Academia Internacional de Cinema (AIC)

“MATARAM MEU IRMÃO” ESTREIA NO É TUDO VERDADE

Reconstruir os detalhes da morte do seu irmão. Essa é a jornada pessoal retratada pelo diretor e professor da AIC, Cristiano Burlan, em seu novo documentário, selecionado na 18ª Edição do É Tudo Verdade, o maior festival de documentários da América Latina.

Também trabalharam no filme um professor e três alunos da AIC: o professor Rafael Nobre fez a fotografia do documentário, Lincoln Péricles, ex-aluno bolsista do Filmworks trabalhou na montagem, Elionai Dias, aluno do Intensivo de Férias, fez som direto, e Marina Vaz, ex-aluna do Filmworks, fez assistência de direção.

O documentário reconstrói, por meio de relatos de parentes e amigos, o que foi o assassinato de Rafael Burlan, irmão do diretor, e suas consequências no destino da família. O expectador é conduzido ao coração de um círculo de violência em torno dos bairros da periferia paulistana – como o Capão Redondo, onde morava a família e o irmão, de 22 anos, morto com sete tiros, em 2001.

“O desejo de documentar o ocorrido me acompanha há muito tempo. Acredito piamente que o cinema é um instrumento de precisão para se decifrar o mundo. Quando se tem o contato com a morte, algo muda em você, e talvez a forma que eu encontrei para uma compreensão maior dessa dor seja refletir sobre a morte do meu irmão através do meio em que eu me expresso, o cinema.”, conta Cristiano.

Cristiano, gaúcho de Porto Alegre, é diretor de cinema e de teatro e professor da disciplina de Direção do Filmworks, o curso técnico da Academia Internacional de Cinema, onde também coordena o curso de Direção de Atores. Atua no cinema há 10 anos e a maior parte de sua filmografia já participou de importantes festivais, como o Festival de Havana e Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Confira a entrevista com Cristiano

AIC – Tratando-se de um assunto tão pessoal e doloroso, como foi o processo de criação do documentário – desde o roteiro até a versão final montada?

Cristiano Burlan – Não escrevo roteiros para documentário, a escrita se dá na busca pelo entendimento da matéria abordada. Mas tomei algumas decisões prévias: que não fosse um documentário “chapa branca”; e que eu editaria o menos possível as entrevistas. O processo de montagem de um filme se dá no campo de uma reflexão, antes de mais nada, dialética. O trabalho foi mais de potencializar os conflitos e menos uma manipulação do discurso.

AIC – Como foi o envolvimento pessoal x profissional com o filme?

C.B.: Um filme sempre é uma questão pessoal. Posso filmar um esquimó ou um leão na África, mas será sempre o meu olhar sobre o objeto. A questão é o quanto este olhar se torna uma via de mão dupla. Não vejo o cinema como uma atividade profissional, encaro mais como um ofício. Independente se é documentário ou ficção, o que me interessa é filmar a vida.

AIC – Você acredita que o filme é uma obra catártica?

C.B.: Não creio que um filme, um livro ou uma obra musical ou qualquer processo criativo tenha o poder de transformação. Não se transmite experiência, ninguém ensina nada a ninguém. Se existe algum sentido em realizar filmes, talvez seja a busca por uma compreensão do sentido da vida, mesmo sabendo que isto é uma utopia.

AIC – O que significa ter a estreia do filme em um Festival como o É Tudo Verdade?

C.B.: É a segunda vez que participo do Festival, estive em Competição em 2007 com o documentário “Construção”, que é o primeiro filme da Trilogia do Luto, com o primeiro sobre meu pai, este agora sobre meu irmão, e o último que não sei quando irei realizar, sobre minha mãe.

Estar no festival é a possibilidade de uma reflexão maior sobre o documentário e a chance do filme chegar ao público.

AIC – Quais são os planos para o filme?

C.B.: Sou sócio na empresa produtora Bela Filmes juntamente com a produtora Natália Reis, nossa ideia é trabalhar o filme no circuito de festivais nacionais e internacionais, distribuição nos cinemas, e posteriormente difusão em TV Paga e Aberta.

18º É Tudo Verdade – O Festival

Este ano o Festival dedica-se principalmente às transformações socioeconômicas no planeta e acontece entre os dias 04 e 14 de abril, simultaneamente, em São Paulo e no Rio. Nos dias 16 a 21 de abril em Brasília e entre os dias 23 e 28 em Campinas. Ao todo serão exibidos 82 filmes de 26 países. O homenageado desta edição é o cineasta russo Dziga Vertov, autor de “O Homem da Câmera”.

Confira os horários que o filme será exibido no Festival:

8/abril – Cine Livraria Cultura – 21h
9/abril – Cine Livraria Cultura – 13h

6/abril – Cinepolis Lagoon – 19h
10/abril – Cinepolis Lagoon – 13h

 Trailer


*Fotos Divulgação 

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