A História
O documentário registra cenas do cotidiano de Matias, um remanescente sertanejo de 61 anos que nasceu e sempre viveu no mesmo local, o Parque Estadual Nascentes do Paranapanema (PENAP), criado em 2012. Em 26 minutos, o filme mostra Matias totalmente integrado aos ciclos e ambiente da floresta, em meio a criação de animais e cultivo de subsistência. A linguagem prioriza as imagens, sem falas, com sons do ambiente e trilhas.
Felipe e Ricardo Martensen, parceiros na direção do filme e sócios da produtora Trilha Mídia, conheceram Matias por intermédio do irmão de Ricardo, um biólogo que trabalhava no Parque.
Como o filme nasceu
Preocupados com o destino de Matias, uma vez que a legislação brasileira não permite a permanência de moradores que não sejam indígenas depois que um parque é criado, resolveram apostar num pequeno vídeo para registrar o cotidiano do eremita e comprovar sua profunda relação com a terra. A ideia era apenas usar o filme para demonstrar que sua permanência no local não causaria qualquer impacto indesejável ao parque. Mas, a paixão pelo projeto cresceu.
“Depois de enfrentar três horas de trilha, atravessando a mata fechada num 4X4, chegamos a um belíssimo vale, onde se via uma construção bem simples, a casa do Matias. Foi esse o nosso primeiro contato com Matias. Ele dividia seu tempo com galinhas e cachorros. Descobrimos que nasceu naquela casa e suas únicas companhias são os animais. Percebemos que Matias não procurou o isolamento, apenas se recusou a abandonar a floresta. Indissociável de sua terra, tem papel fundamental para manter o equilíbrio da floresta. Após o contato inicial, fascinados pelo personagem, voltamos decididos a escrever um projeto e buscar financiamento para fazer um documentário sobre aquela história. Um ano e meio depois estávamos de volta ao belo vale, onde ficamos uma semana filmando”, conta Felipe.