Uma história que acontece em uma cidadezinha da antiga e “gloriosa” soviética, onde alguns dos personagens são duas atletas desnutridas que continuam correndo para sobreviver, um professor de música que continua a demolir a cidade e um mineiro que quer ser ator. Isso é um pouco do que traz o documentário “City of The Sun”, dirigido pelo georgiano Rati Oneli e editado por Ramiro Suárez, ex-aluno da primeira turma do FILMWORKS – o curso técnico em direção cinematográfica da Academia Internacional de Cinema (AIC), que está no 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim (Festival de Berlim 2017), um dos festivais mais prestigiados do mundo.
O filme foi selecionado para o 47º Berlinale Fórum e também concorre ao prêmio Glashütte de Documentário Original.
CITY OF THE SUN
O documentário se passa em Chiatura, uma cidade no interior da Georgia, país da Europa Oriental e traz uma visão surreal da cidade fantasma pós-apocalíptica e seus vários habitantes. As vidas, sonhos e destinos dos personagens se desenrolam em meio às grandes ruínas da cidade que vivia do minério e hoje está semiabandonada. Entre os personagens estão um professor de música que continua a demolir a cidade para construir uma nova vida para si e para a sua família; um mineiro que tem como paixão o teatro e é incapaz de tomar uma decisão e optar entre sua paixão (teatro) e o dinheiro (trabalho nas minas); e duas atletas que já foram campeãs e hoje, desnutridas, continuam correndo para sobreviver.
Para Ramiro, o filme conta a história de uma cidade vista por diferentes perspectivas. “O filme fala sobre a luta pela sobrevivência e como os personagens tentam fugir das realidades em que se sentem aprisionados”.
Rati Oneli, diretor do longa, conheceu a cidade e ficou impressionado. “A mistura de ruína, pobreza e grandeza foram fontes de grande inspiração”, conta Ramiro, que é amigo de Oneli desde que editou seu primeiro filme, há quase 10 anos, em Nova York.
“Quando ele me mostrou algumas imagens da cidade, ainda na fase de pré-produção, eu fiquei hipnotizado pelo projeto. Tudo era mágico e instigaste. Em seguida me mudei para a Georgia para sentir melhor a cidade, ver como as pessoas viviam e para montar o filme”, conta o ex-aluno.
O TRABALHO DE MONTAGEM – EDIÇÃO
Ramiro conta que foi durante os estudos na AIC que começou a ver a potencialidade da ilha de edição e percebeu como a montagem é um processo-chave de qualquer obra.
“ ‘Em City Of The Sun’ o processo de edição foi atípico, pois não possuíamos um só protagonista e tínhamos a cidade que era um personagem por si só. Como a quantidade de material bruto era grande tive a possibilidade de poder montar o filme de múltiplas formas e fazer várias experiências. Optamos por editar cada personagem individualmente para dissecarmos o que cada um deles realmente podia trazer para o filme. Durante esse processo também decidimos que não incluiríamos as entrevistas, pois elas atrapalhavam o fluir do filme, dando menos intimidade aos personagens”, conta.
Ramiro também fala sobre como é gratificante ter editado um filme que terá sua estreia internacional em Berlinale. “Ter seu filme escolhido por um dos júris mais exigentes do mercado e estar num festival tão cobiçado é incrível. É uma alegria, depois de tanto tempo e envolvimento no projeto, culminar com esse desfecho, estrear num palco incrível”.
AS EXIBIÇÕES DE CITY OF THE SUN
Para quem está em Berlim e quer prestigiar o filme, as exibições serão nos seguintes horários e locais:
- SEXTA – 10/02 às 19h30 – CinemaxX 4 (EN)
- SÁBADO – 11/02 às 14h – Akademie der Künste, Hanseatenweg (EN)
- DOMINGO – 12/02 às 11h30 – CinemaxX 6 (P&I) (EN)
- SEGUNDA – 13/02 às 14h – CineStar 8 (EN)
- SÁBADO – 18/02 às 21h30 – Delphi (EN)
RECORDE DE FILMES BRASILEIROS EM BERLIM
Esta edição do festival é também importante para o cinema brasileiro que desde 2008 não tinha tantos filmes selecionados. São doze filmes nacionais, conheça a lista completa:
- Na competição internacional de longas-metragens está “Joaquim”, de Marcelo Gomes
- Na competição internacional de curtas-metragens, concorre “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca
- Na mostra Panorama, os longas selecionados foram “Vazante”, de Daniela Thomas, “Pendular”, de Júlia Murat e “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
- Na mostra Queershorts está “Vênus – Filó, a Fadinha Lésbica”, de Sávio Leite
- Fórum Documentos está o “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles
- Também no Berlinale Fórum está “Rifle”, de Davi Pretto
- Na mostra Geração, estão os longas “Mulher do Pai”, de Cristiane Oliveira, “As Duas Irenes”, de Fábio Meira e “Não Devore o Meu Coração”, de Felipe Bragança e o curta “Em Busca da Terra Sem Males”, de Anna Azevedo
Confira o trailer de CITY OF THE SUN:
city of the sun trailer from ramiro suarez on Vimeo.