Lula Carvalho na AIC
Lula Carvalho, diretor de fotografia de “Narcos” – a nova série do NETFLIX, além de tantos outros sucessos nacionais e internacionais como “Tropa de Elite”(José Padilha), “As Tartarugas Ninja” (Jonathan Liebesman) e “Robocop”(José Padilha), esteve na unidade carioca da Academia Internacional de Cinema, na última segunda-feira (31), para um bate-papo especial com os alunos do curso de Direção de Fotografia e do Filmworks – o curso técnico em Direção Cinematográfica.
Com a humildade e tranquilidade inerentes apenas nos artistas mais virtuosos, Lula encantou os alunos com histórias sobre os sets de filmagem que já participou. Durante a aula, mostrou cenas dos filmes, contou sobre as luzes e materiais que usou e como cada cena foi concebida e filmada.
Trouxe detalhes da cena do baile funk do “Tropa de Elite 1” e contou como fez para iluminar, de forma natural, um espaço aberto daquele tamanho. “Numa das noites, a gente filmando o baile e o dia começou a nascer. Ainda tínhamos uma cena programada, que acontecia de noite. Corremos, colocamos três câmeras sem enquadrar o céu para não aparecer que estava clareando. Filmamos e saímos de lá. Quando chegamos na van, percebemos que tínhamos sido roubados. Roubaram as armas que estávamos usando nas filmagens. As armas eras bloqueadas, não era possível utiliza-las de verdade, mas, fomos roubados, e aí, como iriamos voltar pro morro e garantir a segurança de 300 figurantes e da equipe, com o tráfico rolando ali?! Por uma sorte do destino, o único take, com o dia quase amanhecendo, serviu e não precisamos voltar pra refazer a cena”, contou Lula.
Contou também como foi feito a cena de treinamento de Neto e Matias, em meio aos containers e a traquitana que foi elaborada para que ele pudesse “sentar” na grua. Confira aqui o vídeo que ele mostrou.
Além de “Tropa de Elite”, Lula falou sobre “O Lobo Atrás da Porta”, filme pelo qual acaba de ganhar o prêmio de Melhor Direção de Fotografia no 14ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, explicando sobre as escolhas de usar lentes mais fechadas. Contou sobre “Paraísos Artificiais” e as dificuldades de fotografar um filme com neon e por último, do filme “A Festa da Menina Morta” e todo o trabalho com Matheus Nachtergaele.
Para Mateus Chernicharo, aluno do FILMWORKS, o bate-papo com Lula foi excelente. “O mais interessante foi que ele ultrapassou a fronteira técnica da fotografia e contou histórias de grandes produções que participou no Brasil e em Hollywood. Saí inspirado pelos grandes trabalhos que ele realizou, com vontade de evoluir e ter contato com esse nível de profissionalismo e realização cinematográfica. A plateia (ou os espectadores) contribuiu com muitas perguntas e a palestra se transformou em um bate papo muito produtivo e interessante. Como aluno, acho muito positivo esse tipo de iniciativa da AIC, trazendo grandes nomes do cinema e os aproximando dos estudantes. Mais do que assistirmos grandes palestras, participamos de grandes conversas com vários protagonistas da sétima arte no Brasil”, conta.
“É importante lembrar que não existe fórmula. Existem princípios básicos, o resto, vai da capacidade de criar e aplicar soluções para cada cena, em cada filme. Nada do que falei aqui é a forma correta de fazer, é apenas o jeito que eu sei, que acreditei que daria certo. Cada um tem que achar o seu caminho. Eu tento sempre me adaptar, atender as especificidades e peculiaridades de cada projeto”, disse Lula ao final da palestra.
Ao todo foram mais de 3 horas de conversa animada e muita troca de conhecimento, que só acabou, porque já passava das 11 da noite e pessoal que fecha a escola, precisava ir embora.
*Fotos: Luis Gomes