Moura começou brincando com a plateia: “Nós roteiristas vivemos em nossa caverna, escrevendo. Quando saímos ficamos até meio desengonçados”. Como todo bom contador de histórias e como se o seu discurso estivesse projetado para seguir uma boa curva dramática, ele ganhou o público, que parecia hipnotizado.
Contou sobre como começou a sua parceria com o diretor João Jardim no programa Por Toda a Minha Vida, da rede globo, e sobre todo o processo de roteirização do filme “Getúlio”. “Quando João me convidou para esse projeto, parecia impossível fazer um filme sobre a vida de Getúlio. Afinal, existem versões contraditórias da história e nós não queríamos retratar o já sabido. Queríamos lançar uma luz sobre a vida privada do político. Outra questão era: como não fazer um filme laudatório e parcial? Foram vários os pontos pensados… Acho que daria para fazer pelo menos mais dois filmes, um sob a perspectiva do Lacerda e outro do Gregório Fortunato”.
Confessou ter ficado muito feliz com o resultado final, principalmente ao saber que o filme atingiu mais de 700 mil espectadores no cinema.
Processos como roteirista
Questionado sobre seus processos de trabalho, George Moura resolveu ler um trecho da obra do livro “A Linguagem do Cinema”, de Jean-Claude Carrière, que diz que quando as filmagens terminam, os roteiros acabam em cestas de lixo. O autor compara esse processo a transformação de uma lagarta em borboleta.
Por fim aconselhou os roteiristas a lerem todos os manuais de roteiro e depois esquece-los. Ver todos os filmes, mesmo os ruins, mas nunca os copiar. “O estilo é o teto onde o artista bate a cabeça”. E finalizou, “Trabalhem muito. Não posso deixar de citar a famosa frase de Picasso, quando um jornalista lhe questionou sobre ter mais sorte que talento. ‘Quando a sorte veio estar comigo me encontrou trabalhando’. Por isso, trabalhem, tenham obsessão por reescrever”.
*Fotos: Karol Salldanha