O cinema brasileiro é competitivo? Será que nossas produções têm ou não o devido reconhecimento internacional? Sem dúvidas, existem alguns preconceitos com relação aos filmes nacionais. Os investimentos recebidos nem de longe se comparam ao dos blockbusters americanos, claro. Afinal, o cinema brasileiro — como no resto do mundo — é considerado cinema independente.
Nesse contexto, o cinema nacional tem ganhado cada vez mais espaço. Muito já foi conquistado desde a primeira exibição cinematográfica em solo tupiniquim, e é preciso reconhecer o trabalho dos mais diferentes profissionais que atuam nesse mercado.
Pensando nisso, a missão deste texto é apresentar algumas das principais curiosidades sobre o cinema brasileiro. Você confere um apanhado sobre o que já foi conquistado, quem são os nomes que quebraram recordes e fizeram história e por que alguns preconceitos com relação às nossas produções não têm razão de existir.
Então pega a pipoca e vem com a gente!
1. Como tudo começou
Os irmãos Lumière (Auguste Marie Louis Nicholas Lumière e Louis Jean Lumière) foram os precursores dessa arte, ainda em 1895. A primeira exibição de cinema realizada no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, um ano depois da primeira exibição a ser feita no mundo, em Paris.
O filme escolhido foi o “Saída dos Trabalhadores da Fábrica Lumière”, rodado em uma sala alugada do Jornal do Comércio para integrantes da elite carioca. Um ano mais tarde, a cidade já contava com uma sala fixa de cinema, comandada pelo italiano Paschoal Segretto.
Coincidência ou não, o seu irmão é considerado o primeiro cineasta a rodar um filme em solo brasileiro. Affonso Segretto teria rodado “Vista da baía da Guanabara” entre os anos de 1897 e 1898.
2. Festivais nacionais
Os festivais de cinema dão ao público a oportunidade de assistir a filmes que talvez não entrem no circuito comercial das salas de cinema, mas que são representativos da produção nacional e internacional. Eles ajudam a alavancar a carreira de filmes no mercado, além de divulgarem, prestigiarem e premiarem aqueles que se destacam, criando oportunidades de negócios para seus produtores e realizadores.
No site da Academia Internacional de Cinema (AIC), é possível conferir uma lista com todos os festivais nacionais e alguns dos mais importantes no resto do mundo. Aqui, apresentamos cinco dos principais, para você ter um gostinho da importância desses eventos para o cinema brasileiro.
Festival de Cinema de Gramado
Um dos mais aclamados festivais nacionais, ele é realizado anualmente em Gramado, no Rio Grande do Sul, desde 1973. Além das produções brasileiras, o evento exibe e premia também filmes de origem latina. A edição de 2019 acontece de 16 a 24 de agosto.
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Outro festival anual de grande importância ao cinema brasileiro, acontece sempre no mês de outubro, na cidade de São Paulo, e é organizado como um evento cultural sem fins lucrativos. A Mostra é internacional e exibe filmes de diferentes localidades além dos brasileiros e latinos. A edição de 2019 também já tem data e programação disponíveis.
Festival de Brasília
A capital nacional também sedia um grande evento cinematográfico. O Festival de Brasília acontece anualmente no histórico Cine Brasília, um dos mais antigos do país. O que o difere de outros eventos é que tanto os longas quanto os curtas exibidos devem ser inéditos. Em 2019, o Troféu Candango será distribuído entre os meses de novembro e dezembro.
Festival do Rio
Criado em 1999, o Festival do Rio é dividido em 11 categorias e premia filmes nacionais e internacionais e já chegou a exibir 300 filmes inéditos em uma mesma edição. Ainda é possível se inscrever para a premiação de 2019.
Mostra de Tiradentes
As principais premiações do cinema nacional não estão restritas às grandes capitais. 22 edições depois, a Mostra de Tiradentes está aí para provar isso. Em 2019, foram mais 100 filmes apresentados ao público, todos dentro do tema “Corpo Adiante”. Em 2019, a mostra contou ainda com uma homenagem à atriz e dramaturga mineira Grace Passô. A AIC esteve presente no festival ministrando três oficinas gratuitas: Oficina de Produção para Cinema, Oficina de Interpretação para Cinema e TV e Oficina de Roteiro para Cinema.
É Tudo Verdade
Enquanto o Anima Mundi é destinado às animações, o É Tudo Verdade se dedica aos documentários. Esse também é um evento internacional, o maior dedicado ao gênero na América Latina, realizado anualmente desde 1996. A partir de setembro, é possível fazer a inscrição de material para a edição de 2020.
3. Premiações e reconhecimento internacional
Foi a partir da década de 1950 que o cinema nacional começou a fazer barulho no circuito mundial. “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, ainda em preto e branco, foi o primeiro a ser premiado no Festival Internacional de Cannes.
Depois dele, “O Pagador de Promessas” (1962), fez de Anselmo Duarte o primeiro diretor sul-americano detentor da Palma de Ouro do Festival de Cannes — recorde mantido até hoje. Essa foi a primeira produção brasileira a ser indicada ao Oscar, na categoria Melhor Filme Estrangeiro.
Na década de 1980, o longa “O Beijo da Mulher Aranha” (1985), uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos, foi indicado em quatro categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator (tendo levado a estatueta apenas nessa última).
Chegamos finalmente aos anos 1990, de grande sucesso para o cinema nacional. Três obras brasileiras disputaram na categoria de Melhor Filme Estrangeiro ao longo dessa década: “O Quatrilho” (1996), “O Que É Isso, Companheiro?” (1998) e “Central do Brasil” (1999).
Sem dúvidas, essa última produção deixou um legado que perdura até hoje. O filme recebeu mais de 50 indicações em grandes festivais mundiais, tendo conquistado inclusive o Urso de Ouro no Festival de Berlim. A indicação à Melhor Filme Estrangeiro não foi a única no Oscar daquele ano. Fernanda Montenegro foi a primeira latino-americana a concorrer como Melhor Atriz.
Em 2001, “Uma História de Futebol” (1998) foi o primeiro filme nacional a concorrer na categoria Melhor Curta-Metragem. Já em 2004, “Cidade de Deus” (2002) se tornou a produção exclusivamente brasileira com o maior número de indicações: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia.
A produção nacional mais recente com reconhecimento internacional é “O Menino e o Mundo” (2014). O longa disputou a estatueta de Melhor Animação e perdeu para “Divertida Mente” (2015), produção conjunta entre Pixar e Disney. Essa foi a primeira participação do Brasil em uma categoria de animação no Oscar.
Temos ainda outros filmes contemporâneos que não chegaram a concorrer ao Oscar, mas que foram muito bem recebidos pelo público e pela crítica. Entre eles:
- “Que Horas Ela Volta” (2015), que ganhou vários prêmios no circuito brasileiro e levou o Ariel Award de Melhor Filme Ibero-Americano;
- “Aquarius” (2016), que chegou a ser indicado à Palma de Ouro em Cannes;
- e “Como Nossos Pais” (2017), que foi um dos grandes vencedores no Festival de Gramado e chegou a concorrer no Festival de Berlim.
Em 2019, o Brasil também está muito bem representado em Cannes: “Bacurau” (2019) e “O Traidor” (2019) estão na disputa pela Palma de Ouro.
4. Sucessos de bilheteria
Os dois filmes com maior sucesso de bilheteria no Brasil são produções da Record Filmes. “Nada a Perder” (2018) e “Os Dez Mandamentos” (2016) venderam mais de 11 milhões de ingressos cada.
Seguindo na lista, “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” (2010), “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976) e “Minha Mãe é uma Peça 2” (2016) encerram o Top 5 de sucessos brasileiros, todos com cerca de 10 milhões de espectadores.
Como podemos ver, temos filmes de diferentes épocas e gêneros entre os maiores sucessos brasileiros. Da mesma forma, também vale reforçar que muitas produções infantis bateram recordes de venda, como diferentes longas dos Trapalhões, que podem ser encontrados no Top 20, por exemplo.
De 1895 para cá, o cinema nacional percorreu um longo caminho. As produções se profissionalizaram, chamaram a atenção do mercado internacional e estão aí para deixar legados duradouros.
Sem dúvidas, os investimentos não são os mesmos de grandes produções estrangeiras — especialmente as americanas. Porém, é preciso reconhecer o valor do cinema brasileiro e valorizar o nosso mercado de forma a garantir que mais e mais sucessos venham por aí.
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