O filme Cereja do Bolo, produzido como trabalho de formatura do Filmworks pela aluna Laura Reis, conquistou o prêmio de Melhor Direção de Arte no HORROR Underground Film & Screenplay Festival, no Canadá. A direção de Arte foi realizadas pelos ex-estudantes Camilla Aguiar e A Zigla Marthins
A trama acompanha uma garota com cabeça de coelho que tenta escapar de sua realidade ao descobrir um grupo de garotas coloridas e famintas por inclusão. No entanto, a doçura aparente logo revela um lado sombrio. Conversamos com Laura Reis sobre a criação deste universo de terror cor-de-rosa.
1) Como surgiu a ideia do filme?
A ideia do filme veio para mim quando decidi fazer um alerta sobre o meio ambiente em formato de filme. Crescendo em uma época em que o planeta não vai bem, quis usar minha voz e visão de mundo para criar essa fantasia de pós-apocalipse ambiental. Construindo o universo radiativamente colorido de Cereja do Bolo, com suas sátiras sobre a fome e a ganância humana, também queria explorar o universo dos filmes de terror, trazendo uma nova perspectiva ao gênero.
2) Como foi criar esse universo de terror rosa?
Foi extremamente divertido. Sendo amante de filmes de terror desde pequena, consegui ter uma visão ampla do gênero. Quis desmembrar tudo o que conheço sobre esses filmes e fazer algo único e pessoal. Hoje tenho orgulho de dizer que Cereja do Bolo é o primeiro ‘filme de terror rosa’, com sua estética e narrativa marcantes.
3) Como foi o desenvolvimento de seu processo criativo?
Meu processo criativo parte do que considero visualmente atraente. Sempre fugi da realidade desenhando personagens excêntricos que exploram a dualidade do ‘fofo e tenebroso’. A ideia da garota com cabeça de coelho sempre me fascinou, e foi ela que me inspirou a trazer esse universo para fora do papel. O filme também reflete sobre a saída da infância e a resistência em enfrentar o mundo real, algo que vivi aos 19 anos, lidando com crises existenciais.
4) Qual foi o papel da AIC e dos colegas na produção do filme?
Meu grande desejo era que Cereja do Bolo fosse guiado por mulheres, tanto atrás quanto na frente das câmeras. Encontrei minha equipe dos sonhos na AIC. Agradeço profundamente ao elenco, formado por alunas dos cursos de atuação: Castelluni, nossa eterna Cabeça de Coelho, Gabi Slompo, Manu Macedo, Roberta Lisa, Ana Beatriz Venga, Júlia Martins e Milena Pintari. Desde a primeira aula de direção de atores, soubemos que estávamos fadadas a criar algo especial juntas.
Não posso deixar de mencionar Manu Reis (Diretora de Fotografia) e Sofia Borghi (Elenco de Apoio e 3º AD), minhas almas gêmeas cinematográficas. Manu soube traduzir meus desenhos para a tela e foi incrivelmente dedicada, gravando até sob chuva e se sujando de sangue falso. A cereja do bolo foi a direção de arte, conduzida por Camilla Aguiar e A Zigla Marthins, que entenderam perfeitamente o que o filme precisava para se tornar um banquete visual. Agradeço também a Lais Piragine (Edição e Montagem), que capturou a essência do filme com delicadeza e atenção aos detalhes.
Sem a AIC, não teríamos conseguido gravar na locação ideal nem teríamos os equipamentos necessários. Agradeço a todos os professores que acompanharam o projeto e compartilharam suas experiências. Como sempre digo: isso é apenas o começo! O que criamos juntos nunca terá fim.