Veja o vídeo sobre o Cineasta.cc no final da matéria.
“Muitos projetos legais acabam não saindo do papel por conta do atual modelo do mercado audiovisual, na qual o estado ajuda e banca a grande maioria dos projetos, através de Leis de Incentivo Fiscal e/ou de Editais. Acreditamos que o audiovisual brasileiro pode crescer consideravelmente com a democratização do processo”, conta Leonardo.
O novo site funciona de forma simples: basta ter um projeto de filme ou programa audiovisual, cadastrar no site, dizer quanto precisa para realização e qual o prazo para conseguir levantar os recursos. As pessoas que gostarem da ideia podem apoiar com qualquer valor, a partir de R$ 10,00. É possível também, encontrar pessoas interessadas em participar do projeto compondo o elenco ou a equipe técnica, esse é um grande diferencial do site. Quando acabar o prazo estipulado, se o autor do projeto tiver alcançado o valor estipulado, recebe o dinheiro para fazer o filme. Se não alcançou a meta, os apoiadores recebem o dinheiro de volta. Se o autor tiver alcançado pelo menos 70% da meta, ele pode decidir bancar os outros 30%. O site fica com 6% do valor total.
“O nosso diferencial em relação a outros sites de crowdfunding é que, como trabalhamos com um nicho específico, isso nos garante um modelo de negócios personalizado para o audiovisual. Temos como diferencial o uso bem definido do product placement e inserção de marcas nos produtos, a possibilidade de apoiar o projeto fazendo parte da equipe, um atendimento personalizado na curadoria dos projetos, ajudando todos os nossos proponentes individualmente. A intenção é criar uma rede de pessoas que trabalham com audiovisual, ampliando cada vez mais o negócio, trabalhando depois para contribuir na distribuição dos produtos desenvolvidos através do site”, revela Leonardo.
Confira a entrevista com Leonardo e entenda melhor o “Cineasta”:
AIC – Como surgiu a ideia de montar um site específico para arrecadar recursos para fazer filmes?
Leonardo Curcino – Sempre quis estudar cinema, mas acabei conseguindo fazer isso só quando já estava estabilizado profissionalmente. Cinema no Brasil ainda é coisa pra poucos. Aí fiz o curso de seis meses, Intensivo de Cinema digital na AIC, tive a oportunidade de dirigir um curta e não parei mais de estudar. Decidi que quero continuar fazendo cinema, então precisava dar um jeito de viabilizar isso. O projeto saiu daí. Em meio a todos esses estudos e conversas com gente do mercado, ficou claro pra mim o quanto o processo ainda é pouco democrático e burocrático, principalmente para iniciantes. Me uni com os amigos Pedro Xudré e Renato de Alencastro e começamos a pensar no projeto, fazer pesquisas, a concepção, criação e, por fim, o desenvolvimento do site. Inclusive, o Pedro, que liderou o desenvolvimento do site, está preparando para que seja a primeira ferramenta open-source de crowdfunding do Brasil. Nossa vontade é tornar a produção audiovisual autossustentável, com muita gente podendo fazer.
AIC – Nos Estados Unidos o crowdfunding já é mais difundido. O que falta para a ideia pegar de vez no Brasil?
L.C.: O crowdfunding no Brasil ainda é novo, estamos começando a nos acostumar com a ideia, mas o momento é positivo. Diria que temos um cenário promissor pela frente. Os EUA tem uma cultura de audiovisual muito forte, tem projetos interessantes, é um mercado extremamente profissional e tem adeptos no mundo todo. O brasileiro ainda está tentando se acostumar com produções nacionais, ainda resta um pouco daquela nossa velha síndrome de vira-lata. Prova disso é que muita gente reclamou da Lei do Audiovisual, pois não queriam ver seus canais de tv a cabo favoritos recheados de “produções nacionais toscas.” Quanto mais projetos bacanas e bem produzidos começarmos a fazer, mais o brasileiro vai se convencer de que temos talentos aqui e isso vai interferir diretamente no share do cinema nacional, na aceitação de nossas produções e no crescimento do crowdfunding.
AIC – Você poderia citar filmes que foram feitos através de sites de crowdfunding?
L.C.: Nesse ano, tivemos produções que ganharam o Oscar usando crowdfunding. A Julia Rufino, aluna da AIC, também conseguiu arrecadar grana através de crowdfunding para filmar seu curta aqui no Brasil. Mas por aqui, ainda é inimaginável arrecadarmos quase 4 milhões, como foi o caso de “Veronica Mars”, no Kickstarter. Como disse, ainda estamos engatinhando. De repente, se um grande diretor ou artista de renome estivesse envolvido no projeto, seria possível arrecadar mais grana. Tudo depende muito do potencial de engajamento do autor do projeto.
AIC – Na sua opinião, qual a melhor forma de vender uma ideia de filme e conseguir apoio?
L.C.: Na verdade, são vários fatores. O tema tem que ser bom ou de interesse de várias pessoas, o projeto tem que estar bem formatado, bem escrito, ter recompensas interessantes, a divulgação deve ser bem feita, um bom vídeo ajuda muito etc.
AIC – Qual a vantagem de apoiar os projetos no cineasta? Como funcionam as recompensas?
L.C.: O Cineasta fica com somente 6% do valor captado fora as taxas de transação do PagSeguro. Além disso, marcas podem apoiar o projeto de maneira clara e bem definida, usando o product placement ou patrocínio. Também é possível apoiar participando diretamente dos projetos. As recompensas são uma espécie de contrapartidas que os autores dão em agradecimento ao apoio que tiveram. Podem ser recompensas simbólicas como agradecimento no filme à camisetas, cartazes do filme, acompanhar a filmagem etc.
AIC – Quem pode inscrever um projeto no Cineasta?
L.C.: Teoricamente, todo mundo. Mas os projetos passam por curadoria e os currículos, expertises dos proponentes são levados em conta. Ideal é que estudantes de cinema/audiovisual, profissionais da área ou produtoras enviem projetos. Queremos ter premissas mais garantidas de que os projetos tem chance de resultarem produtos audiovisuais de qualidade.
AIC – Como funciona a questão do dinheiro?
L.C.: As transações são feitas via PagSeguro. Se o projeto tem sucesso na captação, o proponente recebe o valor para fazer o filme. Se não tem sucesso, todo mundo leva o dinheiro de volta. É isso.
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