Lucía confessou gostar mais de escrever roteiros e literatura do que de dirigir filmes. “O roteiro é extremamente importante, especialmente quando os filmes não são protagônicos, guiados por um protagonista. Eu gosto muito do cinema de Lucrecia Martel, pois seus filmes parecem um romance, ela trabalha obsessivamente no roteiro, seus roteiros têm 45 versões. Ela consegue trabalhar com aromas, com tons e sons e todas essas questões já estão no roteiro e são muito trabalhadas com toda a equipe”.
Além de roteiro e literatura, Lucía destacou questões sobre preparação de atores, adaptação de literatura para cinema e principalmente sobre como é roteirizar e dirigir seus próprios filmes. Mas, o que mais chamou atenção de todos, foi o polêmico e delicado filme de Lucía, “XXY”, exibido no estúdio da AIC, horas antes da palestra. Quem não conhecia o trabalho da diretora virou fã e quem já conhecia, não via a hora de conversar ao vivo com ela.
O longa-metragem “XXY” mostra a difícil relação de Alex, uma adolescente hermafrodita de 15 anos, que vive com os pais numa casa isolada nas dunas do litoral uruguaio. Um dia a família recebe a visita de um casal de amigos e seu filho Álvaro, de 16 anos. O visitante, que é cirurgião plástico, tem interesse em “ajudar” Alex, porém, ninguém conta com a inesperada atração que acontece entre os dois jovens.
A palestra, que mais pareceu um agradável bate papo, acabou com a roteirista contando sobre dados mais técnicos da produção de “XXY” que ganhou mais de 20 prêmios, entre eles o Grand Prix da Crítica no Festival de Cannes 2007. Contou, por exemplo, que o filme custou 800 mil dólares, o tempo de produção do roteiro foi de 6 meses, de filmagem foram 5 semanas e o projeto todo demorou cerca de dois anos para ficar pronto.
*Fotos Alessandra Haro