A Academia Internacional de Cinema (AIC) é muito mais que uma escola de cinema, é um centro cultural. Além das mostras em salas especializadas de cinema, Festivais e Eventos realizados anualmente, a escola conta com um time de professores e alunos talentosos que produzem filmes e arte o tempo todo. Eles ganham prêmios, se destacam em festivais e participam ativamente do mercado. Alguns entram alunos e saem professores, outros entram sem prêmios e acumulam prêmios famosos e outros já entram carregando grandes troféus, como é o caso de Daniel Drummond, que veio estudar Direção de Fotografia na AIC depois de sair vencedor do 42º Oscar Estudantil, promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles. Sim, um Oscar!
A animação “Chiaroescuro”, fruto da conclusão de curso na Chapman University, retrata a competição de dois organismos pela única luz na escuridão. O filme é definido pelo diretor como “uma narrativa minimalista, uma animação experimental onde cabe ao espectador conectar os pontos”.
Além do Oscar, o filme já passou por mais de 25 festivais, entre os mais importantes estão: Anima Mundi, Cinequest Film Festival, Sommets du Cinéma d’Animation – Festival Internacional de Montreal, Dublin Animation Film Festival e Festival Guarnicê de Cinema.
Conheça e se inspire na história desse jovem diretor maranhense!
Entrevista
AIC – De onde veio a ideia do curta e como foi produzi-lo?
Daniel Drummond: Chiaroscuro foi meu trabalho de conclusão de curso do Bacharelado em Artes Digitais na Chapman University, Califórnia. O filme foi na verdade o resultado de vários interesses que eu tinha na época. Eu estava muito interessado por arquitetura, especialmente o trabalho de Tadao Ando. Então eu sabia que queria desenvolver um tipo de visual similar, com linhas gráficas, formas bastante geométricas e texturas simples. Ao mesmo tempo, eu tinha certa experiência com animação para efeitos visuais. Coisas como fogo, fumaça, poeira, líquidos etc. Sempre achei que esse tipo de animação tinha potencial para a criação de personagens dramáticos. Além do mais, percebi que contar uma história sem personagens humanos e sem diálogo seria uma boa oportunidade para me forçar a exprimir o que eu queria somente através de visuais, da câmera, da iluminação etc. Eventualmente todos estes elementos aparentemente distintos se complementaram, e o resultado me pareceu um “toolset” ideal para contar uma história de corrupção e dinâmica de poder.
AIC – Quem é Daniel Drummond? Quem te influencia?
D.D.: Sempre quis fazer cinema. Nasci em São Luís, no MA, e no Ensino Médio já escrevia roteiros de cinema ao invés das redações exigidas pela escola. Aos 20 anos me inscrevi no programa de bolsas de estudos do IBEU (Instituto Brasil-Estados Unidos) e consegui uma bolsa para cursar cinema na Dodge College of Film and Media Arts, nos Estados Unidos. Lá tive a chance de trabalhar com roteiro, direção, efeitos visuais e acabei me formando com uma concentração maior em Animação. Steven Spielberg disse que “Todos diretores deveriam começar como animadores,” e eu segui suas palavras ao pé da letra (risos).
Tenho várias influências, mas as principais são Michael Mann, Coppola, Alejandro González Iñárritu, irmãos Dardenne, Michael Haneke e Mateo Garrone. Ultimamente também tenho admirado o trabalho do Denis Villeneuve e do Paolo Sorrentino. Gosto muito de direção e constantemente revisito o trabalho desses mestres para referência e inspiração.
AIC – Como veio parar na AIC e por que escolheu o Curso de Direção de Fotografia?
D.D.: A minha maior área de interesse dentro de animação é trabalhar com Layout, que é basicamente a fotografia do filme. A maior parte das pessoas pode não perceber isto, mas animação 3D também requer trabalho de câmera, decupagem, escolha de lentes, controle do ISO, diafragma, filtros, foco seletivo, gruas, movimento, tipo de luz etc. Após terminar minha graduação, eu sabia que queria me aprofundar na arte da direção de fotografia para ser um artista de Layout mais completo. Eu já havia ouvido falar da AIC há tempos e sabia que era uma das escolas pioneiras no Brasil. Decidi procurar detalhes sobre o curso de Fotografia e gostei do que encontrei. Procurei a opinião de amigos profissionais e também me recomendaram o curso. Ficou claro que a AIC tinha reconhecimento, e já aprendi muitas coisas no curso que estão servindo para minha carreira.
AIC – Como foi participar e ganhar um prêmio tão importante?
D.D.: Foi uma experiência única. Além do prêmio a AMPAS – Academy of Motion Picture Arts and Sciences, hospedou todos os vencedores em Los Angeles e organizou uma série de eventos profissionais. Marcaram encontros com membros da Academia, vencedores do Oscar, agentes e managers, assim como visitas aos estúdios e sede da Dreamworks, Paramount, Sundance etc. Também conheci os vencedores das outras categorias. Com todas estas oportunidades foi possível realizar vários contatos e expandir minha rede de colaboradores.
AIC – O prêmio abriu portas? Qual a importância, na sua opinião, de participar de festivais?
D.D.: O prêmio abriu várias portas. Além de contatos profissionais nos grandes estúdios e ofertas de trabalho, o filme agora está concorrendo uma vaga para o Oscar 2016. Graças ao prêmio também consegui uma bolsa para realizar meu Mestrado em Direção Cinematográfica. A participação em festivais é essencial para quem está começando a carreira ou tentando firmar uma reputação como realizador. E não apenas pelos prêmios que podem vir com os festivais, mas pela exposição que traz para o trabalho. Você conhece outros cineastas em estágios similares de carreira e estes se tornam a sua rede de apoio para futuros projetos. Isso é muito valioso.