Ex-alunos da AIC vencem Festival Multitelas Curta Como Quiser
Terminal Santo Ângelo, foi o grande vencedor da primeira edição do Curta Como Quiser – Festival Multimeios de Curtas-Metragens. A noite de premiação aconteceu na quinta-feira, 6 de novembro, no Cinemark do Shopping Eldorado.
Além de ganhar o prêmio de R$4 mil na categoria Eu e o Mundo, o documentário produzido pelos ex-alunos da AIC (Academia Internacional de Cinema) também foi contemplado como o melhor filme entre os 30 competidores do festival. Como consequência da conquista, ano que vem o grupo vai co-dirigir um documentário com ninguém mais, ninguém menos que o cineasta Jorge Bodanzky.
“Eu fiquei positivamente surpreendido pela qualidade dos filmes finalistas e pelas temáticas que eles trouxeram para o festival. O filme que venceu hoje traz um tema difícil e desafiador. Ainda vamos ver qual será o assunto para o nosso futuro documentário. Mas o fato é que eu adoro trabalhar com jovens porque eu aprendo sempre muito com eles“, disse o consagrado diretor.
Terminal Santo Ângelo aborda a vida de quatro moradores do primeiro asilo-colônia para hanseninos do Brasil, numa colônia instalada ao lado do atual Hospital Dr. Arnaldo Pezutti Cavalcanti, localizado na região paulista de Mogi das Cruzes.
Todos os seis integrantes da equipe de alunos compareceram para a premiação. Ansiosos, naturalmente, acabaram surpreendidos com o resultado final. “Foi uma surpresa total! Principalmente depois que vimos os filmes finalistas, todos muito bons. Já estávamos satisfeitos com a indicação, mas na hora do anúncio foi uma alegria geral“, declarou Julio Cruz, momentos antes do brinde de comemoração com os colegas.
Não faltaram também, é claro, os agradecimentos aos mestres e funcionários da AIC: “Todos em maior ou menor grau nos ajudaram muito. Desde os professores até o pessoal da parte técnica, a tia da lanchonete, todo mundo”, ressaltaram Diego Valenzuela e Camila Lisboa. “Queremos agradecer também aos personagens do filme, que nos deram essa história. Desde o início temos um sentimento de realização muito grande de um trabalho feito a partir de um trabalho de estudantes de cinema”, disse Gaia Rondon.
A participação das escolas de cinema e audiovisual foi ressaltada pelo cineasta Francisco César Filho, jurado e mestre de cerimônias do Curta Como Quiser. “As escolas são hoje as maiores produtoras de curtas do país, seja de nível superior ou não, públicas ou particulares. Elas se multiplicam e dão formação histórica e técnica para os novos cineastas. Esse tipo de produção possibilita muita experimentação. Então quem quer conhecer quem serão os grandes nomes do audiovisual do futuro e das novas linguagens tem que ficar ligado nas escolas, onde mais se experimenta.”
Ilana Feldman, coordenadora do curso de documentários da AIC, não compareceu ao evento. Mas em entrevista à reportagem da AIC, por telefone, ela disse que ficou muito feliz com a premiação: “Acho essa história tão incrível e comovente que costumo passar o filme em minhas aulas“, declarou a professora.
Entre as qualidades do filme ela destacou a forma madura com a qual os alunos se relacionaram durante a fase de produção do curta. Ilana ainda chama a atenção para o formato com pouca intervenção da equipe e um senso aguçado de observação que resultou no que ela chamou de um efeito poético.”É difícil reunir pessoas que não se conheciam anteriormente para fazer um filme. Além da maturidade e da sensibilidade estética, a temática sobre a Hanseníase traz uma dimensão social ao tocarem numa questão de saúde histórica no Brasil, um antigo problema que ganha visibilidade nas telas“, completou Ilana.
E a visibilidade talvez seja a especialidade de um festival de proposta multiplataformas como o Curta Quem Quiser. Totalmente gratuito, além das exibições nos cinemas da rede Cinemark nos shoppings Higienópolis (São Paulo) e Iguatemi (Campinas), os curtas também foram veiculados na internet, no canal Sundaytv; na televisão, pelo Canal Futura e pelo CineBrasilTV; em ônibus, pela BusTV; e em aviões nos vôos nacionais da TAM.
“Nós estamos tentando descobrir novos formatos de difusão e distribuição de produtos audiovisuais. A magia de assistir no cinema não desaparece, mas surgem novas formas de divulgação e interatividade com o público, que nos ajudou a escolher os preferidos, disse Mario Mazini gerente geral da CPFL Cultura, que patrocina o evento. “A gente gostou muito do Terminal Santo Angelo! Parabéns aos alunos da AIC por fazerem um filme tão sensível, tão bem dirigido!”
Em breve, o SundayTV deve disponibilizar online os curtas vencedores.
Eu e o tempo: 147 (Diretor: Marcelo Tannure)
Créditos:
Reportagem e edição: Paulo Castilho.
Fotos: Paulo Castilho e Carole Moser (Elocompany, organizadora do festival)