Na ata da premiação eles escreveram o seguinte sobre o curta: “O filme se distingue pela sua leveza, sua proposta aparentemente despretensiosa, mas que no fundo reflete a realidade social e política do Brasil, sem nunca cair no dramático ou na chatice. O personagem nos tocou e nos fez rir bastante pela sua sinceridade, sua maneira de ver o mundo, de se contradizer. É um personagem revoltado contra a sociedade, irritadiço e que critica constantemente, mas que no fundo é um homem autêntico e que demonstra uma verdadeira generosidade.”
Realizado pelos alunos Adriana Santos, Cristiano Freire, Marcelo Santos, Venâncio Batalhone, Victoria Nunes e Vitor Souza Lima, sob a coordenação do documentarista e professor e Felippe Mussel e colaboração de Julia de Simone e Karen Akerman, o filme acompanha durante uma noite, Alfredo Jacinto Melo, ou Alfredinho, como é chamado pelos frequentadores do bar Bip Bip, do qual é dono. Além do polêmico personagem o documentário retrata a rotina do bar que é referência de boa música no Rio de Janeiro. “Durante uma noite acompanhamos Alfredinho e sua rotina no bar, a interação com os clientes, amigos, turistas e músicos. Entre goles de cerveja, abraços e esporros se revela a alma do próprio Bip Bip”, conta o aluno Marcelo Santos.
O tema Copacabana foi proposto pelo professor Felippe Mussel e a partir dele, os alunos puderam explorar suas nuances das mais diversas formas. A equipe conta que a ideia inicial era abordar a roda de choro do bar, mas a pesquisa os levou para outros caminhos. “Percebemos que o Alfredinho era o que mais nos interessava. Tudo acontecia por causa dele e ao seu redor. Ele, de um jeito ou de outro, parecia ser o centro das atenções, embora o ‘prato principal’ fosse os músicos e o seu repertório. Ficamos encantados com o Alfredinho e a forma como ele agregava, naquele minúsculo espaço, músicos, amigos e clientes, todos em torno da sua carismática figura e das regras que convencionou para o bar onde por exemplo, não se pode conversar alto enquanto os músicos tocam, nem fechar a calçada e atrapalhar a passagem dos pedestres, e a cerveja, cada um que pegue a sua na geladeira, no fundo do bar”, conta a equipe.
Sobre a fotografia, a equipe conta que assumiu suas limitações técnicas e as dificuldades de filmar à noite em um lugar pequeno e cheio de gente. “Nesse ponto, o Felipe Mussel, coordenador do curso, foi crucial e sugeriu um plano muito interessante, que desse ao nosso personagem um certo grau de mistério: filmar o Alfredinho pelas costas. Adoramos a ideia, que achamos que acabou trazendo mais peso aos diálogos do filme”, conta Vitor.
E foi assim, depois de quase dois meses de pesquisa, a certeza de que queriam um filme observacional, apenas uma noite de filmagem e todas as limitações encontradas, que o filme ficou pronto e começa a sua (esperamos que longa!) carreira em festivais.
Além das exibições que já ocorreram nos últimos dias 12 e 13 de março, o curta terá mais duas exibições dentro do festival: 17 de março às 18h e 18 de março às 15h15. Para quem estiver na Suíça, a exibição será na Arena 5, Avenue de la Gare 22, 1700 Fribourg.
Sobre o Curso de Documentário
O aluno Marcelo Santos conta que o curso mudou completamente a sua visão sobre o gênero documental. “Além de ter aprendido muito com o estudo das diferentes escolas e conhecido o trabalho de inúmeros diretores, percebi o quanto é possível criar e experimentar através desse gênero. Sempre fomos estimulados a enxergar o documentário como ferramenta criativa e de experimentação. A oportunidade que a AIC nos deu de realizar nosso próprio filme coroou todo o processo”, conta.
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