O curta “Cubo Mágico”, do ex-aluno Vanderson Feitosa, que concluiu o FILMWORKS – curso de formação em cinema da Academia Internacional de Cinema (AIC) – em 2012, foi selecionado para compor o 4º Selo CINEB da Periferia, que é um DVD composto por 5 filmes produzidos exclusivamente por moradores da periferia.
O CINEB é um circuito alternativo de exibição gratuita de filmes brasileiros em espaços comunitários e universitários de São Paulo, Osasco e região.
Os selecionados também recebem prêmio em dinheiro e reprodução de 500 cópias do filme, que são vendidas durante as exibições itinerantes dos filmes. “Ter o meu filme selecionado pelo CINEB é uma honra. A periferia é raramente retratada na telona. Nosso filme é sobre e para a periferia”, disse Vanderson Feitosa durante a cerimônia de premiação, no último dia 24.
A História do Filme
O filme conta sobre os conflitos da pré-adolescência. Davi, um menino de 13 anos que mora na periferia de São Paulo, desentende-se com Labão, o menino encrenqueiro do bairro. Depois de uma briga, David fica dias sem sair de casa com medo do que possa acontecer.
“O Cubo Mágico trata do tema bullying e, de certa forma, foi inspirado em um conflito da minha infância. Os dois garotos gostam da mesma menina e fazem de tudo para atrair a atenção dela. A bola de futebol é o gatilho que empurra a trama para frente. A história é sobre o processo de autoconhecimento do Davi e o cubo mágico é a metáfora sobre essa mudança interna do personagem”, conta Vanderson que roteirizou, produziu e dirigiu o filme.
Direção de Arte e Fotografia
O Diretor conta que a equipe buscou inspiração nos filmes “Cidade de Deus” e “Cidade dos Homens” para ressaltar a beleza da pele negra. “Foi um processo colaborativo, toda equipe participou do processo decisório na construção da arte e da fotografia do filme. O fundo e as cores foram decididas nos ensaios. Compramos muitos objetos, figurinos e maquiagens em brechós da comunidade. Recrutamos dois jovens moradores da região aspirantes a atores de teatro para cuidar dos camarins durante as mudanças de figurinos e maquiagens (eles também improvisaram como cabeleireiros)”, conta Vanderson.
A linguagem escolhida para as cenas foi a documental, a partir do conceito de hiper-realismo, e a equipe trabalhou exclusivamente com não atores, que foram preparados e ensaiaram durante 4 meses antes das gravações.
“Buscamos inspiração no neorrealismo Italiano, na Nouvelle Vague, no Cinema Novo e no cinema da Boca do Lixo. Filmamos com a câmera Sony F3, que foi escolhida devido a textura da imagem, que se assemelha ao vídeo documental e sua capacidade de capturar imagens bem nítidas em zonas de sombras duras ou suaves. Queríamos ressaltar a textura das casas da favela e suas várias tonalidades de cores para contrastar com a cor da pele dos atores”, conta.
Antes do CINEB, o filme abriu o Festival Visões Periféricas, em 2012.
Outros Alunos
Além de Vanderson, outros alunos e ex-alunos trabalharam no curta. Pedro Andrade Guimarães foi assistente de produção, Leandro Muniz foi diretor de produção, Marco Lomiler fez a direção de fotografia e Thiago Briglia o som direto.
*Crédito Fotos: Thales Mion