Academia Internacional de Cinema (AIC)

Ex-aluno Victor Ribeiro lança filme em parceria com o dançarino Neguin para o movimento Black Lives Matter

Victor Ribeiro, ex-aluno de uma das primeiras turmas do curso de Filmworks da Academia Internacional de Cinema (AIC), acaba de lançar o filme TO BE, em parceria com a Red Bull internacional. O projeto é uma contribuição para o movimento Black Live Matter (Vidas Negras Importam). 

Protagonizado pelo brasileiro bboy Neguin, considerado um dos melhores dançarinos do mundo, o atleta da Red Bull já dançou ao lado de Madona, Fergie e integrou a equipe do Circo de Solei. O atleta também assina a criação do projeto, que leva a direção de Victor.  

Victor conta que a parceria com a Red Bull internacional surgiu pois a empresa tem como política, apoiar projetos de seus atletas. “Apresentamos a ideia e eles nos apoiaram com 2 mil dólares para realizar o filme, que foi postado em suas redes sociais. Eu juntei o time, dividimos o cachê e começamos a desenvolver a ideia”, conta.  

Gravações e Inspirações

No início da pandemia, Victor e sua companheira, a atriz Renata Bruel, decidiram passar o período de isolamento em São Luiz do Purunã, no interior do Paraná, onde as filmagens foram feitas. Pai de dois filhos, achou que se isolar no campo era a melhor alternativa, mas, com o passar do tempo, o desconforto tomou conta do que antes era somente tranquilidade. 

“A quarentena mexeu comigo, ativou uma forte crise de ansiedade e de repente não consegui fazer absolutamente mais nada, nem mesmo ler uma página de um livro. A sensação de improdutividade acabou quando Neguin me convidou para participar do desenvolvimento do filme”, conta.

Victor conta que a inspiração surgiu por conta de suas aventuras pelo teatro. Em 2011 montou uma Cia de teatro e dança junto com André Rockmaster e com Neguin. A partir disso, passou a desenvolver trabalhos artísticos que misturam as linguagens de dança, teatro e cinema. Em um de seus projetos teve a ideia de misturar Hamlet de Shakespeare e Breaking. “Esse foi o primeiro insight para o filme. A ideia era utilizar a famosa frase da obra: ser ou não ser, refletindo sobre a liberdade do povo negro. A dança reflete esse símbolo de liberdade”.

A equipe de filmagem foi de 5 pessoas – além os 2 dançarinos, toda composta pela família, que estava em quarentena no mesmo sítio.

A sugestão de ter uma dançarina no vídeo partiu de Neguin e, após muitas discussões, percebeu-se a importância de que essa personagem fosse branca, mostrando que a discussão sobre o racismo é uma pauta importante para todos: brancos e negros. Assim, o convite foi feito a Juliana Kis, artista curitibana.  

O Roteiro

O roteiro precisava ser desenvolvido por alguém que vivencia o racismo, conta Victor. Por isso chamaram o americano Himyo Green. “Himyo entregou um texto tão incrível que ficamos chocados. Achamos melhor que ele mesmo fizesse a narração. Eu gosto disso, gosto de escutar o autor, é o coração dele falando, isso é lindo e me emociona”, conta.

O filme 

TO BE é um filme que se debruça sobre o questionamento do homem negro no século XXI: estou sendo livre ou não? A narrativa leva a nossa atenção para os medos que a comunidade negra tem de viver numa sociedade na qual os pesadelos poderiam ser confundidos com a realidade. “Isso acontece porque ainda hoje possuímos vestígios de uma violência racial que se perpetua na sociedade. O questionamento de liberdade é direcionado àqueles que se recusam a acreditar que negros e negras sejam capazes de produzir através de suas perspectivas e vivências”, conta o diretor. 

BLACK LIVES MATTER 

O movimento que surgiu na década de 80 com o objetivo de chamar a atenção para a violência direcionada à população negra americana por policiais brancos, nesse ano, ganhou força e visibilidade devido a morte de George Floyd (40), que foi asfixiado e morto por um policial, que ficou ajoelhado por oito minutos em seu pescoço.

 

* Texto Jhennifer Oliveira e fotos Eli Firmeza

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