“É a melhor fase para começar no audiovisual pois a produção de conteúdo está em todo o lugar, além do cinema temos a televisão, a internet, o celular, o VOD, a publicidade etc”.
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O Mercado que a crise não afetou
Mesmo com toda a crise econômica, Caio trouxe dados que comprovam que a crise não chegou no mercado audiovisual. Em 2016 foram 184,3 milhões de bilhetes vendidos e uma receita de R$ 2,6 bilhões, representando que o mercado cresce pelo oitavo ano consecutivo.
“Mesmo com o crescimento, nossa plateia ainda está se formando, ainda não tem o hábito do cinema, o que é uma oportunidade pois é isso que garante esse crescimento ano a ano. E apesar da crise, do preço do ingresso, o cinema ainda é uma alternativa barata de lazer, se comparar com uma viagem, um show ou uma festa”, defende Caio.
O mercado é promissor, mas, segundo ele, há um problema, que, dependendo do olhar, pode ser visto como uma oportunidade. O Market-share de filmes brasileiros, ou seja, a proporção de filmes nacionais em relação ao total de ingressos vendidos ainda é baixa, cerca de 15% em 2016. Mesmo sendo baixo, também é um dado que apresenta crescimento nas pesquisas ano após ano.
“A briga é dura. Não é fácil lutar e competir com Batman, Homem-Aranha e Mulher Maravilha”, brinca.
Em 2016 foram 143 longas-metragens brasileiros lançados, contra 130 em 2015. “Em resumo o cenário e muito positivo e promete crescer ainda mais”, comenta.
Ele também lembra o porquê de as comédias brasileiras serem recordistas de audiência: por se assemelharem a linguagem da teledramaturgia, tão familiar ao público.
Caio finaliza o papo sobre mercado lembrando da importância das políticas públicas, da Ancine, do Fundo Setorial e da organização que o setor vive. Para ele, a lei 12.485 foi sancionada graças a união e organização do setor. “Conseguimos através de uma política e trabalho sérios a criação da Lei da TV Paga, em 2011, que possibilitou que os canais pagos obrigatoriamente exibam e produzam conteúdo nacional independente, não apenas programação pronta trazida de fora”.
Trajetória
“Quando ainda estávamos começando e o cinema ainda não vivia sua retomada, Luiz Bolognesi comentou comigo: cara eu preciso escrever. Quando ele começou, apesar de ser roteirista, escrevia de tudo, chegou a escrever bula de remédio. E de uma certa forma isso foi bom para ele pois desenvolveu um poder de concisão enorme que é absolutamente necessário na escrita de um roteiro”.
Caio conta a história do amigo para relembrar que a sua foi parecida. Também fazia de tudo um pouco e não perdia oportunidades, se inscreviam em editais de curtas e se dedicavam muito em tudo que fizeram.
“Nos tornamos uma dupla de produtores muito solicitada, mas antes de abrir efetivamente a Gullane, fizemos muito freelance e demos o sangue por muito projeto. Aos poucos fomos percebendo que algumas etapas da produção podiam ser um pouco melhores, e que isso permeava todas as produtoras, a partir daí, desse ‘vácuo’ começamos a criar a nossa filosofia sobre como fazer as coisas, e começou a surgir o conceito da Gullane. Acho que o sucesso foi uma questão de dedicação, sorte, talento, mas foi também uma questão estatística e matemática”, conta.
Caio lembrou quando a Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi os chamaram para produzir “Bicho de 7 Cabeças” e, de cara, pensaram em chamar Sara Silveira, pela sua experiência sobre financiamento (captação) e como essa decisão foi essencial para conseguir produzir o filme.
Equipe de Cinema, Etapas de Produção e a Gestão de todo o processo
“Antes de sair contratando é preciso ter uma visão do todo e chamar o profissional que seja adequado artisticamente a dimensão do projeto pois se isso não for previsto, na hora do set surgirão problemas, terão conflito e isso aparecerá na tela. O equilíbrio é muito importante e o produtor tem que dar esse equilíbrio”, conta.
Talvez, dentre tudo que foi dito, a questão da gestão foi a que teve maior peso. Para Caio, para qualquer projeto ou filme dar certo, tem que existir a mesma estrutura de uma empresa. Tem que ter um financeiro, um gerente, pessoas especialistas em negócio, não apenas em cinema. E sobretudo, um bom desenvolvimento do projeto na pré-produção.
Talvez a citação mais forte, para reflexão, que ressalta toda essa questão de organização e gestão, que Caio tão bem falou é: “Se a gente quer ser indústria a gente precisa se comportar e se organizar como indústria”.
Fotos: Alê Borges