Lúcia Murat, o fazer cinematográfico e a distribuição
A diretora e roteirista brasileira, Lúcia Murat, conhecida pelos seus filmes dedicados a temas políticos e femininos, esteve na Semana de Orientação 2015 da Academia Internacional de Cinema (AIC) no Rio de Janeiro e hoje estará na unidade de São Paulo.
Durante o evento exibiu o filme “Quase Dois Irmãos” (2003) – um drama político sobre o conflito entre a classe média e a favela em três diferentes épocas e situações – que lhe rendeu inúmeros prêmios, entre eles os de melhor direção e melhor filme latino Americano pela Fipresci no Festival do Rio 2004, melhor filme no Primeiro Amazonas Film Festival e melhor filme no Festival de Mar Del Plata 2005.
Após a exibição do filme, Lúcia conversou com a plateia sobre o fazer cinematográfico e trouxe exemplos tirados do filme exibido. Falou sobre a confecção do roteiro, escrito a quatro mãos, por ela e pelo escritor Paulo Lins; sobre o trabalho com atores e não-atores, ensaios e improvisos e; sobre as questões de montagem paralela e sobre os desafios enfrentados no filme com relação a Direção de Arte.
Quando abriu pra perguntas a conversa tomou diversos rumos, de laboratórios de roteiro pelo mundo a revolução tecnológica e democratização dos recursos cinematográficos. Também não ficou de fora do bate-papo a lei da TV Paga, a explosão de seriados e a questão da distribuição, que segundo Lúcia ainda é o gargalo do cinema brasileiro: “É o grande problema do cinema brasileiro hoje. Passei pelas 3 fases do nosso cinema. Vivi a Embrafilme, a retomada do Cinema Brasileiro com as leis de incentivo e hoje o Fundo Setorial. Pela primeira vez desde a retomada, temos uma estabilidade da produção, o que é muito bom. Ano passado produzimos 120 filmes. O grande gargalo é a distribuição. Cada vez mais estamos sendo expulsos das salas, precisamos reverter isso de alguma forma”.
*Fotos Duda Tavares