Veronica Stigger, coordenadora de Criação Literária da AIC, ganha prêmio da Biblioteca Nacional
A escritora e coordenadora da Academia Internacional de Cinema (AIC), Veronica Stigger, ganhou o prêmio Machado de Assis, na categoria de Melhor Romance, da Biblioteca Nacional. “Opisanie świata” (Cosac Naify) é o romance de estreia da professora de Criação Literária, após três livros de contos, um livro mix de gêneros, e um livro infantil.
“Fiquei muito feliz com o prêmio Machado de Assis, ainda mais que o resultado foi anunciado alguns dias depois de a exposição “Maria Martins: metamorfoses”, curada por mim, ter sido agraciada com o Grande Prêmio da Crítica da APCA. Dois prêmios em um semana. Está bom, não?”, comenta Veronica sobre a premiação.
O livro é uma espécie de relato de viagens ambientado nos anos 30. A história central é a de Opalka, um polonês de cerca de sessenta anos que, em sua terra natal, recebe uma carta por meio da qual descobre que tem um filho no Brasil – mais especificamente, na Amazônia −, internado num hospital em estado grave. O pai decide viajar ao encontro do filho; no início do percurso, conhece Bopp, um turista brasileiro que, ao tomar conhecimento das razões da viagem de Opalka, resolve abandonar seu giro pela Europa para acompanhá-lo ao Brasil.
Narrativa Cinematográfica
O livro, que segundo os críticos, tem um “ar de cinema”, por conta de sua narrativa que lembra um road movie e um projeto gráfico vibrante, tomou forma enquanto a autora a escrevia. “Para mim, a história e a forma não são coisas separadas. O “Opisanie świata” tem várias linhas narrativas e eu queria que houvesse uma diferenciação gráfica que deixasse claras essas linhas, mas sem que se recorresse aos tradicionais itálicos ou negritos. Por isso, as cartas, os fragmentos de diário e os outros textos curtos − aqueles que imaginei terem sido recolhidos ou pelo menos lidos por Opalka durante a viagem − aparecem sobre um fundo azul clarinho. A narrativa em terceira pessoa está sobre um fundo claro. E os tercetos, que falam ao viajante europeu o que eles devem esperar da América Latina, se acham sobre um fundo azul escuro. O ar de cinema está nas primeiras páginas do livro. Imaginei a abertura da história como a abertura de um filme. Assim, depois das imagens da Polônia, as cartas são os primeiros textos que aparecem, como uma espécie de cena antes dos “créditos” (o título do livro e minha assinatura em duas páginas). Só depois disso é que vêm as epígrafes, a dedicatória, os capítulos”, conta Veronica.
O Curso de Criação Literária da AIC
Toda narrativa de ficção – todo conto, todo romance – se constitui a partir de alguns elementos fundamentais: narradores e pontos de vista, personagens, diálogos, descrições de pessoas, de objetos, de ambientes. O objetivo do curso de Criação Literária é fornecer aos alunos, a partir de exercícios de escrita e do estudo de autores clássicos e contemporâneos, o conhecimento básico acerca de cada um desses elementos. “O curso de Criação Literária é dirigido tanto àqueles que estão começando a escrever quanto aos que já vêm escrevendo há algum tempo. Cada oficina é voltada para um dos elementos fundamentais da narrativa, seja ela conto ou romance: ponto de vista/narrador, personagem, diálogo, descrição. A ideia é exercitar esses elementos a partir da leitura e discussão de textos exemplares. Além disso, oferecemos um seminário transversal que aborda os principais gêneros literários”, conta. Para saber mais sobre o curso, clique aqui.