Um diplomata cabeludo fazendo cinema marginal? Isso mesmo. Alex Costa, ex-aluno do FILMWORKS, tem 33 anos e fez faculdade de Relação Internacionais. Após iniciar uma carreira diplomática na Áustria, percebeu que aquilo não era pra ele. “Resolvi mudar radicalmente meu futuro profissional, largar tudo e me dedicar à minha verdadeira paixão, o CINEMA”, conta.
Alex finalizou o Curso Técnico em Direção Cinematográfica no final do ano passado e o seu trabalho de conclusão de curso, o filme “Amor Sociedade Anônima”, estreou ontem no Vibgyor Film Festival, um importante festival indiano que exibe mais de 100 filmes por ano com a intenção de discutir diversidade e identidade.
O Filme
“Amor Sociedade Anônima” tem 27 minutos e é um drama em homenagem ao cinema marginal brasileiro. “O filme é inspirado no caótico, mas ao mesmo tempo belo, é um mosaico formado pelos cidadãos de São Paulo, rodeados pelos absurdos da vida cotidiana da metrópole. As histórias de 19 pessoas de unem de forma a repensar um dia na vida daqueles que ainda se atrevem a amar”, conta o diretor.
Alex conta que a ideia do curta veio da vontade de realizar um filme que se aproximasse da linguagem do cinema marginal das décadas de 1960 e 1970, mas, que ao mesmo tempo, não fizesse referência a um lado marginalizado de São Paulo e sim explorasse o lado poético e limpo da cidade. “A ideia era usar a beleza visual como parte da perversão ao caos que tão bem dialoga com a lógica da cidade”, conta.
Equipe Técnica AIC
Outros alunos e professores da Academia Internacional de Cinema (AIC) também participaram da produção do filme. Entre eles estão as alunas Ayune Namur, coordenadora e diretora de arte e, Andrea Mendonça, que fez a assistência de direção e montou o filme. Entre os professores que orientaram o projeto estão o diretor de arte Dicezar Leandro e a produtora Alessandra Haro.
Influência e Referências
Alex também contou um pouco de suas referências. Entre os diretores internacionais destacou grandes cineastas do leste europeu, como Bela Tarr, Emir Kusturica, Laila Pakalnina, Sergei Loznitsa e Dziga Vertov. O que todos eles têm em comum, talvez nada, talvez a narrativa diferente da clássica, a grande preocupação com a montagem e os temas sociais e políticos em seus filmes.
No Brasil, Alex conta que suas referências principais para o filme “Amor Sociedade Anônima” são as obras de Rogério Sganzerla, Andrea Tonacci, José Agrippino, Júlio Bressane e Luiz Rosemberg Filho.
Produção
Sobre a produção do filme, Alex falou da liberdade característica do cinema marginal que dá ao cineasta uma margem de manobra muito grande para superar os imprevistos, mas, mostrou que tudo foi muito bem organizado e planejado. “Com toda uma excelente equipe realizando um trabalho verdadeiramente coletivo de criação, o processo foi enriquecedor para todos os participantes e as diárias de filmagem descontraídas e prazerosas. Este projeto foi um grande desafio sendo que trabalhamos com 19 atores e 15 locações, com somente cenas diurnas em 5 diárias de no máximo 8 horas cada. Mas com uma dedicação muito grande de todos os envolvidos concluímos os planos de filmagem impecavelmente e dentro do prazo estabelecido”, conta.
Ficha técnica completa
Direção e roteiro – Alex Costa; Direção de Fotografia – Caê Kokubo; Produção – Jackie Dolstoy; Direção de Arte – Ayune Namur, Fernanda Volkmann, Pri Bordoni, Karina Idebel; Montagem e Assistência de Direção – Andrea Mendonça; Edição – Andrea Mendonça e Alex Costa; Sound Design – Alex Costa; Som Direto – Luciana Camargo e Leonardo Prioli e Assistência de Produção – Marie Cabianca
*Fotos de Caê Kokubo