Como explorar conteúdos independentes na TV
O carioca João Worcman chegou cedo na Academia Internacional de Cinema – AIC. Além de participar da Semana de Cinema e Mercado, com o tema “Entrando na TV – como distribuir seu primeiro produto audiovisual”, sua vinda à capital paulista teve outro motivo, participar do Congresso ABTA 2013, o maior encontro do setor de TV por assinatura e banda larga da América Latina. Chegou na AIC entusiasmado, contando as novidades mais quentes do setor e deixando os convidados ligadíssimos em tudo que dizia. A plateia nem piscava.
João revelou tudo que um produtor de conteúdo audiovisual quer saber. Contou como explorar conteúdos independentes, revelou oportunidades e desafios do setor, mostrou planilhas de orçamento e esmiuçou a Lei n. 12.485.
“O modelo de TV linear está velho. Hoje, temos conteúdo em qualquer lugar, em qualquer horário. O espectador consome mais conteúdo e paga por ele. Temos NET Now, Netflix, Itunes, cinema. Olhem quantas oportunidades que vocês produtores têm: são os canais abertos, os canais de TV por assinatura, os serviços de vídeo sobre demanda (VOD), as exibições pública sem cobrança de ingresso (non-theatrical) etc”. Foi assim que João começou sua fala e em seguida mostrou as oportunidades da “nova” Lei da TV Paga. Detalhou as cotas de programação dos canais e das operadoras de TV, falou sobre os mecanismos e fundos de financiamento e sobre a liberação das empresas de Telecom para explorar a TV por assinatura linear.
Uma das dicas importantes da noite foram as questões contratuais com os canais de TV por assinatura, os itens que as produtoras devem ficar atentas na hora de assinar qualquer contrato de licenciamento, como: a questão de exclusividade, o número de exibição e plaudates, se o contrato inclui catch up ou FVOD, a vigência, os formatos dos materiais a serem entregues e o valor da licença. João também revelou alguns valores médios para conteúdos independentes finalizados. Uma hora de documentário, por exemplo, pode valer de 4 a 10 mil reais, para ser licenciado em um canal de TV por assinatura e de 6 a 12 mil na TV aberta. Animação e ficção tem um valor ainda melhor.
Ao falar sobre Fundo Setorial mostrou que o fundo pode financiar até 80% das produções e que os canais podem financiar 15%, se tiverem direito de exibição da obra. “As dificuldades existem. Você precisa conseguir o interesse do canal exibidor, ter uma boa pontuação na ANCINE, sem contar a burocracia da inscrição, da liberação do dinheiro e da prestação de contas”. Contou das dificuldades, mas trouxe dicas de solução. “Proponha sempre projetos relevantes para o canal e sua audiência. Pense bem no custo total do projeto, o FSA busca recuperar seu investimento, projetos de valor muito alto representam maior risco e podem afugentar o fundo. A capacidade de realização, comprovada pela execução de outros projetos, sempre será levada em conta”, finalizou.
O bate papo foi animado e o horário previsto para acabar o evento teve que ser estendido, mesmo assim, João respondeu todas as perguntas, com o mesmo entusiasmo do começo da palestra.
Último Dia
NOVAS MÍDIAS, TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES Com Fabio Seixas, diretor executivo do Núcleo de Produção Audiovisual para Internet e Novas Mídias da Conspiração Filmes, e coprodutor do Creative Mornings, curador do The Shoe Art Project e diretor da plataforma “RioEuTeAmo”; e Lucas Soussumi, coordenador do projeto “Encontro com os Canais”, da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), que reúne mais de 340 produtoras do país – a ABPTV é também responsável pelo RioContentMarket, evento internacional sobre produção de conteúdo multiplataforma aberto à indústria de televisão e mídias digitais.
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*Fotos: Alessandra Haro