papel – o Roteiro e a Escrita de um Filme”, – por meio de exercícios práticos, o curso buscará recriar o “ambiente de criação” de um roteiro. Através de discussão, análise de filmes e, principalmente, exercícios narrativos, os alunos se ambientarão no processo de roteirização.

Os roteiros de Paulo Halm transitam do drama à comédia, à filmes policiais, históricos e documentários. Dentre seus principais trabalhos destacam-se “Pequeno Dicionário Amoroso”, “Amores Possíveis”, “Sonhos Roubados” de Sandra Werneck, “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, “Achados e Perdidos”, “Olhos Azuis” de José Joffily, “Guerra de Canudos” de Sergio Rezende, “O Sonho de Rose” de Tetê Moraes, “ Casa da Mãe Joana”, “Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo” de Hugo Carvana e “Antes que o Mundo Acabe” de Ana Luiza Azevedo. Participou também dos roteiros de “Cazuza”, “Meu Nome não é Johnny”, “Desenrola e Aparecida – O Milagre”. No momento, está desenvolvendo roteiros para filmes de Hugo Carvana e Rosane Svartman, e num seriado de TV, com sua sócia Heloísa Rezende, “Assuntos de Família, que já tem a primeira temporada delineada, com 13 episódios.

AIC PERGUNTA X PAULO HALM RESPONDE

Por que ROTEIRO?

P.H.: O roteiro, mais do que um texto no qual se esboça o futuro filme, ou, mais do que a narrativa desse filme, deve ser entendido como o raciocínio do filme. Não tem nada a ver com a literatura, apesar de se utilizar de ferramentas do texto escrito e, mesmo, seguir alguns cânones da narrativa literária, da mesma forma, que segue e se utiliza de padrões da dramaturgia teatral, também. Mas é preciso entender que o roteirista pensa, junto com o diretor, a estrutura do filme, a forma através da qual o filme irá se sustentar. Costumo dizer que o roteiro é a espinha dorsal do filme. Mas é preciso entender que o roteiro não é o filme escrito, tampouco o filme é o roteiro filmado. O roteiro não existe como texto em si, ele faz parte de um processo maior, junto com outros elementos, desde a fotografia, a cenografia, os atores, a montagem, todos com pesos específicos que vão resultar naquilo que é o verdadeiro objetivo final, o produto artístico de fato: o filme. Mas como o roteiro é a etapa inicial deste processo, recai sobre ele a responsabilidade de prever ou, melhor, sugerir o máximo de possiblidades que posteriormente serão desenvolvidas e ampliadas pelos demais setores que compõem o filme.

O que é a Associação de Autores de Cinema, que você participa?

P.H.: Procuramos desenvolver junto aos festivais encontros e debates sobre roteiros, o que tem se mostrado uma experiência rica e com grande procura, por parte de pessoas interessadas em dramaturgia para cinema. Além disso, temos trabalhado muito para a Nova lei dos Direitos Autorais reconhecerem e incorporarem o roteirista como co-autor dos filmes e portanto receber parte dos direitos recolhidos. Ao mesmo tempo, reconhecemos que com o advento das novas mídias, que criam novas formas de fruição e compartilhamento dos produtos culturais, essa legislação precisa ser flexibilizada de modo que beneficie os usuários, sem detrimento dos criadores.

Qual sua dica para quem está começando?

P.H.: Falo sempre que o roteirista não é um escritor, e sim um cineasta – só que a sua participação se dá num momento em que o filme existe apenas no papel. Para se tornar um roteirista, é preciso conhecer e muito a linguagem cinematográfica. Entender de enquadramentos e de montagem, e também de produção. O roteirista precisa recriar com palavras as imagens que posteriormente serão produzidas nas filmagens. Deve fazer parte da bagagem do roteirista um conhecimento muito grande de cinema, ver muitos filmes, estudá-los do ponto de vista de suas narrativas e da sua construção dramatúrgica. Ao mesmo tempo, tem que dominar a narrativa, ter um amplo conhecimento das formas narrativas anteriores ao cinema, no caso, a literatura e o teatro. E claro, escrevendo muito, e de preferencia bem. Para escrever bem é preciso ler e muito. Recomendo sempre as pessoas que querem se aventurar na área do roteiro que vejam muitos filmes, de preferência nacionais, e leiam os clássicos. Mas também quadrinhos e poesia. E música e pintura. E fotografia…

 

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