Jeffery Deaver palestra na Academia Internacional de Cinema
Aproximadamente 80 pessoas prestigiaram a palestra do bem-sucedido escritor de suspense na Academia Internacional de Cinema (AIC), no última dia 5 de novembro, segunda-feira.
Jeffery Deaver é autor de 29 livros, com 20 milhões de exemplares vendidos, traduzidos para 35 idiomas e publicados em 150 países. Entre as obras literárias dele, três foram adaptadas para o cinema: a mais conhecida delas é o filme O Colecionador de Ossos (1999), dirigido por Phillipe Noyce e estrelado por Denzel Washington e Angelina Jolie.
Agora, o protagonista da história, o criminologista Lincoln Rhyme, volta mais uma vez à cena no novo livro que o norte-americano veio lançar no Brasil: A Janela Quebrada.
A vinda de Jeffery ao nosso país também tem ainda relação com um outro personagem saído dos livros que ganhou vida nas telonas: James Bond, o famoso espião de Hollywood, que completa seis décadas de criação e 50 anos de estreia nos cinemas.
Aliás, vale dizer que desde 2008 Jeffery Deaver é o autor escolhido para continuar escrevendo as histórias literárias do espião inglês 007, sendo a mais recente delas, Carte Blanche, lançada no ano passado, publicado agora por aqui.
A PALESTRA
Jeffery ficou muito entusiasmado com a AIC, desde o ambiente que mistura grafites e pôsteres autografados em meio à arquitetura clássica do casarão dos anos 20 onde a escola está sediada, até o alto nível das perguntas feitas pelos alunos.
A palestra foi aberta pela assessora de comunicação da Editora Record, Sonia Goldfeder, responsável por trazer Jeffery Deaver ao Brasil: “Apesar da agenda apertada pelos compromissos aqui no Brasil, ele estava muito animado para vir encontrar com os estudantes. Ele aceitou prontamente o convite para vir aqui na AIC, é super aberto a encontrar com gente nova, jovem, interessada em cinema e em literatura.”, ressaltou.
Jeffery logo ganhou a simpatia da platéia: ao sentar-se à mesa, junto à tradutora e ao professor Thiago Fogaça – que dá aulas de roteiro no curso FilmWorks – ele agradeceu as palmas dizendo “Obrigado”, em português mesmo, seguido por um sonoro “Boa noitchê”.
O escritor dividiu sua fala em duas partes principais: a adaptação de um livro para o cinema e como o cinema pode influenciar o processo criativo de um autor de livros. “Livros e filmes são como maçã e laranja”, explicou Jeffery. “Os dois são frutas, mas completamente diferentes entre si. Dessa mesma forma, as duas linguagens podem ser usadas para criar emoções no público, mas cada uma com suas convenções e técnicas particulares”.
De acordo com Jeffery, para a adaptação literária ser bem sucedida na telona existem dois caminhos: “O primeiro é você pegar o livro e se concentrar na essência da história, porque um livro de 500 páginas não será facilmente transformado num filme de 120 minutos”. Entre os exemplos, ele citou O Paciente Inglês, de Anthony Minghella, e 2001, Uma Odissía no Espaço, de Stanley Kubrick. “O outro caminho é trabalhar em cima de um livro que já pode ser traduzido para a tela com êxito, que tenha essa vocação“, o que pode ser conferido em longas com O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson e o próprio Colecionador de Ossos.
Sobre a influência do cinema no processo de trabalho de um escritor, Jeffery diz que sempre aprendeu muito e procura trazer essas influências para suas obras. “Aprendi que no cinema não dá pra ser preguiçoso, já que existe muita estrutura e pessoal envolvidos. O cinema me ensinou a trabalhar com uma narrativa mais estruturada nas minhas histórias. Na preparação dos meus livros eu fico oito meses para fazer uma estrutura do esboço deles, da mesma forma que um cineasta faz. Eu uso gráficos e storyboards, por exemplo, pra mapear tudo o que eu escrevo”. Jeffery também disse que procura dar maior atenção para os diálogos, pois eles dão mais acesso aos personagens,
E para não fugir à regra dos visitantes ilustres que vêm na AIC, Jeffery também deixou assinado um exemplar de Carte Blanche, que será colocado num quadro e pendurado na parede dos corredores da escola.
Durante a visita à AIC, o autor ainda gravou uma entrevista com o apresentador e repórter Cunha Júnior para o programa Metrópolis, da TV Cultura.
Créditos:
Reportagem e edição: Paulo Castilho.
Fotos: Alessandra Haro.