Guia completo com os principais equipamentos para cinema
Será que apenas com os principais equipamentos para cinema é possível produzir um bom filme? A resposta a essa pergunta é rápida e direta: não. Isso depende muito mais da criatividade dos artistas e de outros envolvidos, e da qualidade da equipe técnica e de gestão do projeto.
Quer uma prova? Hoje, já são comuns os filmes produzidos com smartphones, alguns deles sendo exibidos, inclusive, em telas de cinema. É o caso de obras como o independente Tangerine (2015), de Michel Gondry, e Unsane (2018), do aclamado diretor de Hollywood Steven Sodenbergh.
Os dispositivos melhores, no entanto, são importantes porque expandem as possibilidades artísticas de diretores e mesmo dos atores. Assim, fica mais fácil conseguir aquelas cores que estão na sua imaginação, filmar a qualquer hora do dia — bem como sob quaisquer condições atmosféricas — e o processo criativo torna-se mais fácil, rápido e amplo.
Este guia foi criado para ajudá-lo na pesquisa dos seus próprios equipamentos. Com ele, gostaríamos de facilitar a compreensão de conceitos como iluminação, enquadramento, som e outros.
O resultado que esperamos é que você entenda não apenas quais são as melhores opções, mas também quais vão se adaptar melhor ao que você busca e à linguagem que quer desenvolver. Por isso, continue a leitura!
A estrutura de uma produção cinematográfica
Antes de recomendarmos uma lista de aparatos e explicar por que são bons e para que servem, é interessante ter em mente como funciona a criação de um filme. Isso afeta a escolha dos itens que você vai comprar, afinal, se há diversos profissionais envolvidos, cada um responde por uma parte técnica e, logo, por determinados equipamentos.
Por exemplo, o diretor de fotografia vai passar a maior parte do tempo preocupado com a iluminação do projeto. Então, ele precisa de bons refletores e lentes que reproduzam melhor suas ideias para determinado roteiro, para determinadas cenas.
Enquanto isso, o profissional responsável pelo som — que vai, inclusive, mixar a versão final e pedir que certos trechos de áudio sejam refeitos pelos atores, se necessário — precisa de microfones e cabos tão bons quanto possível.
Uma produção executiva e artística de audiovisual funciona assim: reunindo diversos especialistas com seus equipamentos favoritos. É claro que eles conseguem trabalhar em condições não ideais, mas é bom saber, antes de comprar qualquer coisa, que há decisões que podem fugir da sua opinião ou compreensão.
Agora, se você pretende filmar de maneira independente e desempenhar algumas das funções que são divididas em um set de filmagem tradicional — o que não é incomum, principalmente entre cineastas independentes — vai precisar saber um pouco de tudo e ter montado o seu próprio “estúdio de uma pessoa só”.
Os 7 principais equipamentos para cinema
Abaixo, vamos falar sobre as características dos equipamentos e o que deve ser considerado nas suas aquisições. Vamos abordar algumas marcas, em certos momentos, já que algumas são mais confiáveis e impactam positivamente o resultado final do seu trabalho. Não vamos frisar tanto os modelos, já que a evolução dos aparelhos é rápida e as invenções tornam-se obsoletas num piscar de olhos.
Isso também nos leva a um critério muito importante na hora de comprar câmeras, lentes, rebatedores e outros artefatos: o valor de revenda deles. Se você quiser se manter atualizado, vai passar boa parte do seu tempo vendendo equipamentos antigos para conseguir outros mais modernos. Então, sempre vai valer a pena pagar mais caro em um item se ele leva mais tempo para se desvalorizar que o dos concorrentes.
Dito isso, dividimos os principais equipamentos de cinema em 7 categorias, que perpassam as atividades de direção, fotografia, edição, captação de áudio e outras.
1) Câmeras
A avaliação da qualidade de uma câmera depende da compreensão de diversos parâmetros de operação manual de suas funcionalidades. Ou seja, nas mãos de quem não sabe operar, uma máquina profissional pode apresentar um desempenho muito menor que o de um smartphone.
O parâmetro principal é definido pela sigla DSLR, ou Digital Single Lens Reflex (Reflexo Digital de Lente Única). Essa tecnologia garante que a imagem mostrada no visor da câmera é exatamente igual ao que sairá na foto ou na gravação.
Também é uma tecnologia que torna o dispositivo mais manipulável, com zoom manual, troca de lentes e outros. Assim, você controla parâmetros como distância, entrada de luz no obturador e outros detalhes que podem parecer excessivamente técnicos para um iniciante.
Quanto às marcas, saiba que quase todas as mais famosas — Panasonic, Canon, Sony e Blackmagic, só para ficar nas quatro mais vendidas — oferecem tudo que você precisa. O que muda é a durabilidade de cada uma, o custo-benefício e o preço de revenda, a que já nos referimos.
Outro aspecto a se considerar é a resolução da imagem filmada. Os padrões profissionais atuais oscilam entre o full HD (1960 x 1080) e o 4K (3840 x 2160). Para interesses imediatos, o primeiro é suficiente. No entanto, se você pretende manter o equipamento por um longo período, recomendamos uma câmera que filme em 4K a 60 quadros por segundo.
2) Lentes
A rigor, não é recomendado trabalhar com audiovisual profissionalmente com um único tipo de lente. Em geral, elas variam em aspectos diversos, o que torna cada opção melhor em determinada circunstância. Assim, você vai encontrar modelos de lentes mais adequadas a espaços abertos ou fechados, opções melhores para fotografar com muita ou pouca luz e assim por diante.
A lente de uma câmera, ao contrário do que se imagina, não é apenas o objeto de vidro que chamamos de lente. Ela vem em um invólucro especial que determina, entre outras coisas, a quantidade de luz pode entrar. Essa capacidade, conhecida como “abertura da lente”, é a responsável por boas filmagens à noite. Ou seja, quanto mais luz atingindo a parte interna da lente, melhor.
Elas se dividem em grupos diferentes, conforme a maneira como captam as imagens e as distâncias em que fazem isso. Abaixo, separamos os 3 principais tipos que você deve conhecer para começar:
- lente fixa — não oferece zoom, ou seja, com ela não é possível aproximar ou distanciar a imagem;
- lente zoom — permite ajustes de distância, sendo, portanto, muito mais práticas que as anteriores;
- lentes teleobjetivas — tipo de lente fixa capaz de focar áreas muito maiores, e cujo comprimento físico é menor que a distância focal.
A grande vantagem das lentes fixas e o motivo de elas serem as preferidas de alguns cineastas é que oferecerem menos conjunto óptico. Isso faz com que tenham uma abertura maior, deixando entrar mais luz e interferindo na profundidade de campo, o que leva a efeitos que só são possíveis com esse tipo de lente.
Algumas lentes são conhecidas no mercado de cinema e fotografia há um bom tempo, o que faz delas ótimas opções para começar a filmar e fotografar. Alguns exemplos são as Sony E PZ 18-105mm, com seu zoom que impressiona, e a Canon Ef 75-300mm, com sua grande qualidade e baixa distorção, além das tradicionais fixas de 50mm.
No entanto, há uma série de detalhes técnicos que fazem muita diferença ao escolher boas lentes. As lentes cinematográficas e as fotográficas, diga-se de passagem, são muito diferentes entre si. Em geral, as primeiras são maiores e sua operação é mais mecânica, isto é, os ajustes de foco, entrada de luz e lens breathing são manuais.
A milimetragem das lentes varia entre 8 e 2.000 mm, no caso das objetivas, e cada grupo tem características específicas, sendo indicado para determinados tipos de enquadramentos e filmagens. Alguns distorcem nas laterais, outros no centro e há aqueles que apresentam imagens completamente regulares.
3) Iluminação
Os equipamentos de iluminação mais comuns — lâmpadas, difusores, rebatedores e refletores — costumam ser a parte mais difícil de carregar para realizar tomadas externas. Então, seu peso e suas dimensões vão contar muito, principalmente se você pretende utilizá-los para produções independentes e de baixo custo.
Por outro lado, é praticamente impossível fazer cinema de bom nível sem cuidar da iluminação, e a qualidade da luz na maior parte dos ambientes internos ou externos é ruim. Ou seja, você se verá constantemente obrigado a intervir nesses espaços, iluminando-os ou alterando sua luz natural para servir aos propósitos de cada cena.
É possível fabricar alguns desses equipamentos artesanalmente, o que dá trabalho, mas economiza muito. Seja como for, leve em conta as características elétricas dos itens de iluminação, considerando que eles devem funcionar nos diferentes tipos de tomadas e voltagens.
4)Refletores
Entre as peças utilizadas para iluminação no cinema, vale a pena falar um pouco mais especificamente sobre os refletores, dada a sua importância para o uso correto da luz no ambiente. Isso sempre vai acontecer levando em conta a combinação entre tipo de refletor, intensidade da lâmpada e necessidade de iluminação do ambiente.
Os refletores abertos proporcionam luz mais intensa e menos concentrada. Por outro lado, os do tipo Fresnel conseguem uma iluminação maior com lentes menores, o que faz com que sejam uma das opções mais leves, embora não muito baratos. Os refletores Fluo, de luz fria, são conhecidos por iluminarem o ambiente sem produzir sombras, já que utilizam lâmpadas fluorescentes.
Agora, se você quiser investir em uma iluminação mais cara e conseguir economia de consumo ao longo do processo — o que faz mais sentido se você filma em cenários fixos, por exemplo — recomendamos adquirir um refletor de luz de LED.
5)Microfones
Acredite, o espectador comum de cinema é muito mais exigente com a qualidade do som que com o nível de imagem que recebe. Áudios estourados, mal captados ou com ruídos irritam e prejudicam a compreensão dos diálogos, o que muitas vezes determina a avaliação negativa da obra como um todo.
É importante atentar-se aos tipos de microfones disponíveis e à maneira como vão ser utilizados. Outro aspecto que muita gente subestima é a qualidade das conexões. Perde-se muito do som ao longo de cabos longos, principalmente se você investir nos mais baratos.
Além disso, o áudio, no momento da gravação, fica muito sujeito a interferências ocasionadas por ondas de rádio ou elétricas quando os cabos não são blindados.
Os microfones mais comuns usados para a captação de áudio em filmes — e também em outros tipos de gravações, como vídeos publicitários e do YouTube, e registro de performances musicais ao vivo — são:
- microfones dinâmicos — versáteis, não requerem voltagem extra para funcionar, ou seja, não precisam de baterias. Os microfones dinâmicos são também mais baratos e capazes de operar a longas distâncias com metros e metros de cabos, além de captarem o som apenas próximo da cápsula;
- microfones condensadores — são opções de alta fidelidade sonora, mas que captam o som de áreas muito grandes e, por isso, são recomendáveis para ambientes controlados, como estúdios. Os condensadores precisam de uma voltagem adicional de 18 volts para funcionar;
- microfones omnidirecionais — levam esse nome porque captam o som de maneira uniforme em todas as direções, sendo ideais para o posicionamento entre um grupo de atores, fora do campo captado pelas câmeras.
Quanto às marcas, o Zoom H4n é um gravador de entrada muito usado por quem está começando. Embora sua ergonomia não seja a mais adequada para o audiovisual, já que ele não foi projetado para isso, é possível conseguir ótimos resultados com um pouco mais de trabalho na hora de gravar.
Se quiser mais praticidade, você pode investir em opções com ergonomia projetada para tripés, para serem posicionadas em baixo de uma câmera ou em uma bolsa lateral. A marca Tascam disponibiliza opções melhores, como os modelos DR70 e DR60.
No campo dos microfones direcionais a marca Røde oferece os melhores custos-beneficio do mercado. Mas vale ficar de olho nos microfones de gravação de diálogo para quem for fazer muita cena interna. São mics que, por não terem o tubo de interferência típico nos microfones direcionais, são menos sensíveis à reverberação do ambiente, como é o caso do Audix SCX1-HC.
6) Tripés
Esses tipos de suportes costumam ser vistos apenas como maneiras de manter as câmeras fixas. No entanto, nem sempre o tripé tem essa função. Ele pode ser fabricado com uma cabeça hidráulica que permite movimentos suaves, possibilitando percursos interessantes com uma câmera durante a tomada.
Um bom tripé não é barato, mas você deve lembrar que opções de material ruim ou muito leves colocam outros dispositivos muito mais caros em risco. Um simples esbarrão pode derrubar e quebrar sua câmera ou aquela lente especial que você demorou a comprar.
Se você não puder investir em tipos diferentes de tripés, tente comprar aquele com o maior número de dobradiças possível. Isso garante a adequação a diversos tipos de situações. Se puder investir em vários modelos, vai ficar surpreso com a quantidade de opções para o chão, as mãos ou o torso do operador de câmera.
7) Softwares
As suítes de edição de vídeos têm sido tão aprimoradas nos últimos anos que escolher entre uma e outra não é mais questão de ela apresentar ou não certas funcionalidades, mas depende de gosto. Assim, sempre haverá aqueles que se sentem mais à vontade com o Adobe Premiere e os que desenvolvem melhor suas atividades de edição no Vegas Pro.
Vale lembrar que esses não são os únicos softwares que você vai precisar. O Adobe After Effects serve para finalizar produções, criando, inclusive, os efeitos especiais mais conhecidos do grande público. Ele também é uma excelente opção para quem trabalha com cinema de animação.
No que diz respeito ao áudio, o leque é ainda maior: você pode testar o Logic Pro, da Apple — disponível apenas para os dispositivos da maçã —, o consagrado Pro Tools ou o Ableton Live, que foi originalmente projetado para a produção de música eletrônica, mas encantou os profissionais de trilha sonora para cinema.
De longe, o software mais utilizados é o Pro Tools, mas parte da indústria tem aderido ao Fairlight, um programa gratuito agregado ao DaVinci Resolve (que também serve para editar vídeos), e recebe a herança de uma das primeiras soluções de edição de som do mundo, projetada em 1975 e que também se chamava Fairlight.
É possível encontrar alguns estúdios que utilizam o Nuendo para edição de som e imagem. Ele foi desenvolvido pela conhecida empresa Steinberg, e é uma solução completa, capaz de realizar mixagens de som em qualidade 7.1 (o que significa que o som sai para as salas de cinema em 7 canais diferentes, ou sete caixas de som que, juntas, compõem um áudio com grande sensação de imersão).
No campo da música para cinema (e não apenas no dos efeitos sonoros) a escolha é mais pessoal. Compositores costumam usar o Logic, Ableton Live, Cubase e Sonar. O mercado independente tende a usar softwares gratuitos como o Reaper ou soluções um pouco mais completas para produção musical, como o Cakewalk.
A escolha dos equipamentos é essencial para a qualidade final da produção, e vai impactar positivamente a sua carreira como cineasta. Afinal, embora seja possível começar a fazer filmes sem adquirir os melhores e principais equipamentos para cinema, ao aprender a lidar com eles você estará definindo aos poucos sua linguagem artística. Então, comece a economizar e monte seu “estúdio de uma pessoa só” agora mesmo!
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