Rodrigo Maia, do Catarse, diz que é preciso estabelecer mais relações humanas do que comerciais
Rodrigo Maia, um dos fundadores do Catarse, a maior plataforma de financiamento coletivo do Brasil, esteve na Academia Internacional de Cinema (AIC), ontem (5) na unidade de São Paulo e terça-feira (4) no Rio de Janeiro. Rodrigo foi um dos palestrantes convidados da Semana de Cinema e Mercado e falou sobre crowfunding e alternativas de financiamento.
Um Pouco da História
Com o estúdio cheio, Rodrigo começou contando um pouco da história do Catarse. Tudo começou com os amigos Diego Reeberg, de Paranavaí (PR), e Luis Otávio Ribeiro, de Uberaba (MG). Logo se juntou a eles o programador Daniel Weinmann, de Porto Alegre. A partir de um blog em que discutiam o assunto, chamaram a atenção de mais dois irmãos cariocas: Rodrigo (jornalista) e Thiago Maia (designer). Todos eles com o sentimento comum de dor por ver projetos incríveis engavetados, seja por falta de dinheiro/financiamento ou por excesso de burocracia dos editais e fundos setoriais. Em janeiro de 2011, com a proposta de tirar sonhos do papel, os cinco resolveram unir forças, abraçar um caminho comum e lançar a plataforma.
Desde sua fundação, o Catarse vive intensamente a dinâmica da colaboração, do código aberto (open source) e um relacionamento humanizado com cada apoiador e realizador.
Desde sua fundação, 223.532 pessoas já apoiaram pelo menos um projeto no Catarse, 1.875 projetos já foram financiados e 32 milhões doados para projetos criativos. Só na categoria de cinema já foram 685 projetos, destes, 360 foram financiados e saíram do papel, atingindo uma taxa de 53% de sucesso.
O Financiamento Coletivo
Rodrigo explicou que o financiamento coletivo não é algo novo. Em 1922, para arrecadar fundos para a construção do Cristo Redentor, freiras caminhavam pelas ruas do Rio, com um enorme lençol branco aberto, para que as pessoas jogassem dinheiro dentro dele. “O que é isso se não financiamento coletivo?”, questiona.
“Bem mais do que relações comerciais, o financiamento é o processo de unir pessoas interessadas em financiar algo, mas esse processo é muito mais coletivo do que financeiro. Para dar certo é preciso estabelecer relações humanas, de afeto. Os projetos de maior sucesso são daquelas pessoas que se envolvem com os outros, que humanizam os processos, que mostram sua paixão pela causa, que se fazem presente. Mesmo depois de conseguir o patrocínio, não se pode deixar os apoiadores num abismo de comunicação, tem que tratar os apoiadores com respeito, cumprir com as recompensas e prazos”, conta Rodrigo.
Para finalizar Rodrigo apresentou cases de sucesso do Catarse como o do projeto “Quando Parei de Me Preocupar Com Canalhas”, curta escrito e dirigido pelo goiano Tiago Vieira, de 34 anos, financiado via crowdfunding no Catarse, selecionado para o Short-Film Corner do Festival de Cannes de 2015. O curta é inspirado em uma história em quadrinhos de Caco Galhardo, homônima ao filme, publicada na edição de abril de 2008 da revista Piauí. As tirinhas contam a história de um sujeito que cansa de se decepcionar com a política e resolve se alienar.
*Fotos: Duda Tavares