O filme conta a história de companheiras em uma banda de música brega: Shelly (Nash Laila) é uma jovem dançarina que sonha se tornar cantora e Jaqueline (Maeve Jinkings), uma experiente cantora que já emplacou alguns sucessos e amarga o declínio da sua carreira. Inseridas no universo do show business, entre nightclubs e programas de TV local, descobrem que tudo é descartável, como o sucesso, o amor e as demais relações humanas.
Amanda, que conduziu o processo de seleção de elenco e depois trabalhou na preparação dos atores, diz que é um filme sobre consumo, num aspecto amplo: “É sobre como as pessoas, principalmente a mulher, são transformadas em mercadoria. Não é um filme feminino, mas diria que é um filme feminista. Mas um feminismo sem hipocrisia. Acho que no brega, assim como no funk, há algo muito revolucionário sexualmente falando mesmo. As mulheres ao mesmo tempo têm seus corpos objetificados, também tomam posse dele e de seus desejos. Também é um filme sobre beleza, como eu acho que são todos os filmes de Renata Pinheiro”.
Preparando o elenco
Amanda conta que foram quatro semanas de ensaios diários, muitas vezes divididos em três turnos de trabalho. “O corpo foi a chave principal do trabalho, era preciso entendê-lo como matéria plástica e principal ferramenta de criação. Os dois atores que fazem os bailarinos na banda (Jeniffer Caldas e Everton Gomes) tiveram papel essencial na construção daqueles corpos. Eu já havia trabalhado com eles em “Tatuagem” e os convidei para fazerem as coreografias da banda e ensinarem ao resto do elenco. A partir da dança é que emergiram os corpos”.
Interpretação para Cinema
Licenciada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco, Amanda fez sua primeira preparação de elenco no filme “Amigos de Risco”, de Daniel Bandeira, há 10 anos.
“Fui aprendendo cinema no set. Fazendo. Cada diretor com que trabalhei foi uma escola pra mim. Com Klebler Mendonça (O Som ao Redor) aprendi a pensar mise-en-scène, enquadramento, movimento de câmera. Pensar o quadro como área de atuação e usá-lo para estabelecer relações entre personagens e ambiente. Com Renata Pinheiro aprendi a ter um olhar mais generoso. A capacidade dela de fabricar beleza da matéria mais improvável é incrível. Aprendi também que o cinema pode ser barroco”, conta.
Professora do Curso de Interpretação para Cinema na unidade do Rio de Janeiro, Amanda revela um pouco mais sobre como serão as aulas, que foram baseadas a partir de sua experiência e aprendizado. “Cinema é linguagem e a língua são nossos filmes. Acho importante que pensemos a partir do que tem sido feito. É urgente que os atores entrem em contato com o que há de mais significativo no pensamento e na produção cinematográfica nacional dos últimos anos. Não adianta olhar somente pra fora ou para os diretores do passado. Claro que é preciso referenciá-los, mas é preciso também aprender a se comunicar com nosso tempo e com os atuais realizadores. Como ler um roteiro, como abordar um personagem, como ‘abrir’ uma cena e como tratá-la desde o roteiro até chegar no set são questões que eu também pretendo levar para a oficina”.
Assista ao Trailer:
*Fotos Antonio Melcop