Academia Internacional de Cinema (AIC)

O boom dos programas humorísticos e o novo curso de roteiro de humor da AIC

Curso Roteiro de humor

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Novo Programa Zorra conta com a colaboração dos roteiristas que darão aula em novo curso de Roteiro de Humor da AIC. Foto: Pedro Curi / TV Globo/Divulgação

Em tempos de crise o humor exerce um papel quase catártico. O riso nos purifica. Talvez por isso os programas de humor já surjam fazendo sucesso, não só na TV, como na internet e nos teatros, com as comédias stand up. Levando esse cenário em conta, a Academia Internacional de Cinema (AIC) lança um NOVO curso no Rio de Janeiro, o de Roteiro de Humor.

Com o objetivo de desenvolver as capacidades criativas do aluno na redação de roteiros engraçados e originais, o curso alia teoria e prática de escrita, dividido em módulos dedicados a três veículos de narrativas cômicas no audiovisual: cinema, televisão e internet.

Clara Meirelles, que coordenada o novo curso, é roteirista e mestre em Comunicação e Cultura. Ela já integrou o núcleo de roteiristas da Conspiração, escreveu história em quadrinhos e roteiros de séries televisivas.

No primeiro módulo o curso apresenta as estruturas fundamentais do humor, usando exemplos do cinema e de mestres da comédia, de Chaplin e Billy Wilder a Woody Allen e Judd Apatow, analisando a mecânica da comédia e da dramaturgia de humor. No segundo, trata das formas como a televisão explora o humor em diferentes formatos, traçando um breve panorama de diferentes produções, como o esquete, o sitcom – a comédia de situação – e também o humor de personagem. No terceiro e último módulo o foco é o humor na internet.

Quem coordena tudo isso é a roteirista e mestre em Comunicação e Cultura Clara Meirelles. Ela já integrou o núcleo de roteiristas da Conspiração Filmes, escreveu história em quadrinhos e roteiros de séries televisivas, como o recente sucesso do canal GNT, “Copa Hotel”.

Em entrevista para a comunicação da AIC ela conta um pouco mais do novo curso, fala sobre o mercado humorístico e claro, mesmo numa conversa séria, não perde a piada. Confira!

ENTREVISTA

AIC – Conte um pouco sobre o novo curso de Roteiro de Humor da AIC?

Ricardo VR, professor do curso, diz que para ser um bom roteirista de humor é preciso ser criativo, ter boas ideias e ser um bom observador do cotidiano.

Clara Meirelles: É um curso de roteiro que tem como foco a escrita para o humor, que é um mercado à parte e muito aquecido. Vamos estudar ferramentas usadas nesse tipo de narrativa, como punchline, timing, quebra de expectativa. Espero que seja divertido. Se não for, não devolvemos o dinheiro, mas distribuímos piadas grátis.

AIC – Precisa ser humorista antes de saber escrever?

C.M.: Claro que há pessoas naturalmente engraçadas, com uma sensibilidade aguçada para piadas e muito espontâneas, mas é necessário trabalhar técnicas para se tornar uma pessoa que escreve roteiros, que domina os tempos e a construção do humor. Um dos professores do curso, o Ricardo VR, diz que é preciso ser criativo, ter boas ideias, ser um bom observador do cotidiano e, embora pareça óbvio, conhecer as regras do português. O que nem todos sabem. Se você também for humorista, ótimo. Mas nem sempre um bom humorista vai ser um bom roteirista.

AIC – E para quem quer entrar na área? O que você indica? Quais as características que o profissional precisa ter?

C.M.: Ler, muito. Ver filmes, jornais, séries, programas, peças. Estar ligado no cotidiano. Criar repertório. Se informar o máximo possível. Porém, mais importante do que as características que a pessoa já tem são as que ela pode aprender. O que indico? O nosso curso!

AIC – O humor pode ser considerado uma válvula de escape ou está mais para um instrumento de crítica? Ou um pouco dos dois?

C.M.: O humor, a sátira e a comédia têm como função mostrar algo oculto, algo que está por trás. É uma crítica social. E mais: é uma necessidade social. Como diz o Ricado VR, talvez não por acaso, em épocas de crise como a de agora, os programas de humor, como o novo Zorra, por exemplo, batem recorde de audiência. Ou seja, a crítica que nos faz rir também promove o relaxamento e a sensação de alívio, mesmo que temporária. É um 2 em 1.

AIC – Como você explica o sucesso do programa Porta dos Fundos? Tem algum outro exemplo que vale ser citado?

Elenco do programa PORTA DOS FUNDOS. Em três anos de existência no You Tube, o grupo atingiu a incrível marca de 2 bilhões de visualizações e mais de 11 milhões de assinantes, se tornando o maior fenômeno da Internet brasileira e um dos maiores canais do mundo. Foto: Divulgação

C.M.: O Porta dos Fundos chegou em um momento em que o humor brasileiro precisava de uma reinvenção de linguagem. Ele nasce na internet e inova com um tipo de comicidade que, na época, não estava na televisão: situações absurdas, com influência clara do humor inglês, sátiras políticas à atualidade, e também situações cotidianas, que todos nós vivemos, vistas sob a lente de aumento do humor. A Renata Mizrahi, nossa professora que é dramaturga, lembra também a qualidade primorosa dos diálogos dos esquetes.

AIC – Conte um pouco sobre os professores do curso. Como juntou todo esse time?

C.M.: Quando montei o curso, achei que a melhor estratégia para compor o time de professores seria reunir amigos roteiristas que trabalham com humor já há algum tempo e têm experiência variada. A Renata Mizrahi, por exemplo, tem um trabalho consistente no teatro; o Haroldo Mourão escreve para a televisão há muito tempo, fez parte da redação do Casseta e Planeta e hoje está no Zorra, assim como o Ricardo VR e o Fernando Aragão. O Vinicius Antunes escreveu para o Sensacionalista, está no Zorra e também trabalha com podcast e blog. Juntos, os professores podem dar uma noção ampla do que está acontecendo hoje em dia. Além disso, têm visões e experiências complementares, o que é ótimo para os alunos. É um timão!

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