Vencedores do Filmworks Film Festival 2018 – Rio de Janeiro
A edição carioca do Filmwork Film Festival foi muito além da premiação e da exibição dos filmes dos alunos na tela grande. A noite foi sobre arte, política, resistência e sobrevivência aos tempos sombrios que assolam o país.
Dos 23 filmes exibidos nos dois dias de festival, muitos trouxeram temas atuais e necessários, como o grande vencedor da noite. “Sempre Verei Cores no seu Cinza”, da aluna Anabela Roque, recebeu os prêmios de Melhor Filme e Melhor Direção. O documentário discute a crise na UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro e mostra a atuação de um grupo de alunos protestando contra a situação de abandono da universidade. Dentre as personagens do filme a estudante de arte Matheusa Passareli, brutalmente assassinada no começo do mês.
Antes da entrega dos prêmios a Academia Internacional de Cinema (AIC) fez uma projeção em homenagem a Matheusa. “O Brasil é o país que mais mata a população LGBTQ e infelizmente, neste mês, estivemos diante de mais um crime brutal na cidade. O documentário ‘Sempre Verei Cores no seu Cinza’ fala sobre resistência, através da arte e dos corpos, que era uma das principais atuações de Matheusa. Se tem algo que é inerente ao cinema é a possibilidade de mantermos vivas e potentes as memórias, os gestos e as falas”, disse Clarissa Nanchery, coordenadora de cursos da AIC.
Gabe Passareli, irmão de Matheusa, que assistiu ao filme e a homenagem, fez um breve discurso, emocionando a plateia. “Estamos cansados de viver quebras, a única quebra que deve existir é a do silêncio. A dor não pode nos paralisar.”
Anabella não pode estar presente mas, foi muito bem representada pelo restante da equipe, que recebeu os prêmios ao lado dos alunos da UERJ. Vitor Augusto, diretor de fotografia do filme, disse que o documentário é um trabalho com grande maturidade e que houve uma intensa pesquisa da diretora. “Receber o prêmio é muito gratificante, mas o mais importante são as questões que o filme alcançou e a mensagem que fica e reverbera.”
Diversidade
Outros temas urgentes que apareceram nessa 9ª edição do Festival foram: a vida de refugiados congoleses, amor lésbico, assédio sexual, sistema carcerário brasileiro, a ocupação de lugares públicos como lugar de arte e resistência, as diferenças e a inclusão de minorias.
Mas o FWFF também foi lugar de risos e de muita experimentação, com temas leves e descontraídos, também necessários para aquietar o coração, como a singela história de um avô que se prepara para receber a visita de sua neta, o vizinho barulhento do andar de cima, além de tantas outras reflexões artísticas.
Os Vencedores
Conheça todos os filmes e os vencedores que emocionaram a plateia com seu agradecimentos e discursos:
- Roteiro | Buba | Nini Cartaxo e Olívia Janot
- Fotografia | Panóptico | Pedro Waddington
- Arte | Panquecas | Direção de Thallyta Illidio e Camila Macário
- Atuação | Buba | Wilson Rabelo
- Melhor Filme | Sempre Verei Cores no Seu Cinza | Anabela Roque
- Curta Livre | Surround | Ravel Cabral
- Melhor Doc | 6 por 20 | Daniel Tumati, Luna Gámez, Maria Fernanda Genuncio, Marina Gerasso e Vitor Rodrigues
- Direção | Sempre Verei Cores no Seu Cinza | Anabela Roque
- Edição | Carne Infinita | Isadora Cavalcanti
- Som | Surround | Luiz Karounis e Gaia
- New Vision | Apto 304 | J.P Moraes
- Menção Honrosa | Enquanto Você não Vê | Debora Aranha
- Júri Popular | Sobre Vivência | Luciana Metri
Os Prêmios
Além do tradicional troféu, cada aluno recebeu um prêmio, entre eles bolsas de estudo em cursos da AIC e prêmios cedidos pelas empresas parceira como cópia digital em DCP – Arkive, correção de cor – Link Digital, aluguel de kit de equipamentos de iluminação – Naymar, kit de DVDs – Gullane, aluguel de kit de câmera – Youle, mixagem – Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura (CTAV), serviço de acessibilidade – Iguale etc.
Fica os parabéns para todos os participantes e a espera pelos filmes do ano que vem!
*Fotos Ivanildo Carmo