Live sobre Documentário Brasileiro
Dia 28 de julho, quarta-feira, às 18h tem live especial sobre Documentário Brasileiro. O diretor Belisário Franca, do filme Menino 23, e o diretor e roteirista Bebeto Abrantes, professor da Academia Internacional de Cinema (AIC) do Rio de Janeiro, conversam sobre o documentário que retrata a pesquisa do historiador Sidney Aguilar Filho sobre nazistas brasileiros que retiraram 50 meninos negros de um orfanato para serem escravizados.
O evento é uma parceria com o projeto Na Real Virtual, que Bebeto assina junto com o crítico e pesquisador Carlos Alberto Mattos, que irá transformar um dos maiores eventos do documentário, realizado no ano passado, em uma web série.
A Websérie Na Real_Virtual reúne 12 dos mais importantes documentaristas brasileiros, entre eles o diretor João Moreira Salles. Para garantir o acesso aos episódios, colabore com o crowdfunding.
Mais sobre o filme
Em 1998, o historiador Sydney Aguilar ensinava sobre nazismo alemão para uma turma de ensino médio quando uma aluna mencionou que havia centenas de tijolos na fazenda de sua família estampados com a suástica, o símbolo nazista. Esta informação despertou a curiosidade de Sidney e desencadeou sua pesquisa. Pouco a pouco, o filme mostra como o historiador avançou com a sua investigação, revelando que, além de fatos, ele também descobriu vítimas.
Sidney mostrou que empresários ligados ao pensamento eugenista (integralistas e nazistas) removeram 50 meninos órfãos do Rio de Janeiro para Campina do Monte Alegre/SP para dez anos de escravidão e isolamento na Fazenda Santa Albertina de Osvaldo Rocha Miranda.
O trabalho de Sidney vai reconstituir laços estreitos entre as elites brasileiras e crenças nazistas, refletidos em um projeto eugênico implementado no Brasil. Aloísio Silva, um dos sobreviventes, lembra a terrível experiência que escravizou os meninos ao ponto de privá-los do uso de seus nomes, transformando-o no “23”.
Sidney e outros historiadores e especialistas irão delinear os contextos históricos, políticos e sociais do Brasil durante os anos 20 e 30, explicando como um caldeirão étnico como o Brasil absorveu e aceitou as teorias de eugenia e pureza racial, a ponto de incluí-los em sua Constituição de 1934.
A investigação culmina com a descoberta de Argemiro, outro sobrevivente do projeto nazista da Cruzeiro do Sul. Sua trajetória reforça ainda mais como os conceitos de “supremacia branca” e as tentativas de “branqueamento da população” marcaram nossa sociedade deixando sequelas devastadoras até os dias de hoje. Sendo o racismo e – mais ainda – a negação do mesmo, as mais permanentes.
O filme está disponível no GloboPlay. O bate-papo acontece no canal do Youtube da AIC e será mediado pelos professores Filippo Pitanga e Martin Eikmeier.