As séries têm se tornado uma forma de entretenimento cada vez mais popular, seja por meio de plataformas de streaming ou canais de TV. Nesse contexto, o ator precisa estar preparado para compreender as diferenças entre atuar em seriados e filmes. Além disso, é importante ter uma visão ampla do mercado audiovisual, percebendo que as séries podem ser um excelente modo de mostrar seu talento, ou até mesmo o primeiro passo para uma bem-sucedida carreira cinematográfica.
Considerando essa demanda crescente por profissionais, a Academia Internacional de Cinema (AIC) criou, no ano passado, o curso Técnico em Atuação para Cinema e TV. Nesse curso, o aprendizado prático é extremamente importante, já que auxilia o ator a compreender seu papel no set de filmagem. Exercícios com luz, câmera e som ajudam o futuro profissional a desenvolver repertório e técnicas que serão úteis em seu trabalho – seja em um filme ou em uma série. Além disso, a convivência com uma equipe de filmagem faz com que o ator compreenda a narrativa audiovisual como um todo.
“Eu estudo no segundo semestre do curso”, conta Bruno Hoffman, que atua na série Rotas do Ódio, do canal Universal. “Além de ensinarem sobre o universo do cinema desde a teoria até a prática, a escola tem o cuidado de orientar os atores a se portarem em um set e a construírem uma carreira. É uma escola que respira a arte e o amor”.
Rotas do Ódio já tem duas temporadas e retrata o universo violento de um grupo de extrema direita que ataca minorias, como negros, homossexuais, travestis e imigrantes. Bruno Hoffman interpreta um skinhead que idolatra Hitler. “Fiz um estudo bastante intenso. Procurei referências para a criação desse personagem em livros, filmes, séries e reportagens. Adorei como o processo se desenrolou, desde a preparação até o último dia de gravação”.
O papel na série não foi fácil de conseguir, mas a persistência de Bruno trouxe bons resultados. “Num primeiro momento, não fui aceito, o que me deixou incomodado, porque de alguma maneira eu sentia que precisava fazer o teste. Após uma semana, a produtora de elenco me enviou uma mensagem, depois de ter conversado com a Vanessa Prieto e a Alê Tosi, minhas professoras na AIC. Tive três dias para estudar e, nesse processo, acabei raspando meu cabelo. Passei por uma bateria de testes e fui aprovado para a série”, lembra.
Outra aluna do curso Técnico em Atuação para Cinema e TV que conseguiu um papel em uma série é Fabiana Pimenta. “Comecei o curso em março de 2018 e estou gostando muito. Como sou atriz de teatro, está sendo uma descoberta me especializar no audiovisual, em que a atuação é diferente. Temos muitos exercícios práticos e projetos de gravações de cenas, o que me ajuda bastante”, ressalta. Para Fabiana, poder ver sua interpretação na câmera e ter um contato com uma equipe de gravação são fatores muito positivos.
A aluna conta que participou de um teste de elenco na própria AIC para Sintonia, uma série original Netflix e KondZilla. “Eu fiz o teste, uma improvisação, com uma colega da minha turma. Fui chamada para a segunda fase, fiz o texto principal e, depois de alguns meses, me chamaram para fazer a assistente da personagem Dondoka (interpretada por Leila Moreno)”, explica Fabiana. Embora a série já tenha sido gravada, ainda não há data prevista de estreia.
De acordo com Fabiana, interpretar ao lado de Leila Moreno foi um excelente aprendizado. “A DondoKa é uma MC de funk e faço sua assistente como se fosse o alter ego dela. Foi uma experiência incrível estar em um set profissional, muito diferente de todos os que já participei, com câmeras modernas e equipamentos de iluminação, montagem de cenários na rua… Tudo é muito organizado”, conta.
A atriz acredita que o curso deu ferramentas para que ela pudesse construir sua personagem, além da oportunidade de atuar nessa série. “Ser artista no Brasil é muito difícil, principalmente para atrizes negras, periféricas. Já sou reconhecida por meu trabalho no teatro, mas quero abranger cada vez mais cinema e TV, além de continuar sempre estudando”.
Assim como Fabiana, a aluna do curso técnico Carmen Cozzi iniciou seus estudos em atuação para cinema e televisão no ano passado. “Está sendo muito proveitoso. Temos muita prática, desde o primeiro dia, porém sem menosprezar toda a parte teórica necessária para qualquer formação que seja completa, contextualizada em cada época, com toda a história que a acompanha”, conta.
Carmen foi convidada para participar da série Unidade Básica, exibida no canal Universal, através de sua professora da AIC Alê Tossi, que também é produtora de elenco. “Minha personagem é uma enfermeira da escola, que leva um dos alunos para ser atendido na UBS. Foi uma participação pequena, em duas diárias, mas fui dirigida pelo ótimo diretor e ator Caco Ciocler”. Embora essa tenha sido sua primeira participação em uma série, Carmen já se diz encantada por esse trabalho. Afinal, o conhecimento a ajudou a descobrir coisas novas e abriu oportunidades em sua carreira.
*Texto de Katia Kreutz e fotos divulgação