O novo perfil do cinema nacional
O Produtor Executivo Paulo Boccato, da Glaz Entretenimento, fez um panorama geral dos últimos 10 anos de distribuição no Brasil, e o crescimento que o mercado está experimentando. O estúdio da Academia Internacional de Cinema (AIC) ficou lotado na segunda noite da III Semana de Cinema e Mercado, que este ano faz parte das comemorações de 10 anos da AIC.
Um Pouco de História
Paulo deu uma aula de história sobre as mudanças ocorridas nas salas de cinema e a forma de consumir filmes entre as décadas de 1970 e 1990. Contou que até o final dos anos 70 cada distribuidor tinha um acordo com redes de cinema específicas. Haviam menos cinemas, as salas eram de rua, não existia 10 salas passando o mesmo filme e o título ficava muitas semanas em cartaz. Por isso, não precisava gastar tanto com publicidade.
“O home entretenimento, nos anos 80, começou a derrubar esse mercado. O preço do ingresso sobe, os filmes já não ficam tanto tempo em cartaz, pois precisavam ser lançados em vídeo e os estúdios começam a fazer acordos com base nas finanças. As grandes salas não fazem mais acordo e querem sempre exibir os filmes mais rentáveis, independente do estúdio. Por conta disso, o custo do lançamento aumenta significativamente”, conta.
Os números
Em 2002 o público total nos cinemas brasileiros era de 92 milhões e em 2013 pulou para 150 milhões. O número de filmes brasileiros lançados nesse mesmo período também cresceu muito, em 2002 tínhamos apenas 29 títulos, contra 129 em 2013. Consequentemente o público que consome os filmes nacionais também cresceu. Em 2002 eram apenas 7 milhões, em 2013 o número ficou em 28 milhões. Também houve crescimento das distribuidoras nacionais, descentralizando o poder dos grandes estúdios americanos. “A indústria está se consolidando estruturalmente, porque o dinheiro está voltando para a nossa indústria, temos cada vez mais filmes brasileiros lançados por distribuidores brasileiros”, diz Paulo.
As comédias
Um dos assuntos abordados durante a palestra foi a produção de comédias. O público queria saber por que a comédia é um principais gêneros aqui no Brasil. Por que existem tantos lançamentos deste gênero e menos dos outros. “O humor gera uma forte identificação com a cultura local e é baseado em diálogo, em roteiro, ou seja, é um dos gêneros mais baratos para ser produzido. É um modelo de produção que funciona. É difícil concorrem com um filme de ação americano, e, quando falamos de ação, o público tem como referência os filmes da Marvel. Qualquer outra coisa não será bem aceita. Por isso, ainda é difícil concorrer”, diz Paulo.
*Fotos Yuri Pinheiro