Em tempos de crise o humor exerce um papel quase catártico. O riso nos purifica. Talvez por isso os programas de humor já surjam fazendo sucesso, não só na TV, como na internet e nos teatros, com as comédias stand up. Levando esse cenário em conta, a Academia Internacional de Cinema (AIC) lança um NOVO curso no Rio de Janeiro, o de Roteiro de Humor.
Com o objetivo de desenvolver as capacidades criativas do aluno na redação de roteiros engraçados e originais, o curso alia teoria e prática de escrita, dividido em módulos dedicados a três veículos de narrativas cômicas no audiovisual: cinema, televisão e internet.
No primeiro módulo o curso apresenta as estruturas fundamentais do humor, usando exemplos do cinema e de mestres da comédia, de Chaplin e Billy Wilder a Woody Allen e Judd Apatow, analisando a mecânica da comédia e da dramaturgia de humor. No segundo, trata das formas como a televisão explora o humor em diferentes formatos, traçando um breve panorama de diferentes produções, como o esquete, o sitcom – a comédia de situação – e também o humor de personagem. No terceiro e último módulo o foco é o humor na internet.
Quem coordena tudo isso é a roteirista e mestre em Comunicação e Cultura Clara Meirelles. Ela já integrou o núcleo de roteiristas da Conspiração Filmes, escreveu história em quadrinhos e roteiros de séries televisivas, como o recente sucesso do canal GNT, “Copa Hotel”.
Em entrevista para a comunicação da AIC ela conta um pouco mais do novo curso, fala sobre o mercado humorístico e claro, mesmo numa conversa séria, não perde a piada. Confira!
ENTREVISTA
AIC – Conte um pouco sobre o novo curso de Roteiro de Humor da AIC?
Clara Meirelles: É um curso de roteiro que tem como foco a escrita para o humor, que é um mercado à parte e muito aquecido. Vamos estudar ferramentas usadas nesse tipo de narrativa, como punchline, timing, quebra de expectativa. Espero que seja divertido. Se não for, não devolvemos o dinheiro, mas distribuímos piadas grátis.
AIC – Precisa ser humorista antes de saber escrever?
C.M.: Claro que há pessoas naturalmente engraçadas, com uma sensibilidade aguçada para piadas e muito espontâneas, mas é necessário trabalhar técnicas para se tornar uma pessoa que escreve roteiros, que domina os tempos e a construção do humor. Um dos professores do curso, o Ricardo VR, diz que é preciso ser criativo, ter boas ideias, ser um bom observador do cotidiano e, embora pareça óbvio, conhecer as regras do português. O que nem todos sabem. Se você também for humorista, ótimo. Mas nem sempre um bom humorista vai ser um bom roteirista.
AIC – E para quem quer entrar na área? O que você indica? Quais as características que o profissional precisa ter?
C.M.: Ler, muito. Ver filmes, jornais, séries, programas, peças. Estar ligado no cotidiano. Criar repertório. Se informar o máximo possível. Porém, mais importante do que as características que a pessoa já tem são as que ela pode aprender. O que indico? O nosso curso!
AIC – O humor pode ser considerado uma válvula de escape ou está mais para um instrumento de crítica? Ou um pouco dos dois?
C.M.: O humor, a sátira e a comédia têm como função mostrar algo oculto, algo que está por trás. É uma crítica social. E mais: é uma necessidade social. Como diz o Ricado VR, talvez não por acaso, em épocas de crise como a de agora, os programas de humor, como o novo Zorra, por exemplo, batem recorde de audiência. Ou seja, a crítica que nos faz rir também promove o relaxamento e a sensação de alívio, mesmo que temporária. É um 2 em 1.
AIC – Como você explica o sucesso do programa Porta dos Fundos? Tem algum outro exemplo que vale ser citado?
C.M.: O Porta dos Fundos chegou em um momento em que o humor brasileiro precisava de uma reinvenção de linguagem. Ele nasce na internet e inova com um tipo de comicidade que, na época, não estava na televisão: situações absurdas, com influência clara do humor inglês, sátiras políticas à atualidade, e também situações cotidianas, que todos nós vivemos, vistas sob a lente de aumento do humor. A Renata Mizrahi, nossa professora que é dramaturga, lembra também a qualidade primorosa dos diálogos dos esquetes.
AIC – Conte um pouco sobre os professores do curso. Como juntou todo esse time?
C.M.: Quando montei o curso, achei que a melhor estratégia para compor o time de professores seria reunir amigos roteiristas que trabalham com humor já há algum tempo e têm experiência variada. A Renata Mizrahi, por exemplo, tem um trabalho consistente no teatro; o Haroldo Mourão escreve para a televisão há muito tempo, fez parte da redação do Casseta e Planeta e hoje está no Zorra, assim como o Ricardo VR e o Fernando Aragão. O Vinicius Antunes escreveu para o Sensacionalista, está no Zorra e também trabalha com podcast e blog. Juntos, os professores podem dar uma noção ampla do que está acontecendo hoje em dia. Além disso, têm visões e experiências complementares, o que é ótimo para os alunos. É um timão!