Quando ingressou no FilmWorks, em 2017, Victoria Gimenes provavelmente não imaginava que, apenas dois anos depois, estaria trabalhando em uma das maiores produtoras do país. Hoje, a ex-aluna é estagiária no departamento internacional da Gullane (produtora responsável por filmes como Que Horas Ela Volta?, Bicho de Sete Cabeças, e coprodutora de Como Nossos Pais).
“O ponto chave para mim, quando comecei a estudar cinema, foi entender a diferença entre gostar de cinema e trabalhar com isso. Acho importante ter esses conceitos definidos porque, depois que você começa a entender o que é realmente uma produção audiovisual, passa a enxergar uma obra de outra forma”, observa Victoria.
A ex-aluna afirma que, ao entrar em contato com a realidade do mercado brasileiro, aprendeu a admirar as conquistas dos filmes nacionais. “Muitas vezes o cinema com o qual as pessoas têm maior contato é majoritariamente o norte-americano”, explica. “Isso cria muitos mitos e estereótipos, que vão se quebrando com o passar do curso. Acho que isso é o que diferencia, hoje, o bom aluno e o futuro profissional: o entendimento do nosso mercado, do nosso público, do repertório brasileiro, e a valorização do nosso produto”.
Embora o FilmWorks seja um programa com foco na direção cinematográfica, Victoria acredita que a grade curricular ampla do curso permite descobrir outras vocações. “Todas as etapas e funções de um filme são estudadas. Por mais que eu tenha dirigido filmes durante o curso, eu me encontrei muito mais na fotografia e na produção, por exemplo”.
De acordo com a ex-aluna, além do conhecimento e do repertório acumulados durante os estudos, um dos aspectos mais positivos desse período é o portfólio. “No segundo ano de curso, foi proposto pela coordenação um semestre de desenvolvimento do nosso último curta e depois mais um semestre de pré-produção e produção. Foram meses trabalhando em uma mesma premissa, em um mesmo roteiro. Ter todo esse tempo e foco para atender às demandas do projeto é visível, no resultado final, além de poder contar com a mentoria de professores incríveis”.
Para Victoria, uma das maiores motivações para os alunos do FilmWorks é o prêmio de pós-produção, concedido ao projeto vencedor do pitching que acontece no final do semestre. “Felizmente, o curta em que fiz o roteiro e fotografei [A Donzela da Torre] foi o escolhido. Isso reduziu muito o orçamento final do projeto e vai trazer um acabamento incrível – afinal, é a Cinecolor que faz a mixagem ou a correção de cor”, ressalta. Atualmente, o filme se encontra em fase de edição de som e mixagem, trabalho realizado junto à diretora Giovanna Borsarini. Victoria destaca ainda a importância de fazer amizades com colegas durante o curso, o que abre a possibilidade de trabalhar com eles em futuros projetos.
A oportunidade de ingressar na Gullane surgiu por meio de um anúncio, divulgado pela coordenação da AIC. A escola costuma enviar notícias por e-mail aos alunos dos cursos, contendo informações sobre vagas, eventos e festivais. “Recebi esse e-mail dois meses depois de me formar no FilmWorks. É bem legal ver que a escola continua divulgando essas oportunidades, mesmo para ex-alunos”. Trabalhando há três meses na Gullane, Victoria diz admirar muito os profissionais e a estrutura da produtora. “Eu assistia aos filmes de lá há muitos anos. Sou apaixonada por Bingo: O Rei das Manhãs!”
O projeto mais recente em que Victoria trabalhou na Gullane foi o filme O Traidor, selecionado para fazer parte da competição no Festival de Cannes. “É uma coprodução Brasil, Itália, França e Alemanha. Como sou do departamento internacional, ajudei na organização da viagem da delegação do Brasil para o festival”, conta a ex-aluna do FilmWorks.
*Por Katia Kreutz