Ilda Santiago e o Festival do Rio
Ilda Santiago, sócia do Grupo Estação e diretora do Festival do Rio, esteve na Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro, no último dia 3, participando da Semana de Cinema e Mercado (SCM), tradicional evento da escola.
Ilda confessou estar imersa no processo (quase) final da seleção da Première Brasil, uma das mostras mais esperadas e concorridas do festival, vendo vários filmes no dia, mas, que estava muito feliz de estar na AIC para conversar um pouco sobre cinema e festivais.
Circuito Estação
Começou contando um pouco de como surgiu o Grupo Estação, na década de 1980, com a vontade de exibir filmes independentes. “A gente queria trazer a experiência que tínhamos com cineclube para um formato mais profissional”, conta.
A história começou com a sala de Botafogo e o primeiro filme exibido foi “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de Arnaldo Jabor. Hoje o grupo conta com 17 salas especialistas na exibição do circuito independente.
Festival do Rio
Ilda trouxe um pouco dos bastidores do Festival do Rio. Contou curiosidades, falou sobre as seleções e principalmente sobre o trabalho duro escondido atrás do glamour.
Contou como tudo começou, com o FestRio em 1987. Um ano depois nascia a Primeira Mostra Palco Nacional, patrocinada pelo extinto Banco Nacional. Em sua primeira edição a Mostra trouxe 30 estreias e se manteve por 10 anos. Em 1997 virou Mostra Rio e o atual nome só apareceu em 1999, junto com a ideia de difundir mais o Cinema Brasileiro e Latino.
Na primeira Première Brasil foram exibidos apenas 7 filmes, hoje, são mais de 60 entre curtas e longas. “A ideia da première sempre foi criar impacto e quebrar moldes pré-estabelecidos. Não é fácil manter uma linha consistente, abraçar a diversidade e ao mesmo tempo pensar no mercado”, conta.
Ilda contou que a seleção dos filmes começa no Ventana-Sur, em Buenos Aires, entre novembro e dezembro. É lá que ela começa a pensar nos filmes do ano seguinte. Depois dele, mais tantos outros festivais.
Também contou um pouco da sua rotina de cinéfila. “Acordo às 6h para ver o primeiro filme do dia. São no mínimo dois por dia. Um de manhã e outro à noite. Final de semana então, nem saio de casa, sento no sofá na sexta e só saio de lá na segunda”.
Filme Defeituosos e Filmes de TV
Ilda também defendeu os filmes ruins: “amo ver filmes defeituosos”, comentou, dizendo que eles são importantes para a formação de qualquer curador ou cineasta. Também falou da importância dos filmes feitos para a televisão. “Acho que não podemos usar o termo de uma forma pejorativa, dizer que o filme foi feito para TV tem a ver com o tempo do filme, com o olhar. Não com ele ser ruim ou bom. Sem contar que a televisão formou alguns dos grandes diretores do nosso cinema. Então, como falar mal dela? ”, comenta.
Para finalizar Ilda disse que o mais importante para ela é manter as pessoas indo ao cinema, sempre. Ela acredita que para que aja mais equilíbrio é preciso que exista investimento em todos os setores, se referindo a importância de ter dinheiro para promover o filme depois de pronto. “Quero que os filmes que eu acredito consigam entrar no mercado”.
Agora só esperar (ansiosamente) pelo Festival do Rio 2017, que acontece em outubro.
*Fotos Ivanildo Carmo